17 de dezembro de 2025

Amesterdão (II).


   Os Países Baixos são mesmo outro mundo. Tenho viajado bastante pela Europa, mas nunca tinha ido tão a norte. Sente-se o contraste cultural. Construída em grande parte sobre diques, Amesterdão tem canais por todas as partes. Provavelmente imaginar-se-á que cheiram mal como em Veneza. Não. Eles fazem circular a água dos canais com o Mar do Norte. Até a Rainha Máxima já se banhou neles. No Verão é comum que o façam.

      Por todas as partes, quer na capital, quer em Roterdão, capital económica, ou em Haia, capital política, há obras nas ruas. São um povo trabalhador, que ergue, constrói. Melhora. Os arranha-céus não são tão antigos assim. Houve um boom nos anos 70 e 80, mas o espírito vem de trás. Após a II Guerra Mundial, quando Roterdão foi destruída (só sobrou uma igreja e mais um par de edifícios) e os holandeses tiveram de capitular ante a Alemanha Nazi, em risco de se destruir também Amesterdão, no dia seguinte à destruição já estavam a pensar no que podiam fazer para reerguê-la com os recursos que tinham. Mais ou menos como o Marquês de Pombal no século XVIII, após o terramoto de Lisboa. Não é de estranhar que tenha sido, antes de secretário de Estado plenipotenciário de Dom José I, embaixador de Portugal em Viena. O pragmatismo germânico não tem paralelo.

     E depois há o portuguesinho comum, que vem aqui ao lado, a Espanha, come uma merda de um doce típico espanhol, diz meia dúzia de palavras em portunhol e já se acha muito cosmopolita. E eu, que vivo em Espanha e falo castelhano perfeito (com um diploma da Real Academia Espanhola), só me consigo rir.

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