Não sei se alguma vez se deram conta, mas o humor mudou em Portugal. Mudou nos últimos vinte anos. Mais ou menos na altura daquele programa extremamente popular na televisão, onde os comediantes subiam a um palco e contavam piadas e anedotas, era muito comum fazer-se piadas com as pessoas LGBT. Na altura, as vítimas eram sempre os mesmos: Cláudio Ramos, Carlos Castro, José Castelo Branco. Tinha piada -para eles, naturalmente- satirizar em torno da feminilidade das pessoas. Sem nos darmos conta, estávamos a propagar a homofobia. Para mim, um miúdo então com dezasseis, dezassete anos, não era fácil chegar a casa, ligar a televisão e até num programa dum humorista de que eu gostava, o Herman, ter de ouvir piadas sobre homens apenas por serem mais femininos. Isto após um dia inteiro de ofensas, humilhações e achincalhamentos na escola, e inclusive onde vivia, por conta daquilo que eles julgavam saber, a minha sexualidade.
Hoje em dia, já não é politicamente correcto fazer-se piadas com a sexualidade, ou a feminilidade (no caso, de homens). E não o é não apenas porque despertámos, em termos de consciência social, para a necessidade de respeitar, senão também porque simplesmente perdeu a piada. Já não tem graça. E esse é o verdadeiro limite do humor.
Não sei se concordo consigo. Creio que o humor com base nas caraterísticas mais efeminados continuam a funcionar, só que, nestes últimos anos houve uma espécie de consciência internacional que acordou, e julgo que em função de uma série de lobbies que decretaram que esse tipo de humor já não estava "in".
ResponderEliminarE as pessoas são muito sensíveis ao que está "in" ou que está "out". Como a moda.
Creio que surgiu a par de outras manifestações como a violência contra a mulher, nomeadamente a violência doméstica, o sexismo e a violência sexual exercida nos locais de trabalho (e novamente, sobretudo contra a mulher), e, a reboque, já que se tratam de situações que mexem com "minorias", veio a situação dos gays.
E os gays começaram a manifestar-se publicamente, o que anteriormente não sucedia.
A par com tudo isto, gays influentes começaram igualmente a dominar os media, manipulando a sociedade.
No total, creio que coisas boas foram accionadas, mas não tenho a certeza que tal tenha sucedido pelas razões corretas.
No entanto, e na generalidade, a situação mudou para melhor, por isso... que importa que o que está na base nem sempre seja muito correto.
Cumprimentos para vós
Manel
Olá, Manel
EliminarEu, por outra parte, creio que já não funciona muito bem. Haverá sempre um tolo que se ri, porém, estamos muito mais consciencializados para a necessidade de respeitar, e digo respeitar assim, sucintamente.
Essa mudança, eu devo-a também a todos aqueles que deram “o corpo às balas”; já o haviam dado antes e continuaram a dá-lo, enfrentando os preconceitos. Carlos Castro, José Castelo Branco em Portugal, e outros tantos, e até eu, à minha maneira, numa escala muito mais pequena.
É curioso, mas hoje converso com pessoas que foram colegas no colégio, algumas até que se “metiam comigo”, passo a expressão, e que reconhecem que eram outros tempos; que tão-pouco elas tinham sido educadas para isso, para compreender e respeitar. A sociedade mudou, e claro, mudou também em relação às mulheres, às crianças (já não se tolera a palmada pedagógica), e talvez menos em relação aos nossos velhos, mas isso tem que ver, digo eu, com a nossa tendência para não olhar para a decadência. Nos velhos, vemo-nos no nosso futuro.
Um forte abraço,
Mark
De facto, o mundo está chato.
ResponderEliminarNos dias de hoje, já não haveria um episódio do sai de baixo
O famoso Alô Alô que satirizava com a Hitler e segunda guerra mundial
Hoje é tudo uma camada de sensíveis Falsos, dá-lhe umas cervejas e ouve os depois. Sai tudo...
Estamos a caminho de uma Coreia do Norte onde alguém te diz quando rir e quando deves ficar chocado ehehehehehe
Mero desabafo...
Abraço amigo
«De facto, o mundo está chato.
ResponderEliminarNos dias de hoje, já não haveria um episódio do sai de baixo
O famoso Alô Alô que satirizava com a Hitler e segunda guerra mundial
Hoje é tudo uma camada de sensíveis Falsos, dá-lhe umas cervejas e ouve os depois. Sai tudo...
Estamos a caminho de uma Coreia do Norte onde alguém te diz quando rir e quando deves ficar chocado ehehehehehe
Mero desabafo...
Abraço amigo»
Mais uma vez, amigo Francisco, o teu comentário não entrou. Deixo-o aqui, e respondo-te:
Tens razão. Estamos mais sensíveis, todavia, tem o seu lado bom: estamos mais atentos à discriminação, ao preconceito. Estamos mais esclarecidos. O humor continua a existir, mas é mais inteligente. Não caímos na tentação fácil de ridiculizar um homem porque é feminino, por exemplo, porque já não tem piada. E deixou de ter piada também porque -e ainda bem- se vulgarizou: hoje é comum vermos homens orgulhosamente femininos nas ruas.
Um abraço,
Mark