16 de maio de 2023

Bem Bom (Doce).


   Com algum atraso, é certo (estreou em 2021), ontem vi o filme sobre as Doce, Bem Bom, que recebeu o nome de uma das suas canções mais conhecidas, justamente a que, em 1982, foi à Eurovisão - e ter visto o filme agora foi pura casualidade. Tentei, como se diz, fazer o download há uns meses, sem êxito, e descobri há dias que estava disponível no YouTube.

   As Doce são dos meus conjuntos portugueses favoritos. Em 2003, contava eu dezassete primaveras, comprei uma antologia que saíra por aquela altura, onde constavam os seus eternos sucessos e versões remasterizadas dos mesmos. Naturalmente que o ouvi vezes sem conta. Eu sou daquelas pessoas que não tem preconceitos musicais. Ouço de tudo, desde que goste. Vou da música ligeira portuguesa, conhecida de forma pejorativa como pimba, até à música clássica. Eclético, é como dizem. 




    As Doce não tinham nada de pimba, mas tão-pouco conseguiram escapar a esse rótulo maldito que persegue tantos artistas portugueses. Pelo contrário, as suas canções eram de excelente qualidade. Aquelas quatro raparigas, a par do talento musical (três delas tinham formação na área), ousaram, provocaram, num país saído há escassos cinco anos de uma ditadura moralista e cinzenta. Abriram caminho, de certa forma, para outras artistas que lhes seguiram os passos.

     O filme gerou polémica entre as ex-integrantes do grupo ao não expressar a história verdadeira do quarteto. No início, somos imediatamente avisados de que se trata de uma recriação livre da realizadora que mistura elementos de ficção com factos reais. Eu gostei. Destaca-se entre os filmes portugueses, que geralmente são lentos, de planos estáticos, com músicas e interpretações enfadonhas, e este vem no seguimento de uma melhoria da qualidade do cinema português. Contanto que se diga, como Fátima Padinha disse, que não é a história das Doce, é quanto baste. O filme está bem feito. Se calhar, se retratasse fielmente a história das Doce, seria uma chatice.

6 comentários:

  1. Sou do tempo delas e do escandalo de 1981 com o Ali baba
    Éramos um país muito tradicional e com muitos velhos do restelo
    O Nosso triste Fado
    Até era proibido ouvir Amália porque diziam que estava ligada ao regime
    Comunistas nos Poder após o 25 de Abril
    Só se voltou a ouvir Amália quando Dulce Pontes ganhou o festival em 1991 e foi buscar os fados de Amália.
    Até ela se foi embora deste país...
    Pois é... O "Comunismo" ainda está presente em muitas áreas deste país
    Grande Abraço amigo

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  2. «Sou do tempo delas e do escandalo de 1981 com o Ali baba
    Éramos um país muito tradicional e com muitos velhos do restelo
    O Nosso triste Fado
    Até era proibido ouvir Amália porque diziam que estava ligada ao regime
    Comunistas nos Poder após o 25 de Abril
    Só se voltou a ouvir Amália quando Dulce Pontes ganhou o festival em 1991 e foi buscar os fados de Amália.
    Até ela se foi embora deste país...
    Pois é... O "Comunismo" ainda está presente em muitas áreas deste país
    Grande Abraço amigo»

    Francisco, mais uma vez o teu comentário não entra. Recebo-o no e-mail, mas aqui não entra. Publiquei-o e respondo-te.

    Pois foi, eu soube desse “escândalo” de 1981 com o Ali Babá. Os fatos que as Doce levaram estavam muito à frente do Portugal de então. Foram prejudicadas no voto, pelo júri, por isso mesmo.

    Também soube da perseguição feita à Amália depois do 25 de Abril, se bem que também houve quem depois lhe inventasse um passado ligado ao PCP para branquear o seu apoio ao regime salazarista. Como os que diziam que ela não bebia. Não bebia era pouco. E fazia ela muito bem! Não percebo é porque é que as pessoas lidam mal com os factos.

    Um abraço, amigo.
    Mark

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  3. Se não fosse o Mark não saberia da existência deste filme.
    Claro que este agrupamento não me foi desconhecido, mas foi algo que se passou fora da minha esfera.
    Hoje, ao assistir a este filme, ouvi pela primeira vez músicas deste agrupamento que não fazia nem ideia que existiam, mas reconheço que não mexem comigo, e, a esta distância, ainda menos me tocam - reconheço que não perdi nada.
    Durante os finais dos 70 até meados dos 80 estava a construir a minha carreira laboral, a trabalhar durante a maior parte do dia, fazia a minha formação académica à noite, e o pouco tempo que restava era para descansar, o que não era muito.
    Ao mesmo tempo, em termos musicais (no pouco tempo que tinha para isto) estava nos antípodas destas Doce, sabia da sua existência e era tudo, e creio que nunca ouvi uma musica desta banda na totalidade, só breves excertos.
    E Festivais da Canção não os vejo nem os sigo desde o início dos anos 70, pois deixaram de me interessar.
    No final dos 70 tinha acabado de descobrir o mundo do jazz, frequentava, de forma errática, e quando podia, o Hot Club, e, no início dos 80, comecei a frequentar São Carlos, pela mão de um amigo que ali tinha um cargo de direção, que me facilitou a entrada a preços mais convidativos, pelo que me interessei muito pela música lírica. Foi a continuação da minha formação musical dentro da música dita erudita.
    Em meados dos 80, durante as poucas férias que tinha, e consoante os meios que possuía, tentava frequentar os festivais de ópera na Europa, sobretudo em Verona, que adorava, onde tive ocasião de ouvir as melhores vozes que o belcanto tinha na época.

    Regressando ao filme em questão, não conhecia qualquer das histórias que o filme aborda. Tal como lhe disse, tinha conhecimento da existência do grupo, e era tudo.
    Nunca tive curiosidade sobre ele, nem sobre o que interpretavam.
    Por outro lado, as histórias que inventaram são sórdidas e dignas das mentes mais abjetas. Ainda que fosse verdade o que divulgaram nos media, o que é que os outros tinham a ver com isso. É da vida íntima das pessoas que se trata, e essa é isso mesmo: PRIVADA!
    Parece a novela que se desenrola agora do Ministro Galamba e do seu ex-adjunto. O que é que o Parlamento tem a ver com estes assuntos???
    O que interessa é o que trata dos assuntos relacionados com a TAP, com os milhões que os portugueses foram obrigados (ninguém me pediu a opinião sobre este assunto) a injetar na companhia, e no mal que esse dinheiro foi administrado, isso sim, interessa-me!
    Mas para os media (e pelos vistos também para os membros do parlamento intervenientes) só interessa a telenovela do que a assessora fez ou disse, o que o ex-adjunto contou ou do que o ministro invectivou ao telefone.
    Histórias de comadres que só revelam mentes pequenas e a atração pelo mesquinho e pelo supérfluo. Enquanto isso nada se sabe o que fazem ao meu dinheiro, que foi utilizado para pagar ordenados milionários na companhia!!!!
    Porque não regulam os capitais que foram malbaratados com pagamentos milionários a pessoas que a eles não tinham direito!!!!

    Todas estas histórias apelam ao lado mais mesquinho e sórdido dos seres humanos, aquele onde que as pessoas mais baixas se adoram revolver para sentirem que afinal os outros também são mixórdia como eles.
    Espetáculo deprimente!!!!!!!!
    Elevemo-nos acima desta escória deprimente, que me faz cada vez mais lastimar a classe política que nos governa (estou mesmo irritado!)
    Manel

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    1. Olá, Manel

      Infiro pelas suas palavras que foi ver o filme ao ter lido a publicação. Bem bom! Eheh
      É um filme que se vê bem, sem ter o glamour do cinema de excelência (pelo menos não é sofrível, como tantos dos filmes portugueses, que eram insuportáveis).

      Concordo consigo. Perdemos demasiado tempo com novelas, como disse, e depois não se fala do essencial. O que as pessoas querem é que o dinheiro dos seus impostos seja bem administrado; que vá ajudar a melhorar a saúde e a escola públicas, as infraestruturas necessárias, o estado social (que todavia não deve beneficiar os que nada querem fazer, vivendo às custas de quem trabalha). Creio que a indignação é geral.

      Cumprimentos,
      Mark

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  4. Caso para dizer. São todas muitas sérias ehehehehhehee
    Como a outra que pagava de santa aqui na blogueesfera e depois andava a fazer sexo orall como se não houvesse amanhã
    Elas é que escreveram, eu apenas li lololololol
    Não sou dado a essas poucas vergonhas
    ejhehehehehehehhehehehehehehehe
    Grande abraço amigo

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    1. Não sabia dessas histórias de bastidores. Ahah

      Um abraço, amigo
      Mark

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