Os debates das eleições presidenciais começaram há uns dias. Estas coisas costumam interessar-me, e este ano também, mesmo já não estando em Portugal. Volta e meia, forço uma indiferença que não existe. Há cinco anos, justamente quando Marcelo foi eleito, fiz uma extensiva análise aos debates que houve, e se bem me recordo foram muitos. Desta vez, não o farei exaustivamente, destacando apenas o que me parece relevante.
O elefante na sala é André Ventura. Não nos estranha, quando se espera que o CHEGA aumente em muito a representatividade parlamentar numas futuras legislativas. Ora, não é isso que está em causa de momento, mas o CHEGA e André Ventura confundem-se. Espera-se igualmente que André Ventura tenha um resultado superior a Ana Gomes ou Marisa Matias. Todos os candidatos, excepto talvez Marcelo Rebelo de Sousa, sentem essa necessidade de recorrer ao medo para se demarcar e para diminuir o ex-militante do PSD junto do eleitorado. Eu tenho para mim que é uma faca de dois gumes...
Vi o debate de Ventura com João Ferreira do PCP e fiquei mal impressionado. Com a moderadora, sobretudo, que foi um peso morto. Chamar àquilo debate é muita bonomia. Não considero sequer que tenha sido útil para o eleitorado. É, aliás, discutível se um debate entre um candidato do PCP e um do CHEGA fará sentido. São partidos e ideias diametralmente opostos. André Ventura disparou para todos os lados. Ferreira deu o corpo às balas.
Vi também o debate entre Marcelo Rebelo de Sousa e Marisa Matias. Marcelo foi de um paternalismo exagerado, e Marisa Matias mais parecia uma aluna pouco à vontade com o charme do Senhor Professor.
O terceiro debate a que assisti enquanto realizava outras actividades foi o de Marcelo com Tiago Mayan Gonçalves do Iniciativa Liberal, que foi impreparado e escorregou demasiado em temas atinentes ao poder executivo. Foi o debate, dos que vi, em que mais se falou de competências do Governo, quando está em causa uma eleição presidencial no quadro das valências que a Constituição Portuguesa quis atribuir à figura do Presidente da República. Esse será o maior óbice aos candidatos, porque a figura Presidente da República, em Portugal, tem uma área de actuação ainda relativamente cinzenta, em que tão-pouco há consenso entre os constitucionalistas. Se algumas competências são de fácil conformação porque resultam da letra da lei, há uma margem de actuação discutível, a mais num cargo altamente personalizado como o é o de Presidente da República. A constituição francesa, num exercício de direito comparado, não investe o chefe de estado de mais competências do que a nossa, mas a verdade é que a prática constitucional tem sido outra, e o presidente francês, no dia-a-dia da nação, tem mais poderes. Há por cá quem defenda que não resulta da nossa Lei Fundamental um Presidente substancialmente diferente do francês, ou seja, por outras palavras, que há margem para que o titular do cargo seja mais interventivo na condução da vida política do país.
Para terminar, o debate entre Marisa Matias e Ana Gomes. Eu não gosto do estilo pessoal e da postura de Ana Gomes, que me parece de uma arrogância mal dissimulada. Pareceu-me melhor preparada do que Marisa Matias, pela idade, direi eu, pela experiência política, que ambas têm um percurso que se cruza nas instâncias europeias. Têm agendas parecidas, o que não abonará a favor de Matias. Sendo ambas do mesmo espectro político, a prioridade é ressaltar as diferenças, o que a candidata do Bloco de Esquerda desperdiçou. Foi displicente ou simplesmente incapaz.
Os grandes debates ainda estão por vir. Refiro-me a Marcelo vs. Ventura, Marcelo vs. Ana Gomes, Ana Gomes vs. Ventura, os principais, e depois Matias vs. André Ventura e quiçá Mayan Gonçalves vs. Ventura. Repare-se em como André Ventura está em todos, excepto um.
Marcelo vai à frente com 66% é o Zé Maria do Tuguinha. Num país de pandemia e de concelhos fechados, agora aldraba-se outra vez os números e podemos sair todos para ir votar ahahahahhahahahahahhaha
ResponderEliminarÉs país é uma anedota pegada
Abraço amigo e feliz ano 2021