15 de janeiro de 2021

O descrédito e a descrença.

 

    Há dias, o Governo português e o Presidente da República anunciaram um novo confinamento da população portuguesa, com algumas características que o diferenciam do primeiro, no ano passado. A mais significativa delas é a manutenção das creches, das escolas e das universidades abertas. Um absurdo que inclusive foi manchete aqui em Espanha por isso mesmo, por ser um absurdo. Não está tanto em causa que os jovens sejam menos afectados pelos efeitos do vírus, mas a sua capacidade de continuar a infectar os mais velhos, isto é, pais, avós etc.

    A segunda estupefacção vem da data das eleições presidenciais. Houve quem a quisesse adiar, há quem a queira manter. Parece que se mantém por imposição constitucional. Agora, como é que se explica aos cidadãos um confinamento para travar o avanço da infecção com a excepção para o exercício do direito de voto? Valerá a pena correr riscos para votar? Espera-se uma abstenção ainda maior, ou talvez não, que a populaça pode aproveitar o acto eleitoral para esticar a perna.


    Portugal segue e seguirá no desnorte. Dos debates que não analisei aqui e do grande debate com todos os candidatos presentes, o que se extrai é o de sempre: promessas, manifestações de boa vontade e análises inúteis à situação do país, que de resto todos conhecem. Desta vez, entretanto, o populismo -de todos os lados- atingiu proporções estratosféricas. Tiago Mayan Gonçalves parece-me o mais lúcido na análise que faz de Portugal: uma economia estagnada pelo peso excessivo do Estado que castra completamente o investimento. Os países mais desenvolvidos são, efectivamente, os que promovem políticas mais liberais, e hoje, como no passado, Portugal viu-se ultrapassado pelo mesmo factor. Neerlandeses e ingleses, sobretudo, pelo dinamismo do seu comércio marítimo e pela liberdade das suas companhias comerciais deixaram para trás os atávicos Portugal e Espanha, dependentes excessivamente das respectivas coroas. É quase um lema liberal, que nunca é demais repetir: não é o Estado o motor da economia, não é o Estado que produz riqueza; são as empresas, as pessoas, e quem se quer estabelecer e produzir deve gozar de incentivos e benefícios. O peso dos impostos e das taxas nas empresas e nos cidadãos, em Portugal, é um cancro que destrói qualquer aparência de bem-estar. Não existe. Enquanto aquele país tiver um Estado omnipresente, terá níveis alarmantes de corrupção, uma burocracia fustigante e seguirá como o país mais pobre da Europa, e já se ultrapassou o ocidental; da Europa como um todo, continente.

1 comentário:

  1. É o que temos amigos, uma bancarrota em breve aplaudida pela Esquerda.

    Abraço amigo

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