O Império Romano há muito que preenche o imaginário dos europeus. A sua imponência e o seu poder fascinaram de tal forma a Europa, que o seu desejo foi o de alcançar tamanha glória e brilho. Ao longo do tempo, a vontade de tornar a Europa de novo o centro do mundo, de forma a espalhar a sua hegemonia aos outros povos, tem sido o objectivo de várias individualidades. E até o era mesmo quando a Velha Europa mostrava as suas cartas a todos os povos do planeta.
Comecemos com Carlos Magno, fundador daquele que se considerava o herdeiro do extinto Império Romano do Ocidente. Carlos Magno viveu nos séculos VIII e IX e tinha como grande desejo a conquista da Península Ibérica aos povos muçulmanos, desejo que nunca conseguiu concretizar. Quem sabe onde a sua ambição o levaria? De qualquer forma, o Sacro Império Romano-Germânico foi uma potência europeia até ao século XIX, embora nunca tivesse alcançado a majestosa Roma Antiga em termos de prestígio e poder.
Outro bom exemplo da vontade de recriar de novo um Império inspirado no Império Romano é-nos dado por Napoleão Bonaparte. Napoleão, depois de se autoproclamar Imperador da França, pretendeu unificar a Europa (e o mundo) sob a sua égide. Tal como Carlos Magno, vivia obcecado, desta leva com a conquista da Inglaterra. Por ela decretou o Bloqueio Continental e invadiu Portugal (pensando dividi-lo, como foi acordado no Tratado de Fontainebleau). Também colocou o seu irmão no trono de Espanha, José Bonaparte, para além de uma campanha contra a velha aliada, a Rússia. Tal como o seu antecessor, fracassou no seu intento.
Já no século XX, o melhor (pior...) exemplo vem directamente da Alemanha, com Adolf Hitler. Hitler, com o seu sonho imperialista, cometeu algumas das maiores atrocidades da História, ficando conhecido como o obreiro do Holocausto. Justificou na sua GrossDeutschland, a necessidade de exterminar milhões de seres humanos. Tal como Carlos Magno e Napoleão Bonaparte, perdeu o seu jogo (para o bem da Humanidade).
Mais recentemente, a União Europeia é um sonho, mais moderado, de trazer de novo a supremacia europeia. O sonho de uma Europa Federal paira sobre os governantes europeus. Entre uns E.U.A poderosos e (ainda) a primeira potência mundial; uma Rússia que desde a queda da União Soviética perdeu o fôlego, mas continua a fazer valer a sua voz e uma China que cresce exponencialmente a cada dia, a União Europeia surge desta vontade de dar à Europa a voz perdida algures no fim da I Guerra Mundial. A prova disso foi o Tratado de Maastricht, que imprimiu um cunho político à construção europeia. O revés da Constituição Europeia, disfarçado e aparentemente ultrapassado com o Tratado de Lisboa, demonstra a fragilidade da Europa política.
A História tem provado que a Europa é um mosaico de vários povos, culturas e tradições. A sua união política é meramente utópica. É impossível unificar o que é diferente. Claro que existe a necessidade de se aprofundarem os laços comerciais e económicos entre os países europeus, todavia, tudo o resto é um insignificante sonho imperialista.
De facto o Império Romano desapareceu mas o seu legado manteve-se. Para a Europa tenho a certeza que foi o Império que mais contribuiu para aquilo que ela é hoje e consequentemente para os outros países que a Europa influenciou. Deixou-nos a língua, o Direito e a cultura, esta última fortemente inspirada na Grécia.
ResponderEliminarHoje numa posição enfraquecida os países da Europa têm que compreender que têm um legado e um espaço físico comuns. Têm que compreender que uma união federal é algo forte de mais, pois para além do legado comum, cada país da Europa tem o seu legado, a sua história e cultura próprias. A solução para o futuro da Europa é a cooperação entre os seus membros. Uma forte cooperação institucionalizada na União Europeia. Há um provérbio africano que pode ser aplicado para aquilo que o espírito da União deve ser – “Se querem ir depressa, vão sozinhos. Mas, se querem ir longe, vão juntos”.
Quero felicitar-te pelo blog. Abordas temas importantes e interessantes, que vemos poucos jovens da nossa idade abordar, e ainda mostras o teu lado mais íntimo que também é muito interessante. Nele escreves textos muito bonitos.
Parabéns e um bem-haja.
Muito obrigado pelas tuas palavras, Francisco. :)
ResponderEliminarSim, o meu blogue é uma sequência de vários tipos de textos. Os históricos, os "diários", os íntimos... :)
Um bem-haja para ti também.
Mais uma vez, e com brilho, "visitas" a História.
ResponderEliminarClaro que a nós, aqui no extremo ocidental da velha Europa, o marco mais importante foi mesmo o Império Romano, que marcou para sempre a História e a Cultura europeia; mas não esquecer que antes houve outro grande Império, o Persa, que sob Ciro, Dário e Xerxes alargou as suas fronteiras até à Índia, estendendo-se desde a Grécia até essas paragens.
E é curioso que as duas tentativas imperiais que referes e bem, de Napoleão e Hitler foram derrotadas pelo mesmo "inimigo" - o Inverno russo!
Não considero que a União Europeia seja considerada uma tentativa imperial, mesmo só na perspectiva económica, pois os dirigentes europeus sabem que jamais vencerão potências como os EUA, a Rússia ou a China, nos últimos anos; apenas é ou tenta ser um parceiro audível.
Uma referência aos impérios coloniais (português incluído), com destaque para o o britânico, que sabiamente conseguiu descolonizar politicamente, mas continuou a colonizar economicamente através da Commonwealth.
Exacto, Pinguim, abordei como ponto de referência o Império Romano precisamente por ser um modelo inspirador da nossa sociedade ocidental. :) Outros impérios existiram, nomeadamente o que referiste, o Persa, e o Mongol, que foi um dos maiores impérios de sempre em termos territoriais,
ResponderEliminarA Inglaterra soube fazer tudo de forma inteligente e prática, mantendo os povos recém descolonizados sob a sua alçada económica - o prato forte dos nossos tempos. É o chamado "neocolonialismo". Portugal, devido à inércia dos seus governantes, não soube tomar um protagonismo semelhante, o que seria benéfico para as várias partes intervenientes. Temos agora uma CPLP, aspirante a muito mas que até agora pouco tem feito, tanto em relação à promoção do nosso maior património - a língua -, quanto a uma maior aproximação entre os países lusófonos. :S