Hoje acordei cedo, cedo o suficiente para ver a luz límpida de um amanhecer sereno e quente. Gosto de observar o Sol que nasce por entre as nuvens no final do horizonte. Gosto, simultaneamente, de sentir a brisa fresca da manhã que contrasta com os raios ainda fracos mas suficientemente quentes. Relembra-me aqueles dias a serem apagados pelo tempo, quisera a minha memória um feito desses. Ainda parece que te vejo no cimo do pátio, concretamente naquele campinho onde jogavam futebol. Costumavas esperar por mim quando fugia da mãe para estar contigo. Cada desculpa inventada, quantos aniversários de fantasia e festas que não existiam!... Mais tarde, encontrei-te lá, talvez pelo mesmo motivo que me levava até àquele espaço: estarmos perto como acontecia anteriormente. Quantas e quantas vezes, zangado pela tua indecisão, não me refugiei no pátio do campo de futebol... Porém, as memórias guardadas bem cá no fundo remetem-me a outras situações. Aos dias em que aguardavas serenamente. O meu coração batia a mil à hora, sedento pelo reencontro contigo. Não era cansaço, não, era amor. O meu esplendor era maior do que o do Sol. Via-te assim, calmo, sentado à minha espera. A mesma determinação nos olhos verdes, a mesma força nos braços brancos e pálidos, a mesma energia no cabelo louro com gel. Consigo descrever cada pormenor do teu corpo, da tua roupa, dos teus ténis, de ti... Desvendo cada reacção, reconheço o significado de cada olhar, de cada palavra, de cada expressão do teu rosto. Conheço-te como a mim. A tua presença inundava o meu espírito de alegria. Uma alegria em ti.
Voltei algumas vezes sabendo que nada iria encontrar à chegada. Não estavas lá e eu, no fundo, também não estava. Fui à procura de ti e de mim. Agora já sem mentiras inocentes e receios infundados. É-me difícil a permanência naquele lugar. O preço da ousadia é demasiado alto. Queria-te ali de novo, queria um recuo no tempo. Fiz tudo bem, o que correu mal?
Volta a tomar-me nos teus braços, volta a pegar-me ao colo a brincar, volta a beijar-me suavemente como tão bem fazias. Faz com que o tempo pare novamente sob a luz solar que testemunhava os nossos momentos naquele pátio nosso.
Muito bonito, como aliás já nos habituaste. Fez o coração bater mais forte. Fez-me ainda lembrar o poema “Adeus”, do Eugénio de Andrade. É muito bonito, recomendo. Mesmo para quem não aprecia particularmente poesia (que não sei se é o caso) pode ser uma surpresa agradável.
ResponderEliminarBem-haja e desejos de boa sorte e de sucesso no curso de Direito.
Gosto bastante de poesia. :) E também desse poema. Eugénio de Andrade é de uma sensibilidade notável. Já conhecia. :)
ResponderEliminarObrigado pelos teus votos, Francisco. :) Abraço.