Todos nós temos músicas que acompanham as nossas emoções. A música tem uma capacidade única de preencher a nossa vida, tornando-se a banda sonora dos episódios que marcam a nossa existência. Não sei como será com as outras pessoas, mas eu tenho uma capacidade de associar cada música que gosto a um período da minha vida. Por vezes, ouço uma certa música e recordo-me de imediato das situações que vivi na altura em que comprei o álbum. Parece que estou a reviver de novo aquele acontecimento, com todos os pormenores e detalhes. Digamos que a música consegue desvendar a nossa memória de uma forma única. Há pessoas que sentem exactamente o mesmo, no entanto, nem tanto com a música, mas sim com alguns perfumes, roupas, paisagens e outros artigos que as fazem recordar de situações do passado.
Eu, por exemplo, tenho uma relação especial com algumas músicas. O single Dreamlover da Mariah Carey é a primeira música que marcou a minha infância. Sempre que a ouço, vêm-me à memória os lugares onde estive naquela época, a sala do infantário, os meus coleguinhas, etc. Sensivelmente pela mesma altura, a música Tears in Heaven do Eric Clapton também me marcou. Lembro-me com exactidão de estar na sala grande da avó a folhear um jornal (apesar de não saber ler...) e vi uma notícia na televisão sobre a morte de umas crianças. Não sei de onde surgiu a música, mas sempre que a ouço é a imagem que aparece na minha mente. Talvez a música estivesse a tocar na televisão...
Todas as músicas dos Queen marcaram a minha infância. O pai adorava-os. Por esse motivo, sempre que ouço os Queen recordo-me das mais variadas situações. Também as Spice Girls compõem a banda sonora da minha infância. Lá me relembro eu do colégio, dos colegas...
Muitas outras músicas marcaram esse período da minha existência.
Mais recentemente, o álbum The Emancipation of Mimi marcou a minha adolescência. Mais do que qualquer outro da Mimi (e todos marcaram decisivamente). Os singles It's Like That e We Belong Together relembram-me o colégio, e um colega em especial. Quando ouço We Belong Together lembro-me de um colega, não de turma, mas sim do mesmo estabelecimento de ensino. É automático. Ouço a música e lembro-me daquele longínquo Maio de 2005. Ele estava a jogar futebol e eu sentado num banco a vê-lo, com os headphones na cabeça e o álbum a tocar num leitor de cd's. Parece que o vejo, quando agarrou na bola e olhou para mim. Sorriu-me. Sim, sentia qualquer coisa. E esse sorriso ao som da música ficaram perpetuados na minha memória. Foi aí que começou a nossa longa história...
Isto sucede com imensas músicas e diversas situações. Já me disseram que é a minha memória visual e auditiva que, tenho a dizê-lo, é realmente muito boa. Ao ouvir algumas músicas, sou capaz de ver a página do livro que estava a estudar quando as ouvi. É como se fosse um flash. É óptimo e do mais gratificante que pode haver. Estas sensações fazem-me ouvir as músicas de forma a reviver cada situação, porque, de facto, é como se fosse um filme que passa no meu cérebro.
Como se constata, tenho uma relação privilegiada com as música, no geral, e com a minha memória, em particular.
São músicas que nos marcam até ao fim dos nossos dias e conseguem entrar no nosso lado mais pessoal. Ao ouvi-las, viajamos pelo mundo secreto das nossas paixões e recordamos a nossa vida num ápice mais rápido do que o próprio tempo.
E hás músicas que marcam os nossos amores: para mim, não são muitas, mas existem...
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