Há 36 anos caía o regime autoritário de direita mais longo do continente europeu. Com o seu fim, caíam também a polícia política (PIDE, renomeada DGS), a Censura (renomeada Exame Prévio), a terrível Guerra Colonial e todos os organismos e instituições de apoio ao Estado Novo.
Nascia, em seu lugar e pelas mãos do MFA, uma Democracia, débil, é certo, mas um regime liberal e pluralista baseado no respeito pelos direitos inalienáveis dos cidadãos. Retomaram-se os princípios liberais da I República, patentes na Constituição de 1911, consagrados definitivamente mais tarde na Constituição de 1976.
36 anos depois, dos 3 D's (democratizar, descolonizar e desenvolver), um não foi cumprido. Portugal continua a ser um país subdesenvolvido economicamente e com uma mentalidade predominantemente retrógrada e ruralizante.
É impossível contabilizar todos os benefícios que o 25 de Abril de 1974 nos deu. Podemos classificá-lo como um marco histórico na vida contemporânea portuguesa do século XX. A restituição de um dos direitos fundamentais do cidadão comum: a Liberdade.
E escrevo Liberdade com letra maiúscula. Esta simples palavra é capaz de levar e de dar a todos os povos a mensagem de esperança e fé de que a Humanidade necessita para continuar a seguir o seu caminho. Nenhum regime opressor merece que lhe prestemos respeito. Por esse motivo, é importante continuar a solidificar e fortalecer a democracia porque dela dependemos.
Há um longo caminho a percorrer. É necessária a elaboração de regras económicas mais justas e com uma distribuição mais equitativa da riqueza do país. Porém, também é obrigatória a educação de um povo, oprimido e conduzido ao ostracismo durante longas e pérfidas décadas. O impacto ainda hoje é visível. As liberdades que Abril trouxe não atingem todas as camadas da população portuguesa. O respeito e reconhecimento que todos, sem excepção, o merecem, ainda não é uma realidade.
O país reveste-se de cravos vermelhos, símbolos vivos da Revolução. Abril amadureceu, finalmente, depois dos trilhos difíceis que encaminhavam o país para outra ditadura, desta vez de esquerda, marxista-leninista como alguns o desejavam. Existiu o bom senso por parte de alguns homens que mudaram o rumo perigoso que o país seguia.
A integração europeia foi o pilar definitivo desse longo caminho pela afirmação de um estado participativo no novo quadro político mundial. Novas obrigações surgiram, e nem sempre Portugal as conseguiu superar.
A luta pela universalidade dos direitos constitucionais de todos os cidadãos continua.
No dia em que Portugal assumir as suas responsabilidades na defesa incondicional dos direitos dos seus cidadãos tornar-se-á um verdadeiro Estado de Direito.
É verdade que não vivi o 25 de Abril, só tendo nascido muitos anos depois. No entanto, respiro a Liberdade que a Revolução nos deu. E por isso lhe estou grato, não esquecendo a generosa e decisiva contribuição dos Capitães de Abril que trouxeram de novo os sonhos a um país isolado, fazendo nascer em seu lugar a esperança num futuro melhor.
Liberdade??? Bem estar para todos? riqueza só para alguns, o Zé Povinho continua com repressão, mas de outra forma. Apertar o cinto enquanto os nossos governantes fazem vida de lordes, isso é liberdade???
ResponderEliminarEmbora muita coisa seja boa não nos podemos esquecer da lei da selva a que o país ficou subjogado, do qual é um bom exemplo as ocupações das terras de outrém!
ResponderEliminarContudo sou grato, por poder agora escrever sobre isso e sobre muitas outras coisas sem ser preso, torturado...
Abraço
É a outra face da moeda, Tiago. Em todas as revoluções são cometidas injustiças. :( O facto de ter sido uma revolução consideravelmente pacífica (não fosse a PIDE abrir fogo sobre alguns civis!) já é bastante razoável. :)
ResponderEliminarAbraço! :)
Não é muito comum num jovem como tu, uma tão grande consciência cívica; deves orgulhar-te e muito disso.
ResponderEliminarE lembrar aos críticos que agora têm a Liberdade de criticar, porque houve o 25 de Abril; claro que houve e há coisas menos boas, mas e se o 25 de Abril não tivesse acontecido, como seria? Já imaginaram???????
Era um verdadeiro caos. Nem consigo imaginar como seria. O 25 de Abril abriu as portas da Liberdade. :)
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