14 de fevereiro de 2020

Dia 8 - Évora, Sé de Évora (Museu de Arte Sacra) e Igreja de São Francisco (Capela dos Ossos).


   Há anos que não estava no Alentejo. Com família em Estremoz, no distrito de Évora, desde 2004 que não voltava àquelas paragens. Em Évora, não estava desde muito antes. Ao tempo que queria voltar para, agora adulto, visitar tudo o que provavelmente vira e esquecera.


A mítica Praça do Giraldo


    A minha primeira impressão de Évora foi positiva, pelas ruas, pela arquitectura tradicional, com as ombreiras e os rodapés caiados a amarelo (ou azul), num traço distintivo da região, e pelas suas muralhas, conhecidas como Cerca Velha. Nas pessoas, já vi pouco Alentejo. Uma loja de quinquilharias que temos em cada esquina de Lisboa, e não refiro o nome para não fazer publicidade, e uma composição étnica que, não fosse a Praça do Giraldo, um marco eborense, me levaria a julgar estar na periferia da capital.


O pormenor dos capitéis 

Ei-lo, imponente 

   A primeira paragem, claro está, foi no Tempo Romano de Évora, durante séculos tido como dedicado à deusa Diana, quando afinal foi construído em honra de César Augusto, no século I d. C. É uma estrutura única em Portugal e, na península, dos exemplares melhor preservados do seu género.



A Sé de Évora

A vista de um dos seus terraços 

     As suas colunas parecem tão frágeis. É impressionante como aquela estrutura tem resistido a tudo, ao tempo, aos terramotos, à invasão árabe da península e ao descaso com o seu valor histórico e arquitectónico. E ali está, incólume, fazendo as delícias dos turistas nacionais e não só. Os seus capiteis, da ordem coríntia, com alguns totalmente preservados, são uma preciosidade.


O claustro 

Pormenor da Sé

   A Sé de Évora foi a segunda visita. Com o templo e todo o centro histórico da cidade, é património da humanidade desde 1986. De seu nome Basílica Sé de Nossa Senhora da Conceição, a sua construção atravessou os séculos XII e XIII. Foi concluída em 1250. Nos centénios seguintes, particularmente nos séculos XVI e XVIII, a Sé passou por melhoramentos e enriquecimentos que alteraram relativamente a sua constituição. Podemos subir aos terraços, no piso superior, acessíveis através de uma estreita escadaria em caracol. Destacaria ainda o seu órgão de tubos renascentista, maravilhoso.


Santo Lenho - Relicário com um fragmento da Cruz de Cristo 

Escultura de Santo António de Lisboa (vestido de menino de coro)


    Não imaginava que a Sé albergasse um Museu de Arte Sacra fabuloso, com um espólio riquíssimo, com destaque na cruz-relicário do Santo Lenho, que se acredita conter fragmentos da cruz em que Nosso Senhor foi executado às ordens de Pôncio Pilatos. Santa Helena, mãe de Constantino I, reuniu os pedaços da cruz no século IV, que se espalharam pelo mundo cristão, finalmente.


«Nós ossos que cá estamos, pelos vossos esperamos»

A Igreja de São Francisco
     
     Vista a Sé e comprado um pequeno recuerdo, rumámos à Igreja de São Francisco. Naturalmente, o principal atractivo da edificação medieval jaz na famosa Capela dos Ossos. Do convento inicial, do século XIII, que acolheu os primeiros franciscanos vindos da Galiza, pouco resta. A igreja começou a ser construída no século XV, no reinado de Dom Afonso V, e foi concluída já nos anos de Dom Manuel I. No século XVI, os monges levantaram a capela dos ossos, inteiramente decorada com ossos, e cuja inscrição podemos ler à entrada: «Nós ossos que aqui estamos, pelos vossos esperamos». O espaço assinala o carácter efémero e transitório da existência humana. Simultaneamente, Portugal perdia a sua soberania. Direi eu que a construção da capela não tenha sido indiferente a esse período de penumbra. Na visita, convém não esquecer o Núcleo Museológico da Igreja de São Francisco, que já vimos en passant, visto estarmos perto da hora de encerramento.


A bela Évora, revelando diante dos nossos olhos 


     Com a extinção das ordens religiosas, nos tempos de Joaquim António de Aguiar, o convento e a igreja entraram num lento estado de declínio. Em finais do século XIX e sobretudo em 2014-2015, todo o complexo passou por um processo de recuperação e reabilitação, que hoje pode ser apreciado.

     Antes de voltarmos a Lisboa, passámos num café e devorámos duas tostas mistas com chocolate quente de sabor - que desconhecia. Na capital, jantámos no não menos famoso Méson Andaluz. De entrada, gambas al ajillo e pimentos de padrón. Esta última iguaria, galega. Reza o ditado que «uns pican e outros nom». De refeição, uma maravilhosa paella sevillana.


“Uns pican e outros nom”

Al ajillo, ¡y que buenas estaban!

¡Olé!
     Terminava assim uma semana concorrida, com passeios diários. Na próxima publicação, falarei dos livros que comprei nas livrarias dos monumentos.

Todas as fotos foram captadas com o meu iPhone ou com a minha câmara Canon. Uso sob permissão.

2 comentários:

  1. Visitei ees cidade histórica durante seis dias e foi uma maravilha. Há tantas coisas a visitar .
    Abraço

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    1. Pois há. Procurei ver o principal, apenas.

      Obrigado pela visita.

      Um abraço!

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