15 de maio de 2014

O Ensaio da Existência.


   As duas semanas que se aproximam serão bastante complicadas. Terei quatro provas, duas por semana, o que à partida poderá parecer pouco, ou confortável, mas na verdade é terrível. Não estou aterrorizado como em anos anteriores. Vamos ganhando uma experiência que traz certa tranquilidade consigo. Ainda assim, há muito que estudar, nunca se sabendo tudo. Começar a procurar mais informação é uma aventura infrutífera, percebendo-se rapidamente de que não é possível assimilar o que se quer. Há limites, se tanto temporais. Procuro, então, absorver o que posso para manter a média - que é bastante boa, devo dizer, quando comparo à dificuldade da instituição e à exigência dos docentes.

   No início do ensino superior, disse que seria incapaz de "congelar" a minha vida por quatro anos. Não tive noção, à época, de que ela está "congelada" desde que nasci, de sempre, tendo custos, claro, a vida em si é uma sucessão de caminhos sinuosos que se têm de escolher em detrimento de outros. A idade, exceptuando-se o processo de envelhecimento, doloroso, faz-nos ver a realidade de outro modo. Não nascemos todos para o mesmo. Eu não vim ao mundo para ser um rapaz casual. Existo a ler, a aprofundar conhecimentos incessantemente. Em todo o caso, poderia sê-lo, com o devido preço que pagaria tarde ou cedo. Talvez nem fosse... feliz. Encarar com objectividade e clareza torna os dias mais suportáveis e dá um sentido lógico à vida. Cada um tem um papel. O sofrimento existe quando pensamos que o nosso é igual ao do primo, do amigo, do mero conhecido. Deverá ser distinto, igualmente válido, completando-se nos demais. Se Fleming andasse a passear sem cuidar das suas funções, provavelmente muito teríamos de esperar até que outro descobrisse a penicilina. Se Edison não tivesse passado horas, dias, semanas a fio no seu laboratório, a lâmpada surgiria ou não. Claro que alguns a aproveitaram (terão?), no conceito social do que é desfrutar de uma vida de prazer, oferecendo à humanidade obras-primas - recordo-me de Pessoa. Nem todos os génios são tão geniais assim, passo a redundância. 

   Não sou um génio - estou a anos-luz disso - e nem o quis insinuar ainda que com subtileza. Palavra que não o acho, quanta presunção seria!, mas pode ser que tenha um contributo qualquer a dar, por insignificante que seja, uma doutrina que falta descobrir, uma biografia histórica inexistente ou incipiente, incompleta, ou quem sabe em outros ramos de actividade. Sei apenas que faço sentido a exercitar o melhor músculo que tenho - o mais trabalhado e desenvolto. Na verdade, é o meu melhor trunfo, nunca me deixou mal. Chega para o gasto, como se diz vulgarmente.

    É por aí que tenho de ir, não perdendo tempo e energias em procurar respostas que já conheço. Apesar de não parecer, também me coloco questões sobre mim, o futuro e o que quero. Às vezes com angústia. Quando se é novo, não há paciência para aguardar. O que vier, terá de ser no imediato. Ora, o acumular dos anos, a maturidade, é indispensável na etapa dos "porquês" que se repete até ao ocaso. É reconfortante quando se dá o "clic".

   Isto para dizer que as provas estão aí - espero dispensar os exames de Junho. Depois, orais de melhoria... Venham elas!

28 comentários:

  1. Que que é isso de congelar a vida? rsrs Tem mais que viver! Aí se você acha que é feliz estudando, que é sua vocação vai em frente. Olha eu estudei o que tinha pra estudar e quando terminei estava ficando cansado demais. Queria arrumar logo um trampo pra ganhar meu dinheiro e construir minha vida :)

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    1. É o que sei fazer. :)

      Bom, o "construir" a vida também paira nas minhas ideias, sim.

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  2. Ai Mark a vida é tão curta meu gatinho de além mar!!! Se joga em tudo o que vcd quiser fazer e viva o momento ok? Espero que dê tudo certo sempre bjs e mais bjs!

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    1. Ahahah. Dernier, vocês brasileiros são tão animados e informais. Adoro! Cá entre nós, que ninguém nos ouve (lê), os portugueses são chatos e cinzentões, psssiu. Incluo-me, evidentemente, mas comigo eu lido bem. Não preciso de mais cinzentismo na minha vida. Basta-me o meu. :)

      "Gatinho de além mar", que fofo. :) Obrigado pelo carinho!

      um abraço da ex-metrópole. :D

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    2. Huhauha bjaun pra ti !!!

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  3. Olá Mark.
    É o primeiro comentário que faço e vou ser atrevido, para começar :). Se o Dernier nosso amigo brasileiro te pode tratar por "Gatinho de além mar" eu poderei tratar-te por gatinho deste canto à beira mar plantado. Posso? É que apetece mesmo. Quanto ao post é mais um dos teus ensaios muito bem escritos.Parabéns e toda a sorte do mundo, para ti. E termino também atrevidote com beijinhos muitos e bons.

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    1. Olá Patrick. :)

      Obrigado pelas palavras. Fico sempre sem saber como corresponder na medida justa ao carinho que recebo de vocês.

      Mas permite-me que discorde. Acho que está um texto banalíssimo. Fi-lo intencionalmente. O bem escrito, enfim, tento, com mais ou menos seriedade.

      um abraço e, uma vez mais, obrigado pelo carinho. :)

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  4. Momento filosófico do dia! :D
    Acho que deves aproveitar melhor as coisas boas da vida e fazer aquilo que te dá prazer (o que é bom para mim pode não o ser para ti - tens de encontrar o teu "bom"). E sobretudo, não feches o coração ao amor. ;)

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    1. Acho que descobri (ou estou a descobrir) a minha vocação. :)

      Ah, o amor!, esse sentimento belo que nos faz perder a razão, que nos tolhe os sentidos, que nos provoca a sensação de "borboletas" no estômago, que faz as pernas ficarem "bambas"... é lindo. :'')

      É pena que não exista.

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    2. Isso que falas-te não é amor. É paixão. E pode existir com ou sem o amor. E quando passar a paixão perceberás o que é o amor, se o sentires. Eu não te consigo explicar, porque o amor não se explica. Sente-se e sobretudo constrói-se. Tens é de estar disponível para isso!

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    3. Ai não? Então e o que tanto se diz sobre o "amor à primeira vista"? :)

      Essa dicotomia amor / paixão está tão ultrapassada quanto a velhinha discussão entre esquerda / direita (política).

      O amor, a par do filial, não existe. Então, será paixão, ou devaneio. Não mais que isso. O resto é uma mistura de egoísmo, medo da solidão e necessidade permanente de carinho. É o que sobra.

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    4. Ai Mark, vais conhecer um homem que te vai virar essa cabeça do avesso! É todo o mal que te desejo ;)

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    5. Prefiro boas notas de avaliação. Mas obrigado, Horatius, ahah. :)

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  5. Boas Férias e para os pensamentos para o Verão :D

    Tudo irá correr bem ;)

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    1. Ai, Francisco, as férias estão tãaaaaao longe ainda. :)

      Ninguém me deseja "boa sorte" nas frequências, ahah.

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  6. Ena. Tanto pretendente. Onde se tira a senha?

    (só quero dizer que o adjetivo peculiar ninguém to tira, Mark, e que o mundo sem ti seria, certamente, mais pobre em diversidade de pensamento e opções de vida - e é aqui que toda a nossa (in)tolerância é colocada em causa)

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    1. Ahahah

      Subscrevo o teu comentário inteiramente, Alex. :)

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  7. Eu não preciso de te andar constantemente a referir a excelência dos teus textos, pois tu és sempre a mesma pessoa e se há tantos anos conheço o teu blog, tenho bem a noção de como és, com as tuas muitas qualidades e também alguns pequenos defeitos - hélas!
    Mas este texto és tu próprio e está tudo dito.

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    1. Grandes defeitos, grandes. Tenho imensos, João.

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  8. o cérebro é o teu bem mais precioso. mas de que adianta dizer, como tantas vezes aqui o fizemos, muitos de nós, sai, viaja, conhece um pouco o mundo, se não te sentes bem viajando? mas o cérebro apreende muita coisa dessa forma, cresce, outras perspectivas, hoje pensas assim, amanhã de outra forma...
    o mesmo conselho: não te feches na tua concha.
    boa sexta.
    bjs.

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    1. Eu gostaria de viajar, claro, mas não me vejo de mochila às costas a desbravar esse mundo. Bem que queria ser assim.

      De certa forma também me protejo.

      Há que manter a lucidez para não me isolar. Acho que mantenho o ponto.

      obrigado, Margarida, bom final de semana e um beijinho.

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  9. li pela primeira vez este texto no leitor de rss e tropecei na frase: "o processo de envelhecimento, terrível e angustiante". agora nesta versão aparece diferente, mas não menos terrível, angustiante e dolorosa.
    fiquei a pensar se terias razão ou não. em loop.

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    1. Às vezes rectifico algumas partes. É comum fazê-lo. Retirei o "terrível e angustiante" porque utilizei esses dois adjectivos noutro contexto, antes e mais à frente. A par disso, além de angustiante e terrível, é doloroso. Abarca tudo. Talvez fizesse melhor ao acrescentar em vez de excluir. :)

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  10. Faço votos que tudo te corra bem. Apesar do stress, tira todos os dias um bocadinho só para ti. Acredita que fará toda a diferença! Boa sorte! ^^

    Beijinhos :)

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  11. Espero que corra tudo muito bem! Muita força :)

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