Aceitando um convite do P., sábado à noite fomos ao teatro. Diferentemente de algumas idas ao cinema, foi o nosso primeiro espectáculo juntos. A peça em si pouco importaria, até porque teatro é teatro, não duvidando do empenho dos actores e, claro está, das preferências do P.
Arranjei-me por volta das 19h. Não quis estar demasiadamente formal, mas a temperatura fresca e amena da noite propiciava uma indumentária mais cuidada (camisa e jeans de corte elegante). Quando cheguei ao Teatro Armando Cortez, o P. estava ao portão, de telemóvel na mão, provavelmente preparando-se para me enviar uma sms. À saída do metro, já o vira dentro / fora numa azáfama. Sem motivos para tal. Primo pela pontualidade e à hora combinada estava lá. Creio que algum nervosismo apoderara-se de si.
Levantou os ingressos e aguardámos num muro de betão, rasteiro, no pátio principal, ligeiramente afastados dos demais. Elogiou-me a roupa e o sorriso. Sentira-me feliz. Retribuí as palavras honestamente, afinal, o rapaz desportista deu lugar a um homenzinho bem apresentável, de camisa clara, clássica. Distingui-lhe um novo aroma.
Entrámos atrás dos restantes espectadores. Os bilhetes colocavam-nos indiscretamente à frente, pedindo, então, se podíamos ocupar uma fila traseira, visto que a sala estava a meio. Não tardou a que a peça começasse. Assistimos à Broadway Baby, um espectáculo de Henrique Feist, acompanhado ao piano pelo irmão, Nuno Feist. Durante mais de uma hora, perto de duas, o duo leva-nos de forma muito bem conseguida a uma retrospectiva pela história dos musicais da Broadway, desde o seu início aos tempos mais recentes, não esquecendo os grandes clássicos do teatro musical norte-americano. Henrique Feist encarna as personagens brilhantemente, cantando e enchendo o espaço de longos e ruidosos aplausos. Há quem grite e se levante. Ovações merecidas. Como pano de fundo, o toque doce do piano de Nuno. Uma conjugação ímpar.
Nós dois. O sentimento que nos invadia era visível a ambos. Trocámos olhares, mantendo a postura. Quando Henrique Feist passa pelo musical Cats, interpretando o tema Memory, olhei subitamente para o P. num acto espontâneo e natural. Sem pretensiosismo algum, tive absoluta noção da beleza daquele instante. Pelo menos assim o sentimos.
Saímos muito perto da meia-noite. Caminhámos em passo lento até ao metropolitano. Deixámos passar um, dois comboios, conversando como se o tempo parasse. Não parou, que o letreiro luminoso tratava de me recordar do avançar das horas. Aproveitando uns minutos em que estávamos sozinhos na estação, trocámos um beijo e agradecemo-nos mutuamente pela noite.
Broadway Baby está em exibição no Teatro Armando Cortez, na Casa do Artista, às sextas e sábados pelas 22h, até dia 14 de Setembro.
Adorei este texto. Não mentira. Amei. A forma como escreves de um momento que é quotidiano (ou não), acaba por quase transportar quem lê para a "cena"! :)
ResponderEliminarEstou feliz pelo meu regresso porque consigo ler "coisas" bonitas! :)
Oh, obrigado Namorado. Eu não sei escrever de outra maneira. :)
EliminarQuem bom :)
ResponderEliminarFico muito contente por ti e obrigado pela dica :)
Abraço Mark :)
Vai, Francisco. Vale muito a pena!
Eliminarabraço. :)
Meeeemoryyy, all alooooone in the moonliiiiiight...
ResponderEliminarAcabei de chegar também de um passeio iluminado só pela lua :) Já não o fazia há tantos anos que lhes perdi a contagem. Mas fui o caminho todo a trautear "Blue Moon" xD (um bocado pirosito, é verdade).
E ao teu texto: :)))
Nada piroso. O importante é que nos sintamos bem. :)
EliminarQue fofo =)
ResponderEliminar:)
EliminarIrradias felicidade rapaz! Um abraço.
ResponderEliminarNem tanto. Estou bem normal e lúcido, a sério. :D
Eliminarabraço. :)
Ah, l'amour...:)))
ResponderEliminarAbraço Mark.
Ahahah, abraço Arrakis. :)
Eliminarhá muito que quero ir ao teatro..
ResponderEliminarnoites assim sabem bem :)
(quem me dera a mim conseguir passar o que vivo por palavras como consegues..)
Aproveita e vai a esta peça! Leva um amigo ou uma amiga e vai. Como disse ao Francisco, vale a pena. Os irmãos Feist dão tudo de si, especialmente o Henrique. Ele entrega-se de corpo e alma.
EliminarOh, obrigado. :)
Que noite bonita Mark. Fico feliz por vc, vc merece tudo de bom que está vivendo.. Que dure pra sempre! :)
ResponderEliminarAbraços!
Não penso muito no limite temporal. Limito-me a viver e, se acabasse hoje, já teria sido bom. :)
Eliminarabraço. :)
ok, o P. era eu, quando te enviei uma sms há tempos ;)
ResponderEliminarainda bem que te divertiste.
aproveito para te informar que o espectáculo do Diogo Infante acaba este fim-de-semana. partilhei no FB, não vás querer ir também.
bjs.
Tu e ele, dois queridos que se preocupam comigo. :)
EliminarObrigado pela informação, querida!!
beijinho.
Soneto do amigo
ResponderEliminarEnfim, depois de tanto erro passado
Tantas retaliações, tanto perigo
Eis que ressurge noutro o velho amigo
Nunca perdido, sempre reencontrado.
É bom sentá-lo novamente ao lado
Com olhos que contêm o olhar antigo
Sempre comigo um pouco atribulado
E como sempre singular comigo.
Um bicho igual a mim, simples e humano
Sabendo se mover e comover
E a disfarçar com o meu próprio engano.
O amigo: um ser que a vida não explica
Que só se vai ao ver outro nascer
E o espelho de minha alma multiplica...
Vinícius de Moraes
Oh, obrigado Ribatejano. :)
EliminarQue bonito! :')
Mais um lindo momento de cumplicidade! Tão bom! ^^
ResponderEliminarAbraço :3
Gostei! "Momento de cumplicidade". Em tempos de definições, em que tudo tem obrigatoriamente de ter um nome, tu aproximaste-te bem da designação correcta.
Eliminarabraço, João. :)
Oh.. que carinhosos :) Boa Sorte
ResponderEliminarObrigado. :)
EliminarQuero que tenham muitas outras noites acesas e dias iluminados.
ResponderEliminarCom um enorme abraço.
Obrigado, Paulo. :)
Eliminarabraço grande.
Repetir-me-ia se dissesse o que sinto ao assistir à tua felicidade.
ResponderEliminarA "cumplicidade" entre amigos especiais (chamemos-lhe assim) é fundamental e maravilhosa e é completada pelo rspeito, que estou certo vocês têm um pelo outro.
Sem dúvida! Acima de tudo, há imenso respeito.
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