Na sexta-feira passada, eu e o P. fomos à praia. Marcámos para de manhã bem cedinho, o ideal. Cheguei primeiro, uns minutos. Entretanto, ele aparece-me por trás, de pólo amarelo e mochila às costas, calções e ténis. A sair da mochila, as raquetes de badminton.
Esteve um dia maravilhoso, o tal em que se esperavam temperaturas bem acima dos trinta graus. A primeira vez que estivemos juntos na praia. Bem como eu, ele prefere passar a maior parte do tempo na água. Foi muito engraçado. O mar estava fortíssimo e, por diversas vezes, fomos literalmente empurrados de encontro ao solo. Por volta das onze e pouco, saímos para evitar a hora de maior calor, resguardando-nos num barzinho de praia, muito simpático por sinal, onde almoçámos qualquer coisa rápida. O P. achou imensa piada ao molde do meu cabelo quando seca com a água do mar. O sal confere-lhe formatos caricatos, ficando rígido. Parece um produto que eu adquiro no cabeleireiro que a mãe frequenta.
Voltámos à praia por volta das quinze e pouco, lanchámos, voltámos à água e brincámos, brincámos muito. Pratiquei natação durante uns anos, como creio que disse por aqui, contudo, o P. nada bem melhor do que eu. Dá aqueles mergulhos à macho man que eu apenas apreciei de longe. Assim, quando alguma onda me derrubava, deitava-me imediatamente a mão, puxando-me à tona, assegurando-se de que estava bem. Se qualquer um fica aflito quando procura emergir e não consegue, no meu caso tudo se agrava devido à asma. Fico mesmo aflito. Ele também se certificou de que tinha bastante protector solar nas costas e no resto do corpo. Às vezes olha para mim mais como um irmão menor do que como um amigo. Não que me queixe, adoro sentir-me protegido e ele próprio já referiu que sabe que sou ainda muito infantil. Diz, frequentemente, que sou o paradoxo do intelecto desenvolvido num cérebro de miúdo. A avó diz algo parecido... Não sei se é bom, se mau...
Acabámos por não jogar badminton, vencidos pelo cansaço da praia, mas falámos bastante, além de toda a parte lúdica. Regressámos perto das dezoito, ouvindo a Dunas dos GNR no meu telemóvel, cada um com o seu auricular. Curiosamente, no lanche, roemos maçãs e selámos alguns segredos. Só não bebemos dos lábios refrescos gelados porque não pudemos, nem saltámos rochedos.
Nesta terça, voltámos à Tapada das Necessidades, lugar já devidamente abordado por aqui há uns dias. Fizemos um piquenique. Mal me recordo do meu último piquenique. Provavelmente algum quando ia de férias, em Julho, pelo colégio. O P., talvez por ter crescido cedo demais, é muito independente e desembaraçado na cozinha, provendo, sempre que necessário, à sua alimentação. Eu, pelo contrário, não sei fazer nada. Nunca precisei, nunca me ensinaram e da primeira e única vez que mexi num fogão ia deitando fogo à casa de praia (episódio das férias de 2010, em post publicado aqui no blogue do qual não me apeteceu ir à procura do link). Recordo-me das críticas que me fizeram na altura. Enfim, em casa nunca tivemos fogão e sim placa eléctrica. Tenho desculpa.
Prometi ao P. de que, pelo menos, faria uma salada fria pelas minhas próprias mãos. Assim foi. Juntei alface, feijão-frade, atum, tomate, cebola, milho, ovo cozido, acrescentando azeite e vinagre balsâmico e pronto (maionese poderia deteriorar-se com o calor). O mais elaborado que consegui por mim mesmo. O P. levou uma salada um pouco mais completa, com pepino, tomate-cereja, peru, frango, laranja, uma ervas quaisquer e, atenção ao pormenor!, levou um tupperware pequenino, para mim, com mais peru porque sabe que gosto. Não é um querido? É impossível ficar-se indiferente. Sim, sim, foi um piquenique romântico. Depois, à tarde, jogámos um pouco de badminton (onde fiz figuras menos tristes - a propósito, ele adora jogar àquilo!), passeámos mais por entre a vegetação, namorámos... Houve momentos peculiares: primeiro, teve de ser ele a despejar o lixo porque eu estava todo atrapalhado. Sacudiu a toalha de piquenique que levei, arrumou os talheres, os pratos e os copos (que ele levou), limpando-os, etc. O que vale é que é um rapaz prático. Segundo, o lavatório do banheiro masculino não tinha sabonete líquido. Ora, tive de ir ao banheiro feminino para lavar as mãos. Já estava a ficar nervoso de não ter um liquidozinho! Ele é mais desenrascado e tem uma paciência... De tardinha, ficámos juntos, falámos, bom, aqueles momentos ternurentos... mas tive de abrandar porque ele ficou, digamos, em ponto de ebulição, e comunicou-mo ao ouvido com um: "Vê como me deixas", apontando na direcção. LOL Fiquei desconfortável e continuámos a caminhar.
Hoje, de manhã, fomos ao Arco da Rua Augusta. Melhor, ao cimo do Arco. Abriu há dias. É giríssimo. A vista sobre o Tejo, pela frente, e sobre Lisboa, pelos lados e por trás, é ma-ra-vi-lho-sa. Têm de ir. Por uns míseros dois euros e meio, indo de manhã, pode-se ficar o tempo que se quiser. Bom, eles dizem que no máximo são uns vinte minutos; nós ficámos mais de meia-hora. Apanha-se um elevador até ao segundo andar, sobe-se um primeiro lance de escadinhas, de seguida um segundo lance bem mais íngreme, em caracol, daquelas bem antigas de degrau estreito, até que se chega lá acima, onde se pode desfrutar de uma vista fenomenal. Cá em baixo, há o mecanismo do relógio, que podemos analisar e fotografar, bem como um painel elucidativo onde consta informação sobre a zona do Terreiro e, mais concretamente, sobre o Arco (eu já conhecia a história). Após sairmos, passeámos por aquela zona da cidade, entrámos em algumas igrejas (ele adora arte sacra e igrejas, apesar de não ser religioso). Descansámos um pouco no miradouro de Alcântara e, à frente, no jardim do Príncipe Real. Apanhei o metro para casa e ele seguiu caminho de bicicleta (adora andar de bicicleta; eu nunca andei!).
Tenho passado dias interessantes ao seu lado. Além de me proteger, brinca imenso e trata-me bem. A par disso, mexe comigo e é meu amigo. É quanto baste.
que grande, grande texto! :) estás feliz, nota-se na tua escrita, descritiva, mas mágica, pois expressas tudo com amor. sim, pode ser amigo com benefícios (eu não gosto desta expressão, mas respeito o teu uso, claro), mas acho que está a florescer algo mais.
ResponderEliminarvive a vida, Mark, e esse rapaz é maravilhos. acho que te caiu do céu na hora certa. vais crescer com ele (sem segundas intenções :D)
bom teatro, bom namoro.
bjs.
Eu também não aprecio a expressão - é da autoria dele, baseando-se, ao que sei, num filme ou livro... Lol
EliminarEle faz-me bem e também acho que apareceu na hora certa, apesar de já nos conhecermos há tempos.
Ahahahahah, bom, ele tem crescido comigo! :D
Obrigado! :)
beijinho.
Estou muito contente por ti.
ResponderEliminarApenas, te posso dizer que não deixes fugir esse "amigo" com o que queiras chamar ;)
Impressão minha?! Ou este post tem um pouco de "brilho" e é alegre?!!!
Uhmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmm
Curioso com o próximo post :) Bom Teatro ;)
Abraço amigo ;)
Em anos anteriores falava mais sobre mim e sobre os meus dias. Depois, progressivamente, fui perdendo esse hábito. Não que o queira retomar de todo, mas às vezes faz falta e é bom, além de que não tenho linha editorial. :)
Eliminarabraço, Francisco, e obrigado. :)
Que BOMMMMMMMMMMMMMMMMMMMM assim te ler/"ver". A sério. Inexplicavelmente para muitos, fico tão feliz por vcs!!!
ResponderEliminarMas 1 orelha tenho que puxar: 15 horas na praia? Aiiiiiiiiiii
Continuação de muitos e bons passeios cheios de magia. Repito-me pedindo-te para que não cometas os meus erros: não receies esta nova luz, deixa que se aproxime o máximo que quiser e VIVE!!!!
Abraço (aqui a torcer por vcs)
Obrigado, Paulo. Estou a viver. :)
Eliminar15 horas na praia??! O.o Onde leste isso? Chegámos às 9h e pouco, saímos às 11h, depois voltámos às 15h e tal até às 18h. Umas 5 horas! LOL
abraço. :)
fico tão feliz por estares feliz :) é a única coisa que tenho a dizer-te
EliminarObrigado Kyle. Foram dias engraçados. :)
EliminarDaqui ao casamento é um pulo de esquilo.
ResponderEliminar:)
Nãoooooo! :)
EliminarEstes teus relatos são tão ternurentos. Vê-se que o rapaz gosta de ti, gosta de estar contigo. Essa parte do ponto de ebulição arrancou-me umas boas gargalhadas.
ResponderEliminarEspero que a vossa relação (seja ela qual for) continue no mesmo sentido.
Sim, disso não tenho dúvidas. Ele gosta de mim e de estar comigo. São coisas que se sentem.
EliminarAhahah, pois. Foi um eufemismo. xD
Eu também espero, embora tenha medo. Parece tudo tão perfeito... Vamos ver. :)
Mas espero que tenha sido "em câmara lenta como na TV". :)
ResponderEliminarQue bom, mon Mark. Fico contente e faço votos para que os tempos que correm para ti sejam o advento de algo ainda, se possível, melhor!
Abraço! :D
Alguns momentos foram em "câmara lenta como na TV". :)
EliminarObrigado, Inefável.
abraço. :)
Bem Mark, isto parece mais um namoro do que "uma amizade com benefícios". Poderia ser eu e o meu namorado, com a diferença que no "ponto de ebulição" a coisa iria certamente "ebulir"... LOL
ResponderEliminarMas pronto, o que importa é que estás feliz, e isso é o que realmente interessa!
Grande Abraço :)
Pois, Horatius, pode parecer, mas é uma amizade apenas. Não iremos namorar (nem ele quer, nem eu). :)
EliminarExacto, o que importa são os momentos.
abraço grande. :)
Meu amigo, a vida as vezes prega-nos partidas, acredita. (as vezes boas, é bom que se note...) ;)
EliminarEu sei, mas é amizade. Que mania vocês têm de rotular as coisas: se há beijos e carinho, já é namoro. Lol Não, não é. :)
EliminarBeijos e carinho são duas coisas essenciais num namoro. Mas não numa amizade :P
EliminarMas o que interesse é que estás feliz e te sentes bem. O que chamas à "situação" é o que menos importa ;)
Adorei o relato, a forma como tu descreveste tudo, colocando imagens aqui e ali para dar ainda mais cor e emoção ao que descreveste! É bom ver-te assim, feliz, muito feliz! Acredito que muitas, boas e agradáveis surpresas te aguardam nesta amizade! ^w^
ResponderEliminarNão tenhas medo de viver e de experienciar certos momentos...serão certamente momentos muito especiais na companhia de um rapaz ainda mais especial!
:*
São fotografias que tirei em todas as ocasiões. :)
EliminarSurpresas e decepções... de tudo. Lá está, não tenho medo de viver. Por isso descarto o 'namoro'. Não há necessidade de rotular o que sentimos. O importante é esta troca de carinho. O namoro só estragaria.
:)
Tu não imaginas quão feliz eu fico depois de ler um post assim, de um Amigo.
ResponderEliminarTudo tão natural, tão puro, mesmo quando referes "o estado em que o deixaste"...
Repito o que já disse tantas vezes; não é preciso procurar pela pessoa "especial", basta estar atento e disponível para a aceitar quando ela aparece nas nossas vidas.
Obrigado, João. Sei que sim. :)
EliminarO que temos vivido é puro. Não há malícia e, sobretudo, existe um respeito enorme de parte a parte, daí não queremos namorar. Até te digo mais: como não namoramos, não peço 'fidelidade', mas lealdade. Apenas isso.
Olá Mark!
ResponderEliminarJá faz algum tempo que ando a ler os teus post's e devo confessar que gosto muito do teu modo de escrever...
Este relato em particular deixou-me um bocadinho mais alegre. Parece-me estar a assistir a uma bonita história de amor!
Espero que perdure e que sejas muito feliz...
Abraço
Olá Rúben. :)
EliminarMuito obrigado. Não sei se será amor. É uma amizade bonita, certamente.
abraço. :)
Lindo. Ficamos todos felizes por ti, não duvides :-) Espero que ele te trate como mereces ;-)
ResponderEliminarFelicidades aos dois.
Abc
Muito obrigado, sad.
Eliminarabraço. :)
Também fico contente por ti. Pela tua descrição, vê-se mesmo que têm desfrutado a companhia um do outro e arranjado programas óptimos para fazer em conjunto. :)
ResponderEliminarTambém quero subir ao Arco da Rua Augusta, a vista deve ser memorável. Ontem à noite fomos ver o espectáculo multimédia ao Terreiro do Paço concebido para celebrar a abertura do Arco e também gostei bastante.
Abraço Mark.
Gostarás de subir ao Arco. :) A vista é magnífica.
Eliminarabraço, Arrakis. :)
uhhhh estou a adorar! o que não esperavas está a tornar-se em algo muito bom.
ResponderEliminarfico feliz por isso! aos poucos e poucos vai ficando mais e mais forte :)
tenho que ir a esse jardim também! vou ver onde fica no mapa.
abraço :)
Que não fique mais forte do que aquilo que conseguimos e estamos dispostos a suportar. :)
EliminarA Tapada das Necessidades fica em Alcântara.
abraço. :)
Uma pessoa afasta-se uns meses e pronto, é isto! LOL :)
ResponderEliminarEstou a ler estes posts com sorriso nos lábios :P
Tão querido. :D
EliminarAproveita, fico contente por ti.... o teu estado de alma, esta completamente espelhado no texto ;) Se FELIZ
ResponderEliminarObrigado, rapaz blogger.
EliminarVou aproveitando. :)
Que fofos! *.* Vou acompanhar este romance bem de perto. Chegaram a aparecer umas lágrimas. :)
ResponderEliminarOh, obrigado Kyuhamasihara. Tão querida. :)
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