24 de fevereiro de 2012

De capa negra.


 Em breve poderei trajar. O meu espírito académico é nulo e, como cheguei a relatar num texto à época, não participei nas praxes. Na minha opinião - que se mantém - trata-se de um espetáculo humilhante cuja principal finalidade é a de divertir alunos que se julgam superiores aos novatos que acabaram de entrar. O facto de não ter participado, deixando-me humilhar, nesse dia infeliz, em princípio invalidaria o direito que eu teria de usar o dito traje académico. Contudo, eu não deixo que assim aconteça.
 Gosto do traje académico e consigo distingui-lo perfeitamente do fenómeno das praxes. Posso usá-lo mesmo que não tenha participado nas mesmas. Estará escrito em algum lugar que não o posso fazer? Retoricamente perguntei, mas objetivamente respondo: ao que tudo indica, há um qualquer código de praxes, o que não deixa de ser igualmente ridículo.
 Portanto, comprarei e usarei o meu traje. É um direito que me assiste. Estou quase a meio da licenciatura, tenho estudado este mundo e o outro desde setembro de 2010, logo, é mais do que um direito poder usar o meu traje sem qualquer correlação com as praxes e os enterros de caloiros que, confesso, me causa alguns arrepios.
 Os meus colegas - quase todos - participarão nessa, digamos, atividade. Não o farei, mas ainda estou em dúvida se irei, ou não, à faculdade.
 Provavelmente irei, embora saia mais cedo. Talvez passeie junto ao rio, isolando-me, como sempre foi habitual. Poderia usar a negra capa do traje como tapete mágico e encaminhar-me para um outro lugar, distante, mas isso são sonhos que deixarei para quando concluir a licenciatura.


16 comentários:

  1. As praxes devem ser encaradas como meio de integração (foi assim que as encarei, tanto enquanto caloiro, como enquanto trajado). Há abusos e aproveitamentos dos caloiros para atividades menos próprias que nada têm que ver o verdadeiro espírito académico.

    Quanto a trajares, sim, é um direito que te assiste (a meu ver, porque não estudei em Lisboa, n conheço as v/ especificidades). Qq estudante da academia tem o direito de adquirir o traje (e mm que nao tenha, as lojas querem vender... lol), apesar dos "anti-praxe" não os poderem utilizar em determinadas situações.

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  2. As prazes em si são, de facto, inomináveis, mas a brincadeira e a simbologia que lhe está subjacente, é bonbita, e eu gosto. depende sempre de quem usa e como usa a figura da praxe...

    No que dizes de te isolar (mauis uma vez), penso que seria bom uma aproximção como que natural da coisa... Aproximares-te, imiscuires-te, sendo tu mesmo, mas também em relação... O Homeme foi feito para viver em relação, Mark!

    Quanto ao direito ao traje, é questão que nem se coloca ;)

    O teu HUG... like that ________ **

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  3. Horatius: Há meios de integração bem menos violentos e mais apropriados, nomeadamente almoços / jantares de convívio e semelhantes. As praxes não são um espetáculo nada agradável. Não participei, mas estive presente na altura. Posso dizer que vi cenas indescritíveis, algumas das quais discriminatórias.
    As especificidades de Lisboa ou do resto do país em nada me importam. Usarei o traje sempre que me aprouver. :)

    Daniel: Realmente, o espírito que está subjacente pode ser o melhor, mas há limites que não se podem ultrapassar. Eu abomino praxes e não tenho o menor espírito académico.
    Segunda-feira já o vou comprar. :p

    Hug! '-'

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  4. Claro que és digno de utilizares a capa aos ombros. :)

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  5. Francisco: As horas que passei a fazer apontamentos e a ler os manuais dizem o mesmo. :)

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  6. Aqui no Brasil, temos o tal do 'trote'que é a recepção dos veteranos para com os calouros. Alguns são bacanas de fazer, os veteranos pitam os calouros com tinta e mandam pedir esmolas nos sinais de trânsito pra pagar a festa dos veteranos, geralmente os calouros fazem na esportiva,não se sentem humilhados,mas há outros bem violentos e humilhantes e já causou até mortes. Alguns Universidades até proibiram trotes devido a isso.

    Acho que se você não se sente bem,não tem que fazer mesmo não.

    Abraços do Brasil.

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  7. Já sabes a minha opinião sobre as praxes, pois não frequento o teu blog há "dois dias"...
    No que respeita ao traje académico, no meu tempo quase não se via em qualquer uma das faculdades de Lisboa; por tal razão,é algo que nada me diz...

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  8. Creio (não tenho a certeza absoluta) que é do teu pleno direito trajares, fazendo parte da praxe ou não. Tenho exactamente a mesma opinião sobre as praxes que tu. Contudo, o meu caso foi ligeiramente diferente que o teu. Inicialmente participei nas praxes, pois senti a necessidade de experimentar esta fase (inevitável) da vida de um estudante. Há medida que fui vendo e analisando as coisa percebi que não tinha o espírito de praxe. Não concebi, também, ser humilhado por "doutores" cujo perfil académico deixa muito a desejar. Ser humilhado sim, mas por pessoas que valham a pena.

    Até já :)

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  9. Sapo, ser humilhado nunca é bom. :) Eu nunca senti necessidade nenhuma de participar nas praxes. Acho de um mau gosto terrível... :x

    Até já...


    ... e obrigado a todos. <3

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  10. Vá sim! vc é merecedor de usar esse traje. Tire bastante fotos para guardar de recordação, é importante.


    Um grande abraço e parabéns.

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  11. Praxes? Eu meio que me identifico com o seu texto. A bem da verdade, eu nunca gostei de estar num lugar cheio de pessoas (sufoco,sério).E quanto aos trabalhos escolares,sempre preferi fazer sozinha.

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  12. Eu acho que deviam tentar integrar-te melhor, não acho que devas sujeitar-te a algo que achas violento e inadequado mas devias tentar ver as coisas de outra forma. As praxes são uma tradição e para além disso, a maioria dos meus amigos diz que as praxes foi a melhor altura da faculdade, quando foram praxados e quando praxaram. Eu, espero, um dia viver isso.

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  13. Não poderia estar mais de acordo contigo, Emilie. Trabalhos? Sozinho! Falo por (más) experiências próprias no Secundário... ;)

    Jaime: Já que gostas das praxes e que gostarias de vivê-las, eu espero que as vivas, por tudo o que já passaste. Se há alguém que o merece, esse alguém és tu. :)

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  14. Vou ser curto e grosso. Eu que fui da parvónia para Coimbra integrei-me bem, principalmente devido à praxe académica. Também não gostei de algumas "ordens" mas não morri, e o que não mata faz-nos mais forte. Por isso deixa-te de merdas (desculpa a palavra) e aproveita que depois disto é só trabalho (se tiveres essa sorte).

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  15. Ribatejano: Não somos todos iguais e terás necessariamente de respeitar a sensibilidade alheia. Há pessoas que, simplesmente, não têm feitio para aturar os caprichos de meia dúzia que se acham espertalhões.
    Não te preocupes que eu sei perfeitamente aproveitar de outra forma.
    Quanto ao emprego, o futuro é desconhecido. Também poderás perder o teu (espero que não aconteça).
    Por isso, Ribatejano, para sofrer revés na vida basta... precisamente estar vivo! ^^

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  16. Pois tb eu nunca frequentei as praxes, embora tenha sido praxado enquanto caloiro e nem usei traje académico. Era só o que faltava ter de ser igual a tantos outros, numa atividade de drogas e com aquelas "roupas" com as quais não me identificava.

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