É sempre difícil recomeçar. Senti-me a meio de uma obrigação, impelido a regressar por pura responsabilidade. Definitivamente, não tinha saudades. Talvez porque me recorde da ansiedade vivida sempre que trespasso a ampla porta de vidro. Para amenizar, os raios fracos de sol que entravam pelas janelas do corredor aliviavam a dor de cabeça que, por momentos, me assombrou.
Senti-me patético de dossier na mão. Senti que nunca mais cresço, embora tema querer voltar atrás quando me aperceber de que cresci.
"Olá Mark, estás bom?" (dois simpáticos beijinhos) "Oh, que giro, adoro o teu dossier!"
A sua voz, estridente, fazia-me comprimir os olhos devido à dor latente. Será possível que reparem em tudo? Apeteceu-me esconder-me num buraco até começar a primeira aula, evitando, assim, o intenso rol de beijos e apertos de mão, dissertações enfadonhas sobre as notas e comentários acerca dos exames / orais e consequentes dias de "férias".
As minhas mãos, agora frias, apertavam o dossier e o estojo de encontro ao corpo. Por pouco não os deixara cair, uma hora antes, durante o percurso no metro.
Uma desculpa arranjada à pressa e consegui fugir para o anfiteatro, ainda vazio. Sentei-me no tradicional lugar a meio das bancadas e desatei a escrever o meu nome numa das folhas, por estrear, das novas cadeiras.
Uma desculpa arranjada à pressa e consegui fugir para o anfiteatro, ainda vazio. Sentei-me no tradicional lugar a meio das bancadas e desatei a escrever o meu nome numa das folhas, por estrear, das novas cadeiras.
Não houve aula. Atenciosamente, a professora poupou-me a ouvir a sua sapiência num dia não. Agradeci. A dor de cabeça não o pôde fazer porque, a esta altura, já se escapara, derrotada pela minha imaginação patente na folha. É bom gatafunhar às vezes.
Saí do anfiteatro, sem olhar para trás e sem ir conviver no bar da faculdade.
A diferença entre a tua pessoa, a tua maneira de pensar e agir, de há um ano a esta parte é abissal.
ResponderEliminarReparo num pequeno pormenor que passa desapercebido e até parece não vir para o caso; lembras-te daquele post sobre uma tua ida para as aulas usando o metro?
A isto chama-se evolução e ainda bem que a vais enfrentando de uma maneira tão boa.
Deixaste um pouco aquela tua maneira de ser um menino a que nada falta, para seres, sem deixares de ser tu, uma pessoa que sabes e queres optar.
É bom ver-te assim...
pinguim: :) Sim, lembro-me de como era há uns bons tempos atrás. Amadureci imenso, é verdade. Tenho a noção desse processo. Infelizmente, também acarretou mais seriedade e diria até alguma melancolia.
ResponderEliminarEspero atingir o equilíbrio, para não ficar nada "desproporcional". ;)
Obrigado!
não te preocupes que és um rapaz equilibrado, adjectivo a que recorres no teu comentário. Falta-te apenas um pequeno polimento, mas tal vem mesmo com o crescimento. Acredita: eu não tenho nada a ver com o que era há apenas dois anos atrás :)
ResponderEliminarPor vezes é bom estarmos connosco próprios.
ResponderEliminarTens tempo para ser mais "social", ainda a procissão vai no adro.
Abraço
Oh, obrigado a ambos!
ResponderEliminar<3
lembrei-me de quando subia uma das ruas para chegar à faculdade com o portátil ou o netbook e os códigos às costas e a pensar: eu sou um burro de carga! Estou a estudar para ser burro de carga, é que só pode! Não tem muito que ver com o texto, mas...lembrei-me:-)
ResponderEliminarEmanuel: Eu também me sinto "um burro de carga", por vezes. :D São tantos códigos, cadernos (antes do dossier), leis avulsas, etc, que ficamos estafados. E, para piorar, perdi o hábito de utilizar a mochila (apesar de ter algumas). É bastante mais útil. :)
ResponderEliminarTambém já fui assim. Talk to no one. Mas isso passa. Espero eu.
ResponderEliminarE eu, há dois anos atrás. NADA A HAVER! Mais maduro, mais confortável comigo mesmo, mais brincalhão, mais eu próprio.
Eu, pelo contrário, sinto-me mais maduro, mas menos feliz, menos espontâneo. Podem ser apenas fases. Assim espero.
ResponderEliminarVocê ultimamente anda meio tristinho mesmo. se ver pelo seus textos. Acredito que seja fase, eu também 'tou meio assim,ultimamente. às vezes me sinto inseguro e prefiro ficar na minha, sossegado. Mas sei que é uma fase que eu estou passando.
ResponderEliminarBom, na vida tudo passa e sei que essa sua fase meio "deprê" ,também vai passar.
Força carinha! Não fique assim, não.
crescer dói, porque deixamos nossa inocência de lado e nos tornamos pessoas... adultas hahah essa palavra "ADULTA" pesa mesmo.
Bom, o ano só 'tá começando... ainda vai rolar muito coisa boa pra vc.
Abraços do Brasil.
Despreocupado: Sim, a palavra "crescer" amedronta-me. :(
ResponderEliminarObrigado! És um querido. :D
Abraços de Portugal!
Acredito que isso é mesmo uma fase. Daqui a pouco volta o entrosamento, e não tarda muito voltas ao bar da faculdade. Quem sabe se não é este semestre que vais à tua primeira festa universitária. ;-)
ResponderEliminarCoelhinho: Nunca convivi muito no bar da faculdade. Só um pouco. :)
ResponderEliminarPois, quem sabe, embora duvide muito. x)