Lembram-se da tal tardinha de estudo que combinei com o R.? Foi hoje. Depois das aulas, almoçámos e fomos até ao jardim da faculdade para estudarmos um pouco. Ambos nos sentámos num banco do jardim, mas, passado pouco tempo, o R. teve a magnífica ideia de nos sentarmos na relva... Bem, há imenso que não me sentava na relva. É terrível! Suja muitíssimo e tenho medo dos bichos que andam nesse verde fora... Lá me sentei e foi a carga dos trabalhos para começarmos a estudar. Nem foi mau de todo, uma vez que a temperatura da terra fresca contrastava com o calor que se fazia sentir.
O R. tem uma facilidade verdadeiramente admirável em ser informal. Senta-se, estica as pernas, coça a cabeça e fica assim, impávido e sereno, a contemplar não sei o quê... Eu estava constrangido, óbvio. Senti-me vulnerável, sentado naquela relva a sujar as minhas calças. Ele só se ria do meu ar meio enjoado. Pudera, não estou habituado, como ele, a determinadas situações. Só faltava a toalha, o frango de churrasco e as minis para parecer um piquenique na mata de Monsanto!...
Confesso que, às vezes, tenho curiosidade em saber o que se passa naquela cabeça. Ele não estava minimamente importado com o facto de sujar a roupa ou parecer mal estarmos naqueles preparos. Também, usa uns ténis já meio surrados - que para muitos é moda, mas para mim é horrível - e uns jeans que aparentam sujidade entranhada. Que estilo, meu Deus. Tem assim um estilo meio rebelde, totalmente diferente do meu.
Agora ganhou a mania de me chamar «menino de colégio», sabendo perfeitamente que isso me irrita. E quanto mais demonstro o meu desagrado, mais ele se ri e repete.
Vamos ao estudo... Sim, estudámos, até bem mais do que aquilo que supus inicialmente. Ele é inteligente e de início tirava boas notas, mas agora anda com mais dificuldades. Admito que gostei do meu papel de professor. Gostei de ver o seu rosto a contemplar o meu com alguma visível admiração e do seu ar concentrado (ou a tentar tê-lo).
Ainda confesso mais: confesso que desejei que me beijasse, apesar de saber que não o faria por estarmos num lugar público, sujeitos, provavelmente, a olhares indiscretos.
Tivemos sede e ele foi buscar-me um ice tea de pêssego, com uma palhinha, como sabe que eu gosto. Reparei nesse detalhe. Pedi-lhe que me abrisse a lata, até porque não tenho jeito, e ele fê-lo. Nessa altura senti-me verdadeiramente acarinhado por si. Senti-me como uma rapariga indefesa que está nos braços do seu namorado que a protegem do mal do mundo. Sim, pode parecer banal, mas foram minutos tão mágicos. Parecia tudo tão perfeito, tão idílico, que cheguei mesmo a ignorar nos meus pensamentos que nada tinha de semelhante àquele mero rapaz que estava ao meu lado.
Apeteceu-me tanto... Deitar-me no seu colo, insinuar-me, pedir-lhe um abraço caloroso... Nada o fiz. Todavia, creio que fizemos bastante à nossa maneira. Desta vez não houve festas na cara, mas houve pequenas demonstrações de que ele me trata com consideração e estima. Sabe que eu sou diferente, até meio atadinho para o mundo real, mas respeita-me.
Não trocava o dia de hoje por uma ida ao melhor restaurante de Lisboa ou à melhor loja de roupa.
Há momentos que não se compram e os de hoje são alguns deles.
qual Dama, qual Vagabundo. É um romance (ou BROmance) moderno :)
ResponderEliminarFico feliz por saber que correu bem =)
ResponderEliminarSó por acaso, nos anos anteriores costumava ir muitas vezes para o jardim atrás da faculdade de direito, é agradável e como não conheço ninguém dessa faculdade, ao menos não corria o risco de me verem sentado na conversa com outro rapaz assim com alguma "simpatia" a mais lol
Ainda bem que a tarde de estudo foi proveitosa e que ultrapassaste os bichos da relva xD
ResponderEliminarE essa vontade de um beijo e de um abraço é compreensível. Todos nos queremos sentir especiais com determinadas pessoas...
Cá estou eu, de novo, com o meu entusiasmo nesta relação! :)
ResponderEliminarAchei extraordinária toda esta situação da "tarde de estudo" e a descrição que fazes dela. Isso parece-me mais ter sido uma "tarde de namoro" mascarada de "tarde de estudo". :) "Á vossa maneira", como tu muito bem sumarizas.
E as duas últimas frases que escreveste, acho que resumem tudo o que sentes! Eu acho bonito e sou da opinião de que não deverias ignorar os sentimentos. Força! Marca mais "tardes de estudo" e, quem sabe, um dia destes tens uma surpresa!
Abraço,
Ikki
Yes!!!!!
ResponderEliminarEu sabia que ia valer a pena. Força!
concordo ali com o Speedy, isso parece a Dama e o Vagabundo loooool xD já te estou a ver cheio de minhoquices com o solzinho, os bichos da relva e a beber o ice tea pela palhinha eheheh xDD
ResponderEliminarFoi uma boa tarde é o que importa!
Abr
O Ikki e eu somos dois incondicionais desse "romance"; ainda bem que não me sinto só.
ResponderEliminarEu como já viste noutros comentários começo a ser um pouco ceptico. Nem é nada meu, um romântico inveretado, aqui a franzir a testa.
ResponderEliminarNa faculdade eu adorava estudar na relva. Sujava as calças todas, mas na primavera quando o tempo aquecia e começava a aparecer um solinho simpático era tão bom...
Wow. Mas que dia fabuloso tiveste...
ResponderEliminarTenho saudades de sentir-me assim; mesmo sabendo que não voltará a repetir-se comigo.
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