26 de abril de 2011

Saudades




Saudades! Sim.. talvez... e porque não?
Se o nosso sonho foi tão alto e forte
Que bem pensara vê-lo até à morte
Deslumbrar-me de luz o coração!

Esquecer! Para quê?... Ah! como é vão!
Que tudo isso, amor, nos não importe.
Se ele deixou beleza que conforte
Deve-nos ser sagrado como o pão!

Quantas vezes, Amor, já te esqueci,
Para mais doidamente me lembrar,
Mais doidamente me lembrar de ti!

E quem dera que fosse sempre assim:
Quanto menos quisesse recordar
Mais a saudade andasse presa a mim!





Florbela Espanca - Livro de Soror Saudade


4 comentários:

  1. Este poema é sem dúvida lindíssimo!

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  2. não conhecia e até gostava mais da prosa dela mas acho que me vou dedicar um pouco mais a questionar essa idéia... Stay well

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  3. A magia toda de Florbela neste lindo soneto.

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