Sabes se é esse o caminho que queres seguir? Gostas daquilo que a vida te está a mostrar? Fechaste uma porta que talvez não volte a estar aberta quando olhares para trás e quiseres voltar de novo ao conforto que só encontras quando estás aqui. A aventura e o risco estão presentes na tua vida, mas olhar para ti é como observar um ser perdido que não sabe que rumo seguir, que percurso tomar. Sei que existirá sempre em ti a centelha mágica que te faz querer voltar. Essa mesma luz que te guia de novo ao teu berço, lugar onde és feliz, lugar onde só importa o teu verdadeiro eu. Por vezes, gostava de entrar sorrateiramente na tua mente, desvendando os segredos que pairam sobre ti. Era uma forma de te amar cada vez mais. Também era uma forma de sofrer inconsequentemente, vítima das descobertas que poderia fazer. No entanto, sei que não me decepcionaria num ponto, o ponto principal. Não queres que eu sofra, eu sei disso. Segues em frente, mas os pensamentos estão bem cá atrás, ficaram todos em mim. Eu sei.
Porque é que segues esse caminho? O que será que existe nessa estrada perigosa de ilusões que te faz correr o risco do sofrimento? A tua impulsividade leva-me a duvidar das certezas que, porventura, terás ao arriscares tão cegamente. Sabes se é mesmo por aí que queres ir? Dava um pouco de mim para saber o que queres provar a ti próprio. Tenho medo de saber as respostas às minhas perguntas. No fundo, faço perguntas para as quais evito saber as respostas. Tanto e tanto tempo perdido, tanto que poderia ser vivido.
Quando a desilusão do erro atravessa o teu corpo ferido, percorres a estrada no sentido inverso. Procuras o consolo que tanto negas nos momentos de euforia e de risco. Eu não saí do meu lugar. É essa a certeza que te dá a força de que precisas.
Regressas e voltas a abrir a porta que não estava bem fechada.
Não tenho coragem para fechar a porta. Necessito dela aberta.
Tu sabes disso.
Volta, a porta ainda está aberta.
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