11 de maio de 2010

Bento XVI - A Visita Papal

Não me irei alongar demasiado no que diz respeito à visita de Bento XVI a Portugal. Creio que tudo o que havia para dizer e escrever já foi feito. No entanto, esta visita papal não me causa qualquer tipo de admiração ou incómodo. Aprendi, desde cedo, a respeitar as convicções e crenças religiosas de todas as pessoas. Talvez por ter nascido numa família de direita, católica e conservadora, apesar de relativamente liberal, o diálogo ecuménico sempre desempenhou um papel bastante importante. Respeito a Igreja Católica Apostólica Romana, porém, afastei-me dos seus dogmas e da religiosidade no seu devido tempo.
Seria uma imodesta hipocrisia da minha parte negar a contribuição católica para a formação de Portugal, assim como o seria se negasse peremptoriamente o catolicismo predominante existente no país. A maioria da população é católica, apesar de existir um laicismo patente na Constituição Portuguesa. Nesse sentido, é natural que os sucessivos Papas sejam recebidos com honras de Estado, até mesmo porque são Chefes de Estado de um país, o Vaticano, não obstante, a qualidade de líderes religiosos sobrepõe-se à de Chefes de Estado. É uma realidade concreta. O Papa terá, certamente, os seus conhecidos pontos de vista em relação aos valores católicos de família e moralidade que transmitirá ao Primeiro-Ministro. A realidade católica do país não pode ser ignorada. A população sente-se abençoada com esta primeira visita do Papa Bento XVI a Portugal. Também por parte das figuras de Estado existe um sentimento de religiosidade (o Presidente da República é assumidamente católico).
Apenas critico a promiscuidade político-religiosa que existe na sociedade portuguesa. As questões de fé e de Estado estão - e devem manter-se - totalmente separadas. É nesse pilar de laicidade estatal que assentam as sociedades modernas, plurais e tolerantes para com a diversidade religiosa.
Em relação à visita papal: Deus ensinou aos Homens a tolerância e o perdão. É esta a Sua palavra, independentemente das crenças individuais de cada um. Desejo, sem qualquer tipo de ironia, uma boa estadia a Bento XVI em Portugal. Não concordo com as visões retrógradas da Igreja em relação a diversos assuntos, mas a sua visita não me causa qualquer tipo de incómodo ou perturbação, como referi anteriormente. Aliás, esta visita é bastante oportuna, bem como a vitória do Benfica, numa altura em que foram anunciados aumentos de impostos. São meras coincidências que estão a ser devidamente aproveitadas...
As questões de fé são íntimas e variam conforme a educação e as crenças pessoais. O respeito pela diversidade deve ser uma preocupação constante de todos. Se é um dia importante para o país e para a sua maioria católica, esse facto deve ser aceite com tranquilidade. A tolerância também consiste no respeito pelos direitos das maiorias.

5 comentários:

  1. Tens muita razão!

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  2. Tenho acompanhado alguns debates, reportagens etc.

    De facto, também fui educado católico mas, como tu, também me afastei dos dogmas da igreja. Acredito que o mundo seria melhor sem qualquer religião (mas que elas fazem milagres, isso fazem, porque são uma companhia na dúvida, na incerteza, na solidão, etc.).

    O que me irrita muito é ouvi-los falar de tolerância, igualdade... Mas excluirem os gays. Admitirem que não seguem ondas de modernização, quando claramente o deviam fazer. Não se trata de uma questão de teimosia, mas uma questão de dignidade e humanismo.

    Enfim, gostei de ver o Papa e as consequências positivas que podem vir da sua viagem a Portugal e para as pessoas :S

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  3. Eu adoro a tua visão tão pessoal nestes assuntos... Balança entre a racionalidade e a sensibilidade mas com um toque sempre muito próprio...


    Stay Well*

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  4. A tua visão é muito equilibrada e sensata; eu não consigo ser assim, infelizmente...

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  5. Como católica, cristã e praticante, posso dizer-te que não concordo com certas posições da Igreja, assim como não concordo com a tolerância de ponto concedida pelo o Estado pela vinda de Bento XVI. Quem o quiser ver poderá usar dias de férias, além disso o país está a ficar com uma crise que acho que não é de bom tom parar só porque veio cá um Chefe de Estado, seja ele qual for.
    Bjs

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