Não me irei alongar demasiado no que diz respeito à visita de Bento XVI a Portugal. Creio que tudo o que havia para dizer e escrever já foi feito. No entanto, esta visita papal não me causa qualquer tipo de admiração ou incómodo. Aprendi, desde cedo, a respeitar as convicções e crenças religiosas de todas as pessoas. Talvez por ter nascido numa família de direita, católica e conservadora, apesar de relativamente liberal, o diálogo ecuménico sempre desempenhou um papel bastante importante. Respeito a Igreja Católica Apostólica Romana, porém, afastei-me dos seus dogmas e da religiosidade no seu devido tempo.
Seria uma imodesta hipocrisia da minha parte negar a contribuição católica para a formação de Portugal, assim como o seria se negasse peremptoriamente o catolicismo predominante existente no país. A maioria da população é católica, apesar de existir um laicismo patente na Constituição Portuguesa. Nesse sentido, é natural que os sucessivos Papas sejam recebidos com honras de Estado, até mesmo porque são Chefes de Estado de um país, o Vaticano, não obstante, a qualidade de líderes religiosos sobrepõe-se à de Chefes de Estado. É uma realidade concreta. O Papa terá, certamente, os seus conhecidos pontos de vista em relação aos valores católicos de família e moralidade que transmitirá ao Primeiro-Ministro. A realidade católica do país não pode ser ignorada. A população sente-se abençoada com esta primeira visita do Papa Bento XVI a Portugal. Também por parte das figuras de Estado existe um sentimento de religiosidade (o Presidente da República é assumidamente católico).
Apenas critico a promiscuidade político-religiosa que existe na sociedade portuguesa. As questões de fé e de Estado estão - e devem manter-se - totalmente separadas. É nesse pilar de laicidade estatal que assentam as sociedades modernas, plurais e tolerantes para com a diversidade religiosa.
Em relação à visita papal: Deus ensinou aos Homens a tolerância e o perdão. É esta a Sua palavra, independentemente das crenças individuais de cada um. Desejo, sem qualquer tipo de ironia, uma boa estadia a Bento XVI em Portugal. Não concordo com as visões retrógradas da Igreja em relação a diversos assuntos, mas a sua visita não me causa qualquer tipo de incómodo ou perturbação, como referi anteriormente. Aliás, esta visita é bastante oportuna, bem como a vitória do Benfica, numa altura em que foram anunciados aumentos de impostos. São meras coincidências que estão a ser devidamente aproveitadas...
As questões de fé são íntimas e variam conforme a educação e as crenças pessoais. O respeito pela diversidade deve ser uma preocupação constante de todos. Se é um dia importante para o país e para a sua maioria católica, esse facto deve ser aceite com tranquilidade. A tolerância também consiste no respeito pelos direitos das maiorias.
Tens muita razão!
ResponderEliminarTenho acompanhado alguns debates, reportagens etc.
ResponderEliminarDe facto, também fui educado católico mas, como tu, também me afastei dos dogmas da igreja. Acredito que o mundo seria melhor sem qualquer religião (mas que elas fazem milagres, isso fazem, porque são uma companhia na dúvida, na incerteza, na solidão, etc.).
O que me irrita muito é ouvi-los falar de tolerância, igualdade... Mas excluirem os gays. Admitirem que não seguem ondas de modernização, quando claramente o deviam fazer. Não se trata de uma questão de teimosia, mas uma questão de dignidade e humanismo.
Enfim, gostei de ver o Papa e as consequências positivas que podem vir da sua viagem a Portugal e para as pessoas :S
Eu adoro a tua visão tão pessoal nestes assuntos... Balança entre a racionalidade e a sensibilidade mas com um toque sempre muito próprio...
ResponderEliminarStay Well*
A tua visão é muito equilibrada e sensata; eu não consigo ser assim, infelizmente...
ResponderEliminarComo católica, cristã e praticante, posso dizer-te que não concordo com certas posições da Igreja, assim como não concordo com a tolerância de ponto concedida pelo o Estado pela vinda de Bento XVI. Quem o quiser ver poderá usar dias de férias, além disso o país está a ficar com uma crise que acho que não é de bom tom parar só porque veio cá um Chefe de Estado, seja ele qual for.
ResponderEliminarBjs