28 de fevereiro de 2010

Saudades de ti...

Lembras-te de como éramos? Das vezes que falámos sem pensar no amanhã? Lembras-te de como dizias que gostavas de mim? Da nossa inocência e do carinho que nutrias por mim e eu por ti? Ainda me lembro de cada vez que saímos. Tenho saudades de quando me levavas a sítios onde nunca tinha ido. Da vez em que fomos passear pelo Parque das Nações, mesmo junto ao rio. Lembras-te? Lembras-te quando eu te quis dar a mão e tu recusaste? Tinhas medo que alguém visse, que nos julgassem por aquilo que tu tanto temias. Tinhas medo de ser descoberto por algo de que não podias fugir. Lembras-te dos beijos que trocámos atrás das escadas, no colégio? Lembras-te de quando olhavas para mim com aquele olhar terno que nunca irei esquecer? Tenho saudades do teu olhar. Lembras-te de quando passavas a mão pelos meus caracóis bem definidos, que tinha na época? Ainda me lembro de quando deitava a cabeça no teu colo e tu afagavas os pesadelos que viviam em mim. Lembras-te de quando te abraçava e te apertava junto a mim? Ainda me recordo do toque da tua pele. Lembras-te de quando a mãe ou o pai me vinham buscar ao colégio, e eu fazia-te adeus pela janela do carro? Ainda me lembro que preferia andar de transportes públicos, só para estar perto de ti. Lembras-te de quando ouvíamos músicas, as nossas canções? Ainda me lembro de correr junto a ti, ao som de "Losing Grip" da Avril Lavigne. Lembras-te quando, nas visitas de estudo, fazíamos de tudo para estarmos juntos? Ainda me lembro do passeio ao Alentejo em que te sentaste perto de mim, ignorando a tua turma. Lembras-te de quando planeámos as nossas férias? Ainda me lembro da nossa viagem a Vila Nova de Milfontes, num autocarro. Ainda hoje não sei como a mãe acreditou que tinha ido pelo colégio. Lembras-te? Lembras-te de como te apoiei quando a tua mãe esteve doente? Ainda me lembro do brilho dos teus olhos quando me viste entrar no hospital. Lembras-te da época, enquanto a tua mãe recuperava, em que dormiste em minha casa? Ainda me lembro que tinhas pesadelos e acordavas angustiado. Lembras-te de quando "roubei" a tua camisola da sala de aula, enquanto jogavas futebol no ginásio do colégio? Ainda me lembro que o fiz de modo a ter o teu cheiro sempre perto de mim. Lembras-te de quando descobriste? Ainda me lembro que me abraçaste como se o mundo acabasse amanhã. Lembras-te? Lembras-te quando um miúdo, bem mais velho do que nós, se meteu comigo, começando a ofender-me com aqueles nomes feios? Ainda me lembro da forma que me defendeste, sem nunca dares a perceber o que nos unia. Lembras-te do por-do-sol que fomos ver naquele miradouro que desconhecia? Ainda me lembro dos raios finais do sol a baterem-nos nas faces.
Esta poderia ser uma carta que te entregaria. Ou mesmo uma conversa a ter contigo. Mas não é.
Nem sabes que tenho um blogue. Nunca irás ler estas palavras.
Hoje é Sábado. A esta hora os meus amigos (sabes quem eles são) devem estar algures por Lisboa ou Cascais a divertirem-se. Eu não consegui. Estou a escrever estas palavras porque me lembro de ti.
Às vezes vejo-te. Mas não és o mesmo. Falamos, mas nunca como dantes.
Ainda te lembras?
Eu nunca me esqueci.

4 comentários:

  1. Texto muito bem estruturado, apesar de dramático. É uma prosa mas há um lirismo subjacente.
    Gostei muito,
    Bjs.

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  2. Eu não acho dramático, mas acho-o muito bonito.
    Estes sentimentos que balizam as nossas vidas, nem sempre cumprem as regras do happy end, embora não tenham que ser necessariamente dramáticos, talvez apenas tristes, mas também muito úteis para o encontro com o verdadeiro amor.

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  3. Awwww!! *w*

    Tão lindo!! ^^

    Adorei! :3

    O destinatário da carta nem imagina a sorte que teve entre mãos...

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