Apesar dos dias de sol serem mais alegres e divertidos, confesso que adoro uma boa chuva, não tanto estando por baixo dela. Os dias de chuva têm uma mística especial e tornam as pessoas mais melancólicas. Esta passagem de 2008 para 2009 adivinha-se chuvosa, mas já não é o dito popular que nos diz que a chuva abençoa? Pois bem, a chuva para além da sua função reguladora do clima e dos seus benefícios nomeadamente para a agricultura, também torna os dias mais especiais. A cor cinzenta do céu, o barulho dos pingos a caírem na rua e baterem nas janelas é apetecível e sabe bem. É sabido por todos que os dias chuvosos são péssimos para as mentes depressivas, e existe de facto uma relação entre a chuva e os suicídios. As pessoas têm tendência a relacionar a boa disposição com o Sol, no entanto, nem sempre o mesmo sucede; o factor genético-emocional atribui ao estado metereológico a responsabilidade meramente pessoal de insatisfações mundanas, contendo, por vezes, certas incongruências que resultam em paradoxos de alegrias em dias de chuva. O mesmo, ficando devidamente provado o nexo de causalidade, não poderia acontecer.
O que de todo não consigo compreender é a estranha (ou não) relação entre a precipitação e o amor. A chuva esteve sempre associada ao romantismo; será pela sua misticidade? Ou teremos novamente o factor emocional a comandar as interpretações humanas? Existe sempre a necessidade de tudo justificar, criando cenários que preencham a imaginação humana...
Na Idade Média, a chuva era atribuída a S. Pedro que tinha o poder de usá-la segundo a sua vontade, criando o mito popular de que a precipitação seria a urina do Santo. O Homem tudo explica quando a sua compreensão não atinge a verdade científica, que até essa é relativa! Era-o antigamente, e continua nos dias de hoje ainda com a chuva.