12 de março de 2024

André Ventura.


   André Ventura é, hoje, uma das figuras mais controversas do panorama político e social português. Há quem goste dele, há quem o odeie. A mim, não me é tão repulsivo. Não lhe faço o cordão sanitário que muitos na política e na comunicação social lhe fazem, e que ele tanto agradece, e concordo com algumas das suas bandeiras. A imigração, por exemplo. Estou do lado de Ventura quando diz que devemos limitar a imigração. Portugal tem, não sei se sabem, quase 1 milhão de imigrantes. Chocamo-nos com o 1 milhão de votos no CHEGA (e o meu não está lá, já agora), mas muito pouco com 1 milhão de estrangeiros a viver num país tão pequeno; também parece que não nos assusta a criminalidade violenta que está a aumentar. Por quanto tempo mais Portugal figurará entre os países mais seguros e pacíficos do mundo? 

    Ventura implica com os ciganos; eu, quiçá, com os brasileiros. Se viessem menos, não estaria mal. Entretanto, há outras bandeiras do líder do CHEGA que não partilho, designadamente a prisão perpétua e a castração química de pessoas. Limitar a imigração bastaria para reduzir grande parte da criminalidade violenta, estou em crer, embora a comunicação social nos tente fazer ver o contrário, quer negando as evidências, quer ocultando deliberadamente a origem dos criminosos.

    Como em tudo, André Ventura não é nenhum monstro; não é o bicho-papão da ditadura que vem aí. É um homem que diz aquilo em que acredita, e depois compete a cada um de nós concordar ou discordar - e parece que até há mais de 1 milhão que concorda. Eu discordo de muito, desde logo do estilo, e concordo com outro tanto. Creio que Ventura, em algumas matérias, diz o que muitos pensam e não dizem e quer fazer o que outros tantos não têm coragem de fazer, ainda que pudessem.

4 comentários:

  1. Melhor a AD aliar-se ao Chega e governar do que irmos a eleições. 4 vezes mais, há muito revoltado que diz que vota esquerda mas na realidade?!
    Há muito lápis rosa e ainda dizem que estamos numa democracia
    Abraço amigo

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    1. Há uma corrente que diz que seria importante deixar que o CHEGA participe de uma solução governativa para ver, afinal, do que são capazes.

      Um abraço,
      Mark

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  2. Mark, claro que esta personagem é uma entre muitas. Ele representa o "canto da sereia", e é um homem esperto - mais "espertalhoco" (já o mesmo não digo dos seus seguidores)!!!!
    No passado, tivemos um Salazar (sob cujo regime nasci, e conheci bem), e, a par de outros totalitários (como Hitler, por exemplo, mas há mais), estes personagens aproveitam-se dos descontentamentos da população para aparecerem como salvadores da pátria. Nada mais fácil do que aproveitarem-se de situações de descalabro para aparecerem nos seus cavalos brancos, de armadura cintilante, para mostrarem o caminho aos pobres dos mortais, que não têm esta clarividência...
    Trump é outro que tal, revestiu-se da mesma armadura, e regressa com nova dose para mais uma eleição ... estou curioso!!!

    Não pretendo convencê-lo a si ou a quem quer que seja de nada, simplesmente estou a destacar factos que não comento nem elaboro mais porque são por demais conhecidos da nossa história, basta procurar a informação. Hoje até temos a "Santa Madre Internet"!
    Não quero acreditar (nem acredito) que as populações alemãs ou portuguesas fossem burras ou estúpidas quando seguiram Hitler ou Salazar nos seus postulados doutrinários e medidas de governo, simplesmente estes homens apareceram com um discurso que ia de encontro às aspirações de muita gente.
    Sempre percebi que as pessoas não querem ser convencidas de nada, nem sequer estão abertas ao diálogo, querem é ver as suas teorias e crenças confirmadas, para se sentirem bem consigo mesmas. Ou encontrar alguém que dê voz aos ensejos que têm pejo em colocar preto no branco. Alguém que dê voz ao que acreditam, mas que têm vergonha de expor publicamente. Este personagem de opereta bufa apareceu e deu voz a uma grande camada da população que está farta de uma rotatividade inócua e oportunista de dois grandes partidos ditos centristas, apoiados pelos seus apaniguados. Mas deixem-no assumir o poder e veremos o que vai acontecer ... infelizmente chegará o tempo em que tal sucederá. Oxalá a fatura não seja demasiado elevada.

    Não digo que o Mark esteja fechado ao diálogo, pois é uma das poucas pessoas, que conheço que utiliza o raciocínio que lhe foi dado (e que também desenvolveu, pois nem tudo é inato) e que se mostra apto a refletir, e a "voltar atrás, se tal for o caso", como aliás lhe disse num comentário anterior. Tem essa capacidade, que lhe admiro, não é para todos!!!
    Igualmente não pretendo estar correto, e, nem sempre estou seguro do que acredito, recuso-me é seguir os outros só por que sim (e nisto sigo o poema de José Régio: "O Cântico Negro", tão magistralmente interpretado pela Maria Bêthania, e que não canso de ouvir).
    Penso pela minha cabeça e sigo o meu caminho, que não é este que vejo esta sociedade seguir.
    Mas estou sozinho, sinto-me sozinho, no entanto, não quero iniciar qualquer corrente de pensamento nem estabelecer escola do que quer que seja.
    Quero passar despercebido, para que me deixem viver e pensar por mim mesmo.
    Cumprimentos
    Manel

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    1. Manel,

      Tem toda a razão. Sei bem que Ventura é um oportunista, no sentido clássico do termo, sem intenções pejorativas. Aproveita-se do clima político e social actual para crescer. Algumas das suas ideias chegam a assustar-me, como a prisão perpétua -fomos o primeiro país a aboli-la- ou a castração química de pessoas; pedófilos, porém pessoas.

      Sim, eu reconheço quando me equivoco, e consigo mudar de opinião. Não sou nada teimoso, obstinado ou orgulhoso. Quando vejo que me enganei, retrato-me, e faço-o pelo mesmo meio onde expus o erro. Ventura a mim não engana, mas, pergunto eu, não será melhor lidar com um que diz ao que vem do que com outros que, aparentemente, são politicamente correctos e que, por trás, pensam o mesmo e fazem o contrário daquilo que pensam? Com Ventura, sabemos mais ou menos com o que podemos contar: muito, ele próprio diz; o resto, conseguimos imaginar e antever. Com isto não estou a dizer que o quero ver a governar. Nem sequer votei no CHEGA. Entretanto, não me parece que seja um ditador. Falta-lhe estaleca para isso. Ventura representa uma extrema-direita que ascende um pouco por todo o mundo. Defende tudo e o seu contrário e vai exactamente ao encontro das aspirações e ansiedades das pessoas comuns.

      Cumprimentos,
      Mark

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