20 de novembro de 2023

Sara Tavares (1978-2023).


   Sabia que a Sara tivera um cancro cerebral há uns anos. Julgava-o superado, e foi com enorme surpresa e consternação que tive conhecimento da sua morte, tão precoce, com 45 anos. A Sara era aquela menina de voz doce, das primeiras artistas portuguesas saídas de um talent show que conseguiram vingar. Fez da sua carreira o que quis, interpretando temas muito pessoais, sobretudo sonoridades da terra dos seus ancestrais, Cabo Verde. Perde-se uma grande artista, original, e uma referência da cultura musical nacional. Estou muito triste.



19 de novembro de 2023

A actualidade política espanhola.


   Não sei até que ponto o cidadão médio português está a par da actualidade espanhola. Espanha é um caldeirão social, já se sabe. Desde 2017, pelo menos, com a declaração unilateral de independência por parte da Catalunha, que quase todo o discurso político gira em torno dos independentistas e do perigo de sedição. Discute-se agora uma lei da amnistia. Houve eleições há uns meses, o partido mais votado foi o PP, porém, não conseguiu a maioria dos deputados do Congresso para conseguir governar. A investidura de Alberto Feijóo saiu falhada. Há uns dias, o líder do segundo partido mais votado e actual Presidente do Governo logrou a investidura ao conseguir o apoio dos partidos independentistas. Pedro Sánchez quer fazer passar no parlamento espanhol uma lei de amnistia para os envolvidos no 1 de Outubro de 2017, o mesmo que se dizer Puigdemont e demais “conspiracionistas” da DUI (declaração unilateral de independência).

   A já dividida sociedade espanhola ainda o está mais: entre os que apoiam a lei da amnistia e os que acreditam que esta põe em causa a unidade de Espanha, e a mim entristece-me e inclusive indigna-me ver tantos portugueses de responsabilidade, políticos designadamente, a apoiar a tal unidade de Espanha, ignorando que Portugal existe como entidade soberana e independente por contraposição a essa unidade; negando às demais nações peninsulares o direito à liberdade, a liberdade de que Portugal desfruta porque se insurgiu contra a hegemonia espanhola que impede que catalães, bascos e galegos possam escolher entre manter o vínculo a Madrid ou seguir o seu próprio caminho. É hipocrisia, é ignorância, é má vontade e é submissão ao Estado espanhol. 

9 de novembro de 2023

Leaving Neverland.


    Ontem vi uma parte do documentário “Leaving Neverland” sobre os abusos sexuais a crianças por Michael Jackson, e é absolutamente nojento o que aquele homem fez durante anos, justificando-se com uma “infância perdida” e utilizando o seu prestígio universal e incomensurável fortuna para atrair aqueles miúdos. 

   Estou-me borrifando para os fãs de MJ, que montam todo um esquema em sua defesa; só o simples facto de expor aquelas crianças a situações susceptíveis de gerar inquietação e alarme social chegaria para parar o seu próprio comportamento, se fosse bem intencionado, como dizia que era. 

   Desde quando é normal que um homem adulto durma com uma criança com a qual não tem nenhum vínculo familiar? Michael Jackson, independentemente do artista, foi um pedófilo, um predador sexual, que infelizmente não pagou pelo que fez.


8 de novembro de 2023

Francisco, é para ti.


   Honra lhe seja feita. Eu não sou de tributos nem homenagens, porém, neste caso, falo-vos de uma pessoa aqui da blogosfera (Um Deus Caído do Olimpo) que durante anos a fio nos foi avisando dos perigos de ter esta “esquerda” corrupta no poder, primeiro com Sócrates, depois com Costa. Foi criticado, enxovalhado -lembro-me de um velho que andava aqui na blogo, um que tinha um namorado do leste a quem sustentava para não dizer que estava sozinho, um socialista acérrimo-, gozado, e afinal tinha razão. Sim, Francisco, tinhas razão. Tinhas razão em tudo o que disseste; quando nos alertavas para os perigos desta “esquerda” corrupta, designadamente o Partido Socialista, que procura o poder para favorecer os seus membros e dirigentes. Tinhas razão, tal como Manuela Moura Guedes, que também foi perseguida e criticada quando investigava Sócrates, e cuja razão mais tarde se veio a verificar.

    É bastante provável que tenhamos eleições em Janeiro. Por favor, NÃO VOTEM PS. 

7 de novembro de 2023

O fim de uma era.


   Fomos todos (ou nem por isso) apanhados de surpresa com a demissão de António Costa depois de quase 8 anos no poder. Um governo aparentemente estável, com maioria absoluta no parlamento, um presidente da república favorável, com todas as condições de terminar a legislatura. Talvez não termine, e seguramente não com Costa, cujo pedido de demissão foi prontamente aceite por Marcelo. Estão em causa alegados crimes de corrupção e tráfico de influências relacionados com lítio e não-sei-o-quê. O chefe de estado fala ao país na quinta-feira, e tem uma de duas opções: ou dissolve o parlamento e convoca eleições antecipadas, ou, no quadro da actual composição parlamentar, escolhe um outro primeiro-ministro para chegar ao fim da legislatura. Imagino, direi eu, que se decida pela primeira hipótese, devolvendo a voz ao povo.

    Estes casos não dignificam a nação e as suas instituições, e o PS tem sido profícuo em escândalos, primeiro com Sócrates e agora com Costa, já que ambos foram ou serão investigados. Isto abala a credibilidade do país, e parece-me que o PS, dentre todos, é o pior. Estou farto dos socialistas. A verdade é que, com o PS no poder, tudo termina invariavelmente mal. A história tem-no confirmado.


2 de novembro de 2023

Dia de Finados.


   Hoje pus-me a pensar em todas as pessoas que perdi. Foram muitas. Com trinta e sete anos, não tenho mãe, pai, avós (excepto uma avó velha com quem não me relaciono). Em ano e meio perdi toda a minha família, uns para o cancro, outros de morte “súbita”. E sinto-me como aqueles velhotes que já não têm ninguém. Tenho o meu marido, que me ama e cuida de mim. É tudo. Não me resta mais ninguém. Há umas ramificações colaterais que não têm importância, é como se não existissem (refiro-me a tios, primos).

    Não quero que ninguém tenha pena de mim (“olha, coitadinho, não tem família”). Nem tão-pouco o digo para surtir esse efeito. Digo-o como forma de me lamentar, porque, no fundo, é triste. Eu sabia, pelo estilo de vida que levavam, que não teria pais por muitos anos, e admito que sinto inveja quando vejo alguém com a sua mãe. Já não tenho a quem possa chamar mãe. O bom é que não choro. Fiquei impenetrável. Seco. Creio que nada mais me assusta nesta vida, miserável vida, e que me perdoe se peco, quem de direito.

1 de novembro de 2023

Laços de Ternura (1983).


   Há filmes tão bons, com interpretações inesquecíveis, que nos ficam na memória. Posso rever o Laços de Ternura vezes sem conta que não me aborrecerei. Ganhou, em 1984, quase todos os prémios cinematográficos que havia a ganhar. É um drama intenso sobre a relação muito próxima, muito especial, entre uma mãe e uma filha. Depois sobrevem a doença da filha, e o filme ganha um contorno tremendamente dramático. É triste. Deixa-me triste. Nunca fui de chorar com filmes, e também não choro com este. Fala de cancro. Poderia chorar, afinal, a minha mãe morreu de cancro. A minha avó também. Acho que estou impenetrável, como uma pedra dura. Entretanto, identifico a dor alheia, solidarizo-me com ela, até na ficção. É este filme toca nesse ponto, e fá-lo de forma sublime. Tão bom.