25 de janeiro de 2023

Que futuro?


    Embora viva longe (e vai entre parêntesis porque a distância é relativa, sobretudo nos dias que correm, com os meios de informação de que dispomos), continuo a acompanhar a actualidade social e política em Portugal. A sensação que me dá é a de que tudo vai muito mal. No governo, os casos de corrupção sucedem-se abruptamente, perante a parcimónia do Chefe de Estado e dos cidadãos. O custo de vida aumenta a um ritmo impressionante, a especulação imobiliária também. A gestão das finanças torna-se o mais difícil dos desafios. Há fome. Há frio. Muitos não conseguem aquecer as suas casas pelos valores exorbitantes das facturas da luz. Aonde iremos parar? Não há prazer algum na vida das pessoas. Procuram ultrapassar cada dia da melhor forma sem daí retirar nenhum proveito. É por isso que compreendo a euforia com vitórias desportivas, citando. Realmente há que encontrar um escape para uma realidade diária tão complicada. Uma ilusão. Algo que faça com que cada um se evada dos seus problemas. 

    Os portugueses não são pessimistas, tristes e melancólicos por que queiram; são-no porque não têm motivos para sorrir. Venderam-lhes sonhos que não se concretizam. Os avanços e as conquistas são tão lentos e escassos que não originam nenhuma satisfação. Olhamos para trás e constatamos que melhorámos, mas a comparação temos de a fazer não relativamente ao nosso passado, senão àqueles que nos servem de referência, e que já nesse passado gozavam de melhores condições do que nós naquele então. Teremos sempre de nos contentar com o poucochinho, quase nada, com o espólio e o engano?

4 comentários:

  1. Uma Maioria de Esquerda desde 2015
    O que dizer?! Foram no engodo de acreditar que estávamos equiparados a um país do Norte da Europa e afinal, já estamos a caminho para o final, atrás da Roménia ou Bulgária. Países de Leste que entraram na UE há pouco mais de 20 anos e já nos ultrapassam.. Pois é
    O medo do bicho papão da Direita e em breve Lisboa será Hotéis e AL
    Abraço amigo

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    1. Isso da Roménia nos ultrapassar em 2024 também me assustou. Parece inacreditável.

      Não sei que te diga, se é um problema da esquerda, da direita. Será um problema de todos, porque ambos os quadrantes já governaram e têm responsabilidade nisto.

      Um abraço, amigo

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  2. Gostei da sua análise, pois parece-me muito clara e verdadeira.
    Esse é mesmo um dos muitos problemas de Portugal.
    Estas euforias desmedidas em torno do desporto indicam que a situação é tão complicada, que necessitamos que nos revejamos nos sucessos de uma dúzia de pessoas que disputam um qualquer jogo em encontros internacionais, já que no resto estamos sempre na cauda de uma europa, que tem tradição de se fazer valer por outros meios mais fortes e válidos que não o desporto.
    Vivemos numa época de grandes incertezas e de governos de maioria, e, talvez por isso, a cupidez da classe política, os excessos praticados por uma minoria que se autorga direitos que ninguém lhes deu, o nepotismo, os desvios de fundos e a corrupção generalizada estão na ordem do dia, e, graças a uma comunicação social que vai funcionando (ainda que seja uma informação inquinada e tendenciosa), somos elucidados e, muitos de nós (incluo-me neste número) deprimem-se e perdemos a vontade de lutar contra esta mole infernal - creio que é este mesmo o objetivo dos poderes, que fiquemos inativos por estarmos deprimidos.
    Ainda que algo redutora, a sua análise é muito acutilante e concisa.
    Cumprimentos para vós
    Manel

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    1. Olá, Manel

      Não sei se lhe chame análise. Foi um desabafo, um grito de revolta. Os anos sucedem-se e não saímos do marasmo. Portugal tem potencialidades se não houvesse tanto corrupto a desviar dinheiro que devia ser aplicado em benefício de todos. Os melhores países do mundo são os que têm menores índices de corrupção -Escandinávia-, pelo que me parece que o problema está identificado. Independentemente de cores políticas, a postura perante o bem comum , a riqueza produzida pela nação, determina este caos e, na maior parte dos casos, desespero e revolta.

      Cumprimentos.

      Mark

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