4 de janeiro de 2022

A vacinação.


    Encarei a vacinação contra a COVID, inicialmente, com cepticismo, não porque negasse a doença ou desconfiasse da eficácia da vacina, senão por temer os seus efeitos secundários. Quando me preparava para receber a primeira dose, algures em meados do ano passado, quando começou a campanha de vacinação da população, soube-se daquelas mortes em quem recebeu a vacina da AstraZeneca. Estava o caldo entornado. Fui medricas e avisei logo o M., que é médico, que preferiria esperar por uma ocasião mais adequada, quando realmente me sentisse preparado.

    As vacinas, como de resto qualquer medicamento ou tratamento médico, dizem respeito a cada um. Num momento em que se discute o direito de cada qual de escolher quando a sua vida deve terminar, quando temos em vigor o testamento vital que estabelece quais os tratamentos que serão ou não administrados segundo a vontade de quem o firmou; quando, no fundo, e é disso que se trata, cada vez mais entendemos que o corpo e a saúde estão na disponibilidade de cada pessoa, parece-me incoerente que tenhamos outra medida com as vacinas, sobretudo porque não evitam a infecção; diminuem os seus efeitos. É do interesse individual, que se repercute no colectivo, claro está, a toma da vacina. Depois podemos discutir se quem se decidiu pela não vacinação deve pagar os seus tratamentos, e é uma discussão que não considero de todo infundada, mas que foge ao propósito desta publicação.

   Vacinei-me, não mentirei, também para poder viajar. No Verão, no Algarve, tive uma experiência desagradável ao não estar vacinado, e a preocupação com as sequelas de uma possível infecção, tudo junto, mais a garantia de que as vacinas agora são totalmente seguras, levou a que me decidisse vacinar no final de Novembro, a primeira dose, e a segunda no final do mês passado. Estou totalmente imunizado, uma vez que a terceira dose reforça a imunidade após seis meses da administração da segunda.

     No período em que estamos, deixei de entender os receios de uma parte da população, ínfima, quanto à vacina. As teorias da conspiração mais as fakes news fazem parte de uma campanha de ignorância que pretende descredibilizar a ciência. Milhões e milhões de doses foram administradas em todo o mundo, doentes crónicos, pessoas acamadas, até crianças já se vacinaram, entretanto. Não é medo, não é precaução. É incúria e cobardia. É excesso de redes sociais também. Quero acreditar que há vinte anos a vacinação não geraria tanta celeuma.

     Se não estão vacinados, vacinem-se. Não custa nada, e se tiverem sorte nem dor de braço terão, como eu.

4 comentários:

  1. Na segunda dose tive imensos sintomas e foi horrível. Nem quero imaginar a terceira (sim, já sou idoso AHAHAHA).

    Quando fui chamado, aceitei logo sem hesitar. Confio na ciência e acima de tudo, achei que estava a proteger, mais do que a mim, aqueles que gosto e que me são próximos. Também o facto de ter recebido a vacina da Moderna, confesso que me tranquilizou mais. Mas acho importante esse gesto, e mais do que uma vontade individual, acho que se devia pensar mais no coletivo.

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  2. Quando há algum tempo atrás, referiu que não tomaria a vacina, fiquei absolutamente incrédulo. Porquê?
    Se tanta gente foi vacinada, se se continua a administrar as vacinas ininterruptamente, qual seria a razão.
    Na altura não lhe deixei nenhum comentário, pois cada pessoa sabe da sua vida e fará as suas escolhas, no entanto, e está implícito, as escolhas têm preço.
    Fico feliz ao saber que a razão falou mais alto, e que decidiu pela toma da vacina.
    Eu, que já vou na 3ª, iria na 4ª, se houvesse, ou quando estiver disponível, lá darei o corpo ao manifesto.
    Não por mim, que, creio, seria sempre assintomático ("vaso ruim não quebra", lá diz o ditado), mas porque torna a vida mais fácil em termos profissionais e no acesso aos locais onde nos exigem tal prova, porque não damos preocupação aos que nos querem, e, por último, porque me permite viajar de forma mais confortável.
    Mas, devo admitir, conheço cada vez mais pessoas que não o fazem e vêm-me com teorias de conspiração, que estamos a ser alvo de controlo pelos respetivos governos ... histórias da carochinha para adormecer gente tonta, porque controlados andamos todos nós!!!!
    Temos um número para tudo, para a ADSE, para o IVA, para o cartão de saúde, para a Segurança Social, para poder participar em qualquer eleição, para o cartão multibanco ou para a conta bancária, para o MBway e se continuasse a pensar bem, ainda encontraria mais de uma dúzia de locais para os quais necessito de um número para me poder movimentar. A nossa vida está regulada por números que, para o bem e para o mal, nos definem e caraterizam.
    Porquê este medo do controle, e logo com uma vacina que pode salvar a vida às pessoas, de acordo com as provas científicas que têm vindo a ser dadas, comparando com os números de mortos quando ela não existia?
    Continuo sem perceber os negacionistas. Se tiverem de negar algo, que seja com algo que realmente valha a pena, que lhes pode colocar a segurança em risco.
    Porque não acreditam em algo que foi desenvolvido em tão pouco tempo ... mas com que base científica se permitem desconfiar de algo que tem provado exatamente o contrário? Mas, ainda assim, respeito as suas decisões, se elas forem tomadas de forma conscienciosa, e se, posteriormente, como repercussão das suas escolhas, não se permitam gastar dinheiros públicos e encham urgências e camas que tão necessárias são nos hospitais que, afinal, são de todos, se acaso ficarem doentes (quando afinal bastaria tomar uma vacina que até lhe é ministrada de forma gratuita).
    Lamento sinceramente as famílias que, depois, têm de carregar o fardo, se essas pessoas adoecerem de forma grave.
    Ao longo da minha vida recebi tantas vacinas, mas mesmo tantas, que já lhe perdi a conta. Facilitou-me a vida e deu-me alguma confiança para poder viver em sociedade, sem medo de contagiar ou de ser contagiado.
    Ainda bem que o Mark está vacinado. Um bem haja
    Manel

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    1. Olá, Manel.

      Tem razão. O que se passa é que esta vacina foi aceite no plano de vacinação num curto período de tempo entre a sua elaboração, período de testagem e administração na população. É natural que as pessoas reflictam, e até acho que é saudável que o façam. Podemos e devemos discutir o que nos é aplicado no corpo. É um direito nosso, aliás.

      Eu, repito, preferi esperar, e isso deveu-se sobretudo às mortes relatadas entre quem lhe viu ser administrada a vacina da AstraZeneca. Quando me senti mais confortável, falei com o M. e vacinei-me. Confio na ciência, mas também sei que há erros, e que os erros se corrigem.

      Cumprimentos!

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