Há uns poucos anos, o dia 5 de Maio foi institucionalizado como o Dia da Língua Portuguesa no seio da Comunidade de Países de Língua Portuguesa. Cada país comemorá-lo-á na sua data. Em Portugal, por tradição, a 10 de Junho, Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades; no Brasil, a 5 de Novembro, Dia Nacional da Língua Portuguesa. O dia de hoje passou relativamente despercebido entre os cidadãos lusófonos, acompanhando a fragilidade da própria CPLP. Irei falar pouco da organização, que, recordo-me, escrevi sobre ela há uns meses.
Em que patamar estamos quanto ao nosso idioma? Pelo que venho percebendo, a língua portuguesa vem suscitando o interesse de milhões de não-lusófonos. Pela China e pelo Japão, ganha adeptos. O desditoso Acordo Ortográfico, que jamais logrou o consenso e que ainda carece de ratificação por parte de alguns Estados-membros da CPLP, está em vigor com lacunas e com falta de suporte popular, aqui e no Brasil, que os PALOP e Timor têm mais em que se preocupar. No plano das ideias, é bom ter um idioma unificado, idealmente uniformizado. Quem conhece o Acordo, sabe que a uniformização é uma falácia. As omissões são mais que muitas. A eliminação de sinais gráficos e de determinadas consoantes tornou, em alguns casos, vocábulos em aberrações ortográficas, esteticamente feias, linguisticamente intoleráveis.
A despeito das polémicas, é de saudar a unidade da língua. É ainda de saudar que os países africanos que foram antigas províncias ultramarinas a tenham adoptado como seu idioma oficial, veicular. Que o Brasil a use, ao seu jeito, com desinvestimento dos sucessivos governos na educação e com milhões que a dominam mal, mas que a use e que lhe chame aquilo que ela é, portuguesa. Que os timorenses a queiram aprender cada vez mais. Em quinze anos de independência, passámos de 5 % para 20 % de timorenses que conseguem expressar-se em português, provavelmente longe do domínio aceitável, mas encarando-a como elemento identitário e diferenciador. Ora, temos, lusófonos, de observar o lado positivo. Temos um idioma uno. Há, por parte das entidades governativas, vontade em mantê-la coesa. Em ensiná-la. O Instituto Camões, que vem-se substituindo em competências ao Instituto Internacional da Língua Portuguesa, está presente em variadíssimos países. Centenas de milhares de alunos aprendem-na com avidez. Namíbia e Uruguai são dois exemplos de países que, pela proximidade a Angola e ao Brasil, respectivamente, vêem uma mais-valia na inclusão da língua portuguesa nos seus currículos.
Um dos principais desafios para as próximas décadas, a par da propagação do idioma em países alheios à lusofonia, é o de se cimentar a língua portuguesa nos falantes maternos, procurando-se que estes atinjam um domínio culto do idioma, que consigam formular raciocínios bem estruturados, com uma ortografia e uma sintaxe aceitáveis. Não basta saber falar; há que saber falar bem. O futuro da língua portuguesa depende do grau de domínio dos seus falantes, sob pena de uma crioulização, uma simplificação rotineira que, a longo prazo, poderá comprometer a existência do idioma tal qual o conhecemos.
O que dizer ou acrescentar depois de uma preciosidade desta
ResponderEliminar" Um dos principais desafios para as próximas décadas, a par da propagação do idioma em países alheios à lusofonia, é o de se cimentar a língua portuguesa nos falantes maternos, procurando-se que estes atinjam um domínio culto do idioma, que consigam formular raciocínios bem estruturados, com uma ortografia e uma sintaxe aceitáveis. Não basta saber falar; há que saber falar bem. O futuro da língua portuguesa depende do grau de domínio dos seus falantes, sob pena de uma crioulização, uma simplificação rotineira que, a longo prazo, poderá comprometer a existência do idioma tal qual o conhecemos."
Beijão
Obrigado, meu amigo. :)
Eliminarum abraço grande.
Hoje é o Dia do Português do Brasil :) Quando nós falamos, do outro lado ouvimos um OI
ResponderEliminarehehehehehehehheheheheheh
Grande abraço amigo
Só tu. :)
Eliminarum abraço grande.