Perguntaram-me, há tempos, o que me levava a não acreditar no amor. Desde logo, o primeiro embate: «Como assim não acreditas no amor?» Senti-me a derrubar um edifício de fundações sólidas. Não quis ser alarmista, nem trazer a desilusão nas minhas palavras. A vida é tão curta. Para quê confrontar as incertezas com as evidências? Antes passá-la na ignorância, que mais tranquiliza e menos apoquenta.
O amor é eterno. Não se compadece de fases, de períodos. Ou é, ou não é. Não muda de semblante, como nós. Não acorda risonho ou assombrado, mal disposto ou animado. Refuta as necessidades. Faz-se sentir permanentemente. A contrario, o que difere, ao mínimo, não pode ser amor.
Na medida em que é sublime e infinito, não cessa. Se há a menor hipótese de findar, não é - nunca foi - amor. Foi um bem-querer, um acarinhar, um suprir carências. Um mero gostar. Designam de amor o que é paixão, o que é tesão.
O amor é unilateral. Prescinde de correspondência. O amor pode ser uma via de sentido único, muito embora não o seja, forçosamente. O amor é cego e surdo. É sentimento robusto. Gosta de mimos, mas sobrevive à sua falta.
O amor não se despede com um adeus inundado de razões, através de derradeiros telefonemas ou mensagens escritas. Diz-nos até já, com um beijo, um abraço. O amor deseja a presença, conseguindo subsistir na saudade.
Tudo isso existe. Tudo isto é amor. Respondendo, acredito, sim, no amor. No amor.
Estás doido, escreveste tesão. Loucura!
ResponderEliminar"Tesão", em português do Brasil, não tem o mesmo significado que damos por cá. É desejo. Foi isso que quis dizer. :)
EliminarNão tem ou é usado com maior liberdade... Tesão para mim é desejo vá.
EliminarPelo que li, no português europeu, seguido também pelos PALOP e por Timor, também pode, num sentido habitualmente pouco utilizado, significar desejo. Desejo sexual, claro está. Nós é que somos maliciosos. :)
EliminarTesão é vontade, não só mas também de sexo dear. Ou então todas pessoas brasileiras que conheço me mentiram. Mas não tem um significante só inocente, which hey não é mau, tesão é fixe.
EliminarContinuo a dizer, tás doido. :P
Sim, é isso. Desejo, vontade. Sexuais. Não é nada inocente. :)
EliminarHahah, achei que "tesão" exprimiria melhor o que queria dizer. Quis referir-me a algo mais do que puramente desejo. Mais carnal.
Também fiquei parvo quando li "tesão". XD
EliminarHá quem diga que nada é eterno, mas pode ser eterno enquanto dure :)
ResponderEliminarSe eu posso passar a vida sem gostar de favas, porque não poderei encontrar algo que dure toda a minha vida?!
Grande abraço amigo Mark
Será sempre eterno enquanto dura. Julgam, se tanto.
EliminarAinda que dure a vida toda, poderá não ser amor. Poderá ser, entretanto. Temo que as minhas leituras sejam enviesadas pela minha experiência pessoal, mas, no meu entender, o amor pressupõe algo mais do que a relação dita "amorosa" entre duas pessoas.
um grande abraço, amigo.
Amor não é perfeito nem sempre mar de rosas. Amor é bom e mau. Amor e sexo, amor é carinho, amor é ciume, amor é zangas e discussões, amor é conforto, amor...
ResponderEliminarÉ. :) Eu preocupei-me em esclarecer o que, quanto a mim, não é amor.
Eliminarque belo texto, Mark. tão lindo e tão bem escrito. e tão verdadeiro. percebi tudo o que disseste e concordo com tudo. absolutamente.
ResponderEliminarEu sei que percebeste. És um homem sensível.
Eliminarum grande abraço, Miguel.
fiz um postinho sobre o teu texto :)
EliminarObrigado, Miguel. Passarei por lá. :)
EliminarAmor, um termo desgastado pelo tempo e pela estupidez humana. Acredito no Amor. Coisa maior q persiste enquanto um projeto de bem querer acima de tudo. Amar é um processo q exige cuidados constantes. Ele supera tudo e, definitivamente, está muito além da paixão.
ResponderEliminarEstá acima de todos os condicionalismos e circunstancialismos.
EliminarMuito, muito banalizado, desafortunadamente.
Awww adorei este texto! Tal como Eolo, quando li tesão fique, "omfg!" xD
ResponderEliminarÉ certo que percebi que te estavas a referir a outra conotação que não o "calor do momento", mas achei a sua graça. :)
Com este texto expuseste a verdade sobre o amor!
Subscrevo :)
Uma palavra faz a diferença. Esta trouxe exactamente o sentido que queria dar. É algo mais animalesco, mais imediato. O prazer por prazer.
EliminarPode ser o calor do momento. Pode ser tudo. :) Mas não quis ser obsceno, não. O vocábulo deve ser contextualizado. Sei que não chocaria. Que, provavelmente, surpreenderia.
Deixei a blogosfera e confesso não estar arrependido, peço perdão pela sinceridade, pela mediocridade que campeia no geral hoje na blogo.
ResponderEliminarSó quem tem muitos anos de blogosfera se pode recordar de blogs memoráveis.
Mas continuo a seguir meia dúzia de blogs que são a excepção ao que aponto, e sou obrigado a destacar dois deles pela excelência do seu conteúdo, e não pelos laços afectivos que me ligam aos seus autores.
Um deles é "um voo cego para nada", do Miguel Nada e o outro é este teu espaço.
E se em relação ao blog do Miguel não tenho quaisquer responsabilidades (quando eu me iniciei, já ele por aqui andava), quanto ao teu, tenho muito orgulho em ter-te ajudado a vencer aquela primeira fase, em que um blog é desconhecido e a poucos chega; aí eu apostei muito em ti, eras muito novo, algo imaturo no agir, nunca no pensar e eu sempre gostei muito da tua forma de comunicar.
Este teu post é um exemplo magnífico do que digo. Podia figurar num texto alargado sobre o amor, com opiniões diversas, pois todos temos uma visão pessoal do amor, mas poucos sabem descrevê-la com a clareza que tu aqui mostras.
Por isso, abro uma excepção e aqui estou a comentar, com um imenso prazer e com um justo apreço as tuas palavras.
Compreendo bem o teu sentimento em relação à blogosfera, querido João. É legítimo.
EliminarO teu espaço, no seguimento do teu comentário, é um dos que sinto mais falta. Um blogue ímpar. Muito pessoal, muito próprio. Muito rico em conteúdos. Ainda confio que reconsideres, regressando ao nosso convívio.
Tenho um enorme carinho por ti, também - mas não só - por teres sido das primeiras pessoas a acompanhar-me. Já foi há tantos anos! Seguiste o meu crescimento, o meu amadurecimento.
Muito obrigado pelas tuas gentis palavras, e por ser merecedor da tua atenção.
Amigo!
ResponderEliminarQue texto... eu entendi o que disseste, mas confesso que me peguei em uma série de questionamentos internos. Por "padrão" eu sempre tive aquela visão "bonitinha" do amor, os anos tem me levado a rever conceitos e a "calibrar" essa ideia, ainda que hoje ela esteja mais próxima do real, tenho a consciência de que ainda a muito para ser feito.
Fato é... que apesar de acreditar, como eu brinco, o amor para mim é quase um gnomo! Uns dizem que existem, outros que até já viram, mas eu mesmo nunca o vi... Espero um dia ver e ser tocado...
Grande abraço!
Olá, amigo Latinha.
EliminarClaro que já viu o amor. O que sente pelos seus pais, nomeadamente, é amor. Encontra vínculo mais forte do que aquele que une uma mãe ao seu filho? Então. :) Nós é que tendemos, erradamente, a associar o amor apenas àquele sentimento romântico que se estabelece entre duas pessoas. Não digo que não possa existir um sentimento fortíssimo, romântico, erotizado, mas tenho reservas em chamá-lo de amor. Talvez com o tempo se transforme numa expressão do amor. Não nego que o amor se possa manifestar assim.
Eu vi o amor, sim. E acredito que você também o viu. Entretanto, há quem nunca tenha podido amar, não tendo sido amado.
um abraço.
Mark, mandei-te um e-mail! Acho que de certa forma está ligado a esse assunto...
EliminarAbração.
Irei ler, caro amigo.
Eliminarum grande abraço.
Boa noite
ResponderEliminarPor indicação do João Roque passei por aqui e acredita gostei do que li.
Haverei de voltar. Já estou como seguidor.
Acreditar no amor - Sim, acredito até ser capaz.
Tesão é uma coisa boa.Aqueles que a têm escondem-na,mas os que a perderam criticam por hipocrisia.
Tanta malícia em coisas que dão sentido à vida.
Olá, Luís.
EliminarMuito obrigado pelas suas palavras.
Pois, com "tesão" não quis exactamente referir-me ao estado de excitação do órgão sexual masculino, mas a um desejo, sexual, evidentemente. Fui mais abstracto. :) E tudo faz parte, evidentemente.
Aceite um abraço. :)
Um texto muito bonito Mark. Efectivamente, descreveste o amor de uma forma única. É tudo, e é nada. Temos poeta.
ResponderEliminarPoeta, hmm, não. Nunca me aventurei na poesia. Tão-pouco tentei. :)
EliminarPoeta num sentido que rendilhaste os sentimentos em palavras.
EliminarEu entendi. :)
Eliminar"Rendilhaste", mas que bem!
LOOOOL Não sou tão plástico quanto pareço :P Além que para ser Ken, falta-me cabelo. E cabelo loiro LOOOL :P
EliminarHey, pssiu... Não pareces plástico. :)
Eliminar"O amor é cego e surdo." - hoje quando olho para o meu ex, tenho a certeza do quão verdade esta frase transmite. E se quando acabei tive dúvidas existenciais se alguma vez tinha realmente gostado dele, hoje quando olho para ele que realmente tive de o amar muito para ter estado com ele... (lol, desculpa o desabado!)
ResponderEliminarHahahah, teve piada, mas eu acho que não o amaste, seguramente. :) A paixão, no teu caso, foi cega e surda. :)
EliminarAmei. Sem dúvida. Posso brincar um bocadinho com a situação, mas sei que houve coisas entre nós que teve de ser amor. Tenho pena de não ter conseguido ser melhor para ele.. Enfim, isso não interessa...
EliminarLá está, a minha concepção do amor é distinta: se pode acabar, não é amor. :) Pode ser um bem-querer, um gostar enoooooorme; não amor.
EliminarMark para mim o amor poderia ser o homem das mil e uma caras, ou a mulher de infinitos sentimentos, cada um de nós tem a sua forma de o exprimir e de o sentir, no entanto o amor para mim será sempre algo que...e sim as reticências dizem o resto.
ResponderEliminarExcelente texto!!!! :-)
É difícil definir...
EliminarObrigado, Limite. :)