Acordei bem cedo. Lá fora, a névoa tão característica da quadra. Podemos dizer, com firmeza, que estamos na semana do Natal.
Saí à rua. A mãe, despertando com os meus passos, perguntou-me o que iria fazer tão cedo. Sabe que os presentes estão todos comprados e adequadamente arrumados, incluindo o seu e os dos avós. Inquietou-me a ideia de deixar de apreciar a neblina por uma preguiça em saltar para fora da cama.
Falei com o pai, ontem. Perguntei pela avó. Está triste. Será o primeiro Natal sem o avô em perto de setenta anos, contando o tempo em que estiveram casados e os anos de namoro. Acredito que a data não lhe traga mais do que dolorosas recordações. Quando chegamos a certa idade, pouco sobra do nosso ser vivente, porquanto fomos perdendo pedaços com quem vimos partir. Será o seu caso.
A minha Consoada e respectivo Dia de Natal serão passados com a mãe e os avós, num jantar e num almoço intimistas. Não há grandes famílias, crianças correndo, embrulhos coloridos aos pés da árvore. Tudo muito sóbrio.
Peguei na Bíblia. Quero ler passagens do Novo Testamento. Sublinhá-las. É tão humano socorrermo-nos de Deus quando nos sentimos fracos ou incapazes. Li-a em adolescente, naquelas leituras que fazemos por vontade incontrolável em aprender e por curiosidade, mas em que não possuímos, pela natural inexperiência, a capacidade para extrair devidamente os ensinamentos. Acredito que todos os livros religiosos têm as suas verdades, perfilhemos qual religião, ou nenhuma. Deus ter-se-á manifestado em cada um deles, inspirando os homens que os escreveram. Talvez a religião não seja o ópio do povo, como defendeu Marx. Talvez o homem seja o seu próprio ópio. Quando lemos escritos considerados sagrados, não devemos iniciar a empreitada esperando encontrar passagens que mereçam a nossa reprovação; devemos fazê-lo com um espírito crítico, sim, contudo numa leitura honesta, despojando-nos do nosso preconceito. Nada é intrinsecamente bom ou mau. Tudo tem a sua coerência. A Bíblia é um livro lindíssimo. Alguma passagem do Levítico, escrita há milénios, por mais injusta que nos pareça, desmerecerá uma obra de inestimável valor.
Peguei na Bíblia. Quero ler passagens do Novo Testamento. Sublinhá-las. É tão humano socorrermo-nos de Deus quando nos sentimos fracos ou incapazes. Li-a em adolescente, naquelas leituras que fazemos por vontade incontrolável em aprender e por curiosidade, mas em que não possuímos, pela natural inexperiência, a capacidade para extrair devidamente os ensinamentos. Acredito que todos os livros religiosos têm as suas verdades, perfilhemos qual religião, ou nenhuma. Deus ter-se-á manifestado em cada um deles, inspirando os homens que os escreveram. Talvez a religião não seja o ópio do povo, como defendeu Marx. Talvez o homem seja o seu próprio ópio. Quando lemos escritos considerados sagrados, não devemos iniciar a empreitada esperando encontrar passagens que mereçam a nossa reprovação; devemos fazê-lo com um espírito crítico, sim, contudo numa leitura honesta, despojando-nos do nosso preconceito. Nada é intrinsecamente bom ou mau. Tudo tem a sua coerência. A Bíblia é um livro lindíssimo. Alguma passagem do Levítico, escrita há milénios, por mais injusta que nos pareça, desmerecerá uma obra de inestimável valor.
Faltam três dias. O pai comemora o seu aniversário na noite de Natal. Tenciono vê-lo antes. Entretanto, façamos um balanço, pensemos nas nossas prioridades, e estejamos serenos. Para uns, estes próximos dias simbolizarão saudade, remorso; para outros, júbilo, confraternização, esperança. Que venham os doces e os papéis-fantasia espalhados pela carpete da sala de estar.
Prós e contras de uma celebração. Todos os têm.
ResponderEliminarCom tudo o que me faz lembrar, ainda me decido pela comemoração.
EliminarCreio que sempre devemos comemorar, por mais adversa que a situação possa parecer a princípio, é um momento em que mesmo que por poucas horas nos permitimos parar e estar entre os nossos...
ResponderEliminar"Apesar de...", também prefiro a comemoração!
Abraço grande!
Sim, e é uma época bonita. Confesso que as luzes, o colorido, os doces e os presentes (heheheh), o frio, enfim, tudo ainda me encanta.
EliminarNem tanto pela reunião familiar. A família é pequena e filho de pais separados dificilmente junta os familiares que gostaria a uma mesa.
abraço enorme, meu amigo.
Mark eu só espero que tenha sorrisos ao pé de mim, e boa disposição mas não podemos controlar as emoções alheias. Que as tuas sejam festivas, ao ponto que daqui a um ano penses "aiii o Natal de 2015, que saudades".
ResponderEliminarTerás, certamente. :) O Natal, quando em famílias unidas, pode ser uma quadra deliciosa.
EliminarVeremos, veremos. Espero que o próximo seja melhor, se bem que não sinto falta de algazarra. Com a mãe e os avós estou bem. :)
Tanto frio e nevoeiro em Lisboa. Começou o Inverno, e nada do que encontrar algo que nos possa aquecer o coração e dar-nos um sentido/caminho nas palavras que lemos, independentemente de ser um Livro Sagrado ou uns apontamentos que nos façam sentido
ResponderEliminarAbraço amigo
Muito frio. Chegou num rompante. Pensei que a névoa se dissiparia durante o dia, mas não. Manteve-se. Um pouco menos densa, é certo.
EliminarA Bíblia tem parábolas sublimes. :)
abraço, amigo.
Deve ser lindo o Natal na Europa. Aqui temos calor todo o ano, é meio chato. Eu queria frio, neve e olha que essa primavera tá abusada. Mais de 30 graus.
ResponderEliminarO Natal com seus avós, sua mãe. É ótimo. Quantas pessoas nesse mundo não tem nem mãe, nem avó. Já pensou? :)
Abraços!
Nem sempre está assim. Recordo-me de natais chuvosos, soalheiros... :)
EliminarNão gosto lá muito de calor. Adoro este tempo.
Já pensei, sim. E tens toda a razão. Aliás, estou satisfeito com o Natal que terei. :)
um abraço.
Ja só penso no tronco de chocolate :D
ResponderEliminarA mãe encomendou torta de laranja e lampreia de ovos. :)
EliminarMark
ResponderEliminarEstá na hora de pensares em aumentar a família... "crianças a correr"... rsrsrs
Abraço e boas festas!
Hm, não. Não serei pai.
EliminarBoas Festas, Ribatejano. Obrigado, e um abraço.
O teu Natal parece-me muito parecido com o meu, Mark. Mas gostava tanto de ter um Natal cheio de gente :) Talvez um dia ;)
ResponderEliminarHaja esperança, Namorado. Tenho aprendido a ter esperança. Por quantas vezes é o pouco que resta. :)
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