17 de dezembro de 2013

Fim do semestre.


   Como previa, os últimos dias têm sido atribulados. O novo regulamento de avaliação, já por mim abordado aqui, introduziu alterações que a todos surpreenderam, com a possibilidade que conferiu de que possamos terminar as disciplinas já em Dezembro, contornando os típicos exames finais de Janeiro. Podendo estar repleto de boas intenções, há sempre vozes discordantes. Em rigor, o novo regulamento privilegia o designado método A, ou seja, o método da avaliação contínua, dos alunos que frequentam as aulas e têm um aproveitamento satisfatório. O meu caso. Reduziu a quantidade despropositada, eu diria, de testes, remetendo as últimas avaliações para o final deste mês. Num ápice, e em duas semanas, temos de realizar os ditos testes. Trata-se de avaliações do ensino superior, num último ano de licenciatura, em que o grau de exigência é máximo, procurando-se aglomerar um pouco de tudo o que foi leccionado nos anos anteriores. O que vulgarmente se chama de "apanhado". A par dos trabalhos que temos vindo a realizar, o mais engraçado deste ano são as audiências judiciais. A faculdade dispõe de uma sala de audiências onde nos introduzem ao que será o futuro de muitos, não o meu, seguramente.

  Na quinta-feira tive um teste. Correu razoavelmente bem. Em vernáculo, espalhei-me ao comprido na resolução do último parágrafo do caso prático. É facto assente. Minutos após a entrega, apercebi-me do erro, que posso assegurar grosseiro. Nem quero imaginar as repercussões que terá na nota, mas é mais do que certo de que não evitarei o exame final. A prova era controvertida e o professor não agiu de boa-fé, devo dizer. Foi-nos comunicado de que sairiam dois casos práticos, sem perguntas teóricas; saiu um caso prático e duas perguntas teóricas, uma que incidia sobre matéria que não está no programa da cadeira. Um absurdo que já levou a uma espécie de petição contra.

   Ontem tive mais uma avaliação. Substancialmente melhor do que a outra, não deixou de ser complicada. É difícil ajuizar quanto ao grau de dificuldade, sobejamente presente em ambas. Talvez estivesse melhor preparado. Por curiosidade, teve uma componente algo divertida e que me ajudou a relaxar. Por uma questão de estratégia, visto que o regulamento nos permite, decidi fazer a prova no horário nocturno. Fico com uma tarde livre que será de especial valor neste momento.
    À noite, o ambiente é diferente. Há pessoas de alguma idade e imensos jovens, bem mais do que poderia supor antes de ter começado a frequentar também as aulas da noite, neste ano. Foi o primeiro teste que fiz com eles. Uma balbúrdia e muito copianço. Quando eu, na minha ingenuidade, não poderia imaginar que à noite conseguissem suplantar a ousadia dos alunos de dia, deparo-me com cenas indescritíveis que, não fosse o momento de especial fragilidade física e emocional por que ando a passar, levar-me-iam a críticas acérrimas e contundentes neste mesmo texto. Vi de tudo, de tudo. Desde livros abertos praticamente na cara dos assistentes, a papelinhos a circular, comentários, alunos voltados a fazer perguntas aos que estavam atrás. Vejam, minhas senhoras e meus senhores, os futuros juristas, procuradores, advogados, juízes, ministros, secretários de Estado de amanhã... Não se espantem com o célebre caso do CEJ (para os mais distraídos, o escândalo dos alunos do Centro de Estudos Judiciários - instituto que forma juízes - que foram literalmente apanhados a copiar); a tendência começa mais cedo, na licenciatura, e aprende-se ali.

   Como referi, houve uma componente agradável. Um rapaz, aluno da noite, costuma sentar-se não muito afastado de mim nas aulas plenárias a que assisto. E às vezes olha e olha... Nunca liguei. Atentei na sua simpatia, que já nos cruzámos a saída do banheiro e cedeu-me a passagem, atitude que repetiu numa aula há tempos. Leva-me a crer que teve uma boa educação. Será da minha idade, porque mais novo é impossível, a menos que tenha entrado antes dos dezoito. O cabelo já está fraco. De tez clara, é loiro, baixo, não sendo um sex symbol para muitos. E para mim também não, que sinceramente não reparo em ninguém. Tenho um feitio muito peculiar no que diz respeito a estas questões.
   
   Sentou-se ao meu lado. Bom, com um lugar de intervalo, como todos, imposição mais que compreensível. Cinco ou dez minutos depois, começou. Perguntou-me tudo, tudo. Baixava a cabeça e fazia-me perguntas, sussurrando. Achei um piadão. Relembrou-me imenso o R., o meu colega, estão recordados? E mais colegas que, ao longo do curso, me faziam perguntas durante os testes. Com o R., ficava incomodado. Era dois anos mais novo, psicologicamente mais forte, menos melancólico... Cheguei a chamá-lo à atenção. A este rapaz, olhem, disse tudo. Escrevi, inclusive, os artigos e alguma doutrina num papel e entreguei-lhe, podendo ser apanhado a fazê-lo. Os assistentes eram dois e estavam atentos. Não pensei. A minha consciência levou-me a proceder assim e não me arrependo. Provavelmente é um desleixado que não se aplica, não estuda, diverte-se e pouco se importa com aquilo, mas fiz e estou de bem comigo. O rapaz estava deliciado e feliz. Eu só sorria para o lado oposto. Lá acabámos e, com uns pós mágicos, entregou e saiu. Entreguei de seguida. O assistente tem-me em especial consideração. Participo muito nas aulas dele... O que não participo nas aulas do outro!

   Cá fora, veio agradecer-me. Não o fiz com essa expectativa ou esperando que tivesse qualquer atitude de gratidão. Quando saiu, saiu, nem pensei mais no assunto. Não. Estava à minha espera. Apertei-lhe a mão, sorrimos e ele seguiu o seu caminho.
     Na vinda para casa, pensei: "Tê-lo-ei ajudado porque me cedeu a passagem em algumas situações?" (...) "Terei, mesmo sem percepção disso, simpatizado com ele por manifestar alguma atenção para comigo?". Cheguei à simples conclusão de que não. No liceu, ou há dois anos, poderia fazer o mesmo e jamais o ajudaria. Talvez olhasse com desprezo e revolta.

   Ainda terei mais dois testes. Só quero que a semana passe depressa. Entretanto, o P. perguntou se podemos estar juntos no sábado e ainda tenho de ir comprar os meus presentes e os de alguns familiares, aos quais, por simpatia, a outros por carinho, gosto de oferecer. E um presente para o P.

    Depois desta maratona, a paciência e a vontade estão nos píncaros. Que época!

36 comentários:

  1. Recordo-me desse episódio do copianço e da Sra Qualquer Mónica ter dito na Tv, que os professores não chumbam os alunos dos outros :D

    Também tive professores, que gostavam que houvesse cábulas. Era sinal que tínhamos escrito a matéria, saberíamos onde procurar. Logo, tinha havido estudo ;)

    Abraço amigo Mark

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    1. Pois, se calhar eles até sabem que há cábulas, mas nem se dão ao trabalho de averiguar... Para quê? :)

      Nunca fiz nenhuma. O que andei a perder durante todos estes anos!!!

      abraço, querido Francisco.

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  2. Bonita sua atitude! Ajudou um colega e nem saiu prejudicado. Eu faria igual, com certeza. Ah falta pouco agora, aí vcs têm férias do Natal também né? Aqui todo mundo tá de férias já :D

    Abraços!

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    1. Sim, temos férias de Natal, curtas desde que entrei na faculdade. Com este regulamento, quem conseguir fazer as cadeiras agora dispensa os exames em Janeiro, logo, pode passar umas férias tranquilas. O pior é fazer as cadeiras agora. LOL

      Sim, eu sei. Eu tenho contacto com algumas pessoas brasileiras e, por acaso, o tema das férias surgiu.

      abraço, Ty.

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  3. Eu copiei bastante nos meus estudos; e curiosamente "apoiado" por uma professora que era apologista de que copiar era um direito dos alunos; mas apenas o deviam fazer se fossem suficientemente espertos para o saberem fazer sem serem descobertos. Se ela os descobrisse a copiar era inflexível.
    Para copiar bem, tem que se estudar o professor e descobrir o seu lado fraco - todos o têm...

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    1. Eu nunca tive esse hábito. Sempre fui aplicado, logo, também não precisei. Mas, considerações éticas e morais à parte, vejo o que tenho perdido. LOL

      Sem dúvida! Os de ontem tinham imensos 'lados fracos'. Um anfiteatro a copiar em peso e eles nada...

      Não me preocupa tanto que copiem. O que é preocupante é que estas pessoas mandarão no país daqui a poucas décadas: uns no legislativo, outros no executivo e ainda no judicial. A índole e a competência estão à vista.

      abraço, João.

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  4. Fizeste-me recordar aqueles tempos em que mal dormia para ter tudo pronto nas últimas semanas de aulas. Eram as entregas de trabalhos, os exercícios e os testes que insistentemente calhavam todos na mesma semana... Bons tempos, cansativos, mas bons!

    O teu colega, também me recordou muitos meninos da minha faculdade... muitos eram os que usavam as mais variadas artimanhas para copiar, e para teres uma ideia, num exame de cálculo financeiro um dos meus grupos de questões foi parar umas 4 mesas atrás da minha... quase que entrei em pânico... mas tudo se resolveu.... sempre os deixei copiar, apesar de depois deste episódio ter deixado sempre as respostas na minha mão... lol

    Grande Abraço ;-)

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    1. Ai, eu odeio isto tudo. LOL Além de não frequentar este curso por gosto, acho um tédio. É engraçado, mas desgastante a ponto de chegarmos ao limite. Não eu, que nunca me permiti tornar-me um escravo daquilo (que os há!).

      Foi a primeira vez que ajudei assim. Não o deixei copiar por mim. Temi que escrevesse tudo igual. Escrevi as respostas no enunciado, ou melhor, uns tópicos de respostas, e os artigos. O resto ele fez por si mesmo. Mais só dar-lhe a papinha à boca. LOL

      abraço grande, Rúben.

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  5. ahahahah esse pessoal não tem noção nenhuma XD eu tb copiava, sou ali como o João mas, tipo não incomodava ninguém :p levava era as minhas cábulas dentro das folhas de teste ou nas mãos ahah, bons tempos mesmo! Abraço Mark!

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    1. Olá Tomás, há quanto tempo!

      Pois, ao menos não perturbavas ninguém. Cada um sabe de si. Este rapaz nem me incomodou, coitado. E apeteceu-me ajudá-lo. Voltaria a fazer e, proporcionando-se, ajudá-lo-ei no próximo semestre.

      abraço.

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  6. Bem, contra o que muitos pensam, os professorem vêm TUDO. Eu também não acreditava. Até ao dia em que o professor era eu e dei o meu primeiro teste. Fiquei chocado, não tanto por os ver copiar, mas por descobrir que quando era eu a copiar, os professores viam.

    E eu não anulava testes. Apenas cortava nas cotações das respostas, porque ao ler, percebia o que era copiado.

    Foi por essas e por outras que sou um grande apologista de, enquanto professor, fazer testes com consulta...

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    1. Bom argumento, que dá que pensar! Se calhar vêem tudo e nós é que pensamos que não. LOL

      Os testes com consulta são mais complicados. Eu fiz dois, ao que parece, no segundo ano, e foi terrível. :x Prefiro confiar nos meus conhecimentos e fazer o que sei. Podendo consultar, perdes-te por entre apontamentos, livros e resumos, acabando por fazer bem menos, além de que a dificuldade das questões, upa, upa!

      abraço, Horatius.

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    2. Um teste com consulta é (ou deveria ser), um teste maioritariamente opinitivo. Assim, uma pergunta de um teste normal seria "enumere três consequências na sociedade após o segundo choque petrolífero." num teste com consulta será "Na sua opinião, quais as maiores consequências sofridas pela sociedade após o segundo choque petrolífero? Fundamente."

      O tema é o mesmo, mas as respostas serão diferentes. Enquanto que na primeira tens de referir três de uma série de coisas, na segunda tens de dizer quais são, na tua opinião, as mais importantes. E infelizmente os alunos nem sempre sabem esta diferença, dando a mesma resposta a ambas as perguntas. É por essas e por outras que depois se espalham ao comprido....
      (contudo, acredito que tu, Mark, saberias responder com distinção a ambas as perguntas ;)


      Um abraço

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    3. Como foste ou és professor, sabes essas artimanhas. :)

      Sim, realmente há diferença. Que me recorde, fiz um teste com consulta no colégio e dois à mesma cadeira na faculdade. Não me recordo dos enunciados ou das perguntas, mas seguramente deveriam ter essa lógica que referiste - e faz todo o sentido que assim seja. O que sei é que são bem mais complicados e controvertidos, o que é natural dado o carácter consultivo.

      Oh, obrigado. Tão querido! Bom, sou humano e falível. No teste em que me 'espalhei ao comprido', certamente não irei passar com distinção. :D :s

      um abraço.

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  7. Na única vez em que fiz cábulas, ainda no secundário, fui logo apanhado... lol. Nabo. Mas não me aconteceu nada (pelo menos que eu tivesse dado por isso). Aconteceu-me foi, poucos anos mais tarde, já na Faculdade, ter respondido a um exame (quase) inteiro por sms. Até hoje não sei se fiz mal ou bem. Mas pronto: está feito, feito está e salvei alguém de chumbar a uma cadeira. lol

    Quanto ao trabalho que tenho pela frente... prefiro não pensar nele...


    Abraço, Mark!

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    1. Ahahah, não levas jeito para as cábulas. :D Eu não me imagino a fazer, mas certamente atrapalhar-me-ia todo.

      É isso. Sentimos que estamos a ajudar alguém e é gratificante.

      abraço, querido Inefável.

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  8. já não me lembro muito bem dos meus tempos da faculdade. copiava no secundário, mas usava apontamentos com letra miudinha, pelo que aproveitava e estudava, também. lembro-me, particularmente, de ter um estojo de plástico verde do homem-aranha que a minha mãe me tinha comprado quando eu tinha oito anos e que durou até aos 15. era duplo, daqueles com tampa que saía e a parte de cima deslizava para o lado. eu copiava na parte de baixo da tampa a lápis os exercícios de matemática. eram terríveis. eu detestava a matemática do 9.º.
    na faculdade, era imensa teoria, tinha que ler muito, claro, muitas vezes em inglês, de modo que lá se fez o curso em quatro anos. provavelmente copiei, como outros, falávamos entre nós e nada de muito grave se passou.
    ainda bem que ajudaste o teu colega. pode ter sido um facilitismo da parte dele procurar ajuda sem muito esforço, mas julgo que não haverá mal maior daí (a não ser que vá para o CEJ...).
    boas férias e bom natal.
    bjs.

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    1. A Matemática do 9º ano é horrível, a quem o dizes. Bom, para mim foram todas horripilantes porque sou péssimo em quaisquer exercícios que envolvam números. Até nos trocos eu tenho de pensar.

      Eu não me sentiria bem se copiasse. É quase como uma violação das regras do jogo. Sei que a maioria o faz e talvez também o devesse fazer. Com certeza pouparia algumas dores de cabeça. Nesta licenciatura, em especial, exige-se uma conduta irrepreensível por parte dos alunos. Não importa tanto se não copiam no CEJ, fazendo-o já aqui. Se o fazem aqui, fá-lo-ão no CEJ ou em qualquer outro lugar. Custa-me muito aceitar que os futuros magistrados foram alunos 'copiões'.

      As férias estão perto e simultaneamente longe... Mas obrigado!

      um beijinho e bom Natal.

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  9. eu não vejo crime nisso, alias, eu tinha professores a dizer que este mundo era para os espertos, e os espertos conseguem também saber muitas coisas pelos meios não tão correctos, desde que não prejudiquem terceiros claro.
    logo, copiar era válido para muitos dos meus professores, na condição que não fossem apanhados.

    eu no secundário e na faculdade copiei, dei a copiar, dei trabalhos completos, recebi trabalhos completos, ajudei amigos, ajudaram-me, cheguei a passar a cadeiras com trabalhos que deram-me. e então? isso não faz de mim má pessoa.. nem pior profissional.

    fizeste bem em ajudar o rapaz sem prejudicar-te é claro. se calhar, num futuro próximo até podes precisar de um favor e ele vai estar lá para ajudar-te :)

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    1. Bem, que ricos professores. LOL

      Depende das licenciaturas. Acredito que não faça grande diferença na tua, mas tenho a certeza de que a maioria das pessoas não gostaria de saber que o juiz que a vai julgar, e em cujas mãos tem o seu destino, foi um intruja enquanto aluno, um chico-esperto. É extensível a pessoas que detêm pastas no poder e outros que tais. É uma questão de compromisso que se faz com a sociedade. Depois queixam-se de que o país é governado por corruptos. Segundo o que me contas, o mesmo já é estimulado pelos próprios professores, o que demonstra por si ao ponto que chegámos (professores 'copiões', claro). Tudo ajuda a que perca a fé neste país.

      Um médico que fez grande parte da licenciatura a copiar, que conseguiu por diversas manobras contornar as dificuldades que lhe surgiram no percurso e se tornou num cirurgião... Quem gostaria de ser operado por ele? É normal que fiquem bisturis dentro dos órgãos, que receitem medicamentos errados, que sejam negligentes nos diagnósticos... Às vezes a própria incompetência teve origem nesses 'deslizes' durante a juventude. Há muito em jogo.


      Sim, também acho que fiz. Ele é que anda iludido, pois nem sempre terá alguém disponível para o ajudar... :/

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    2. tendo em conta o tamanho da informação que um médico precisa de ter para qualquer teste que seja, nunca conseguirão copiar. é impossível.
      e mesmo para copiar, para qualquer que seja a disciplina, tens que saber a matéria, tens que saber o que estás a copiar, senão nem copiar te safa, tens que saber do que estás a escrever, grande parte das vezes, copiar não passa de um auxilio de memória.

      percebo o que dizes na tua área, e aí concordo contigo.
      quanto aos professores, eles melhor do que ninguém sabem que este mundo (não só o nosso país..) é feito para espertos.

      basta olhares para algumas das pessoas mas influentes destes últimos anos, desde steve jobs, mark zuckerberg e bill gates.. sem truques eles nunca chegariam onde chegaram.

      não podes olhar para o mundo como se ele fosse perfeito, tens que ser esperto para destacares-te das outras pessoas. :)

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    3. Pelo contrário, eu creio que será mais difícil para um aluno de Direito copiar, uma vez que raramente temos perguntas dirigidas, de resposta única e objectiva. Os testes, exames e afins são compostos por um ou mais casos práticos em que tens de os resolver, aplicando a lei, doutrina e, havendo, jurisprudência. Não sei como será em medicina, mas se na minha faculdade vejo livros, apontamentos, a circular, não será difícil imaginar que por lá seja igual. Medicina não é, seguramente, mais difícil que Direito. São duas das licenciaturas consideradas mais difíceis.

      Não, nem sempre se tem de saber a matéria. Caso sejam perguntas dirigidas, que também as há, se por sorte tiveres aquilo escrito algures, basta escreveres. Nem precisas saber, muitas vezes, o que estás a escrever. É reproduzir.

      Pois, o mundo está cheio de esperteza saloia. No campo da informática é natural. É compreensível que usem alguns truques. :)

      Eu sei que o mundo não é perfeito. LOL Sei-o muito bem mesmo. :D

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    4. não diria que são os mais difíceis, alias, tenho um amigo que entrou em medicina com média de 19.8, é um dos melhores alunos da melhor faculdade de medicina do país e diz sem pensar duas vezes que qualquer engenharia é mais difícil do que medicina.
      medicina baseia-se em decorar artigos, documentos, textos, situações, não é um curso em que tenhas de pensar muito, do outro lado, uma engenharia tens de pensar a toda a hora e não te serve de muito saber a teoria toda.

      mas a meu ver, não tem lógica fazer comparações, para mim uma engenharia foi mais ou menos fácil e eu nunca me safaria em direito ou medicina, ou qualquer coisa do género, simplesmente porque eu sou uma pessoa que funciono através de lógica e raciocínio, o mesmo poderia acontecer se qualquer pessoa desses cursos fossem para uma engenharia, daí existir vocações. :)

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    5. Se ele é de medicina, como pode afirmar tão peremptoriamente que é menos difícil do que engenharia? :p

      Eu acho que todos os cursos têm o seu grau de dificuldade. História, que não é conhecida por ser uma licenciatura difícil, ao que consta é bastante trabalhosa...

      Direito envolve um entendimento racional, pese embora tenha uma forte componente teórica. :)

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  10. Se o mundo fosse tão linear como o pintas, seria de fácil solução.
    Mas a solução linear que preconizas seria um desastre social, diria humano até.
    Graças a deus e ao diabo que as pessoas copiam e dedicam o resto do seu tempo ao que, também, interessa.
    Um bom profissional é um todo. Não uma equação direta.
    Estas tuas opiniões, e tens Direito a elas, deixam-me perturbado. Eu já fui assim, tal e qual como tu.

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    1. Desastre social e humano é desrespeitar-se valores como o do trabalho, do empenho, do mérito, da disciplina, sendo-se conivente com o facilitismo e, pior!, com a injustiça e a ilicitude. Um aluno que estuda e se aplica consegue prosseguir os seus estudos sem a necessidade de utilizar meios inadequados.

      Com seriedade, tudo é possível: estudar e divertir. São conciliáveis desde sempre.

      Se me permites, um bom profissional jamais é aquele que se desrespeita a si mesmo, assumindo-se como um fracassado, a priori, que não consegue atingir os objectivos a que se propõe à custa do seu esforço e dedicação.

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  11. O que ma saltou à vista neste post foi a sua dualidade. Na primeira parte tens uma postura negativa em relação aos cábulas e na segunda, tu próprio entras, como figura principal, numa cena de copianço. lol XD

    Afinal, em que é que ficamos? lol :)

    Abraço, Mark.

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    1. Tens toda a razão, Arrakis, e parabéns pela certíssima observação.

      Continuo a ser um crítico acérrimo destas situações. Aliás, há um ou dois anos abordei o mesmo assunto, todavia, nessa altura tive uma reacção diferente e não ajudei - e bastante criticado fui! Claro que fui mais coerente com as posições que tomo, é verdade. Aqui, contradisse-me e ajudei o rapaz. Mas, olha, fui tomado por um espírito natalício qualquer e tive 'pena' dele. Ah, e cresci, amadureci. Sou mais 'mole', salvo seja. LOL :DD

      abraço, Arrakis.

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  12. Também recusava copiar, e odiava que me fizessem perguntas... até um dia LOL As pessoas mudam :) Não sei se para melhor, ou pior, mas mudam. E esse rapaz a quem ajudaste, porventura, simpatizaste logo com ele, acontece. Existem aquelas pessoas que bastam um clique de segundos, para sentir empatia ;)

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    1. Sim, simpatei e, com vergonha o digo, talvez o tenha ajudado precisamente por isso... Eis aqui um detalhe que tenho de 'limar'...

      Cativou-me pela educação.

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  13. Bonita a postura desse rapaz. Lá está, a educação fica sempre bem ;)
    E tu, continua a divertir-te!
    Abraço.

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    1. Sempre bem. :)

      abraço, Paulo, e as melhoras do teu pai, mãe e avó.

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  14. Não é a primeira vez que falas aqui de cábulas e copianço. Não tenho receios em dizer que fiz cábulas em quase todos os exames. Simplesmente chegava o momentoe não precisava das usar, a concentração que tinha posto na sua elaboração foi suficiente para decorar a matéria. Algumas vezes acabei por dar as cábulas a outros colegas em apuros. Ao menos foram úteis a alguém.

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    1. Pois não, já falei há tempos. :)

      Continuo a ser um crítico do uso das cábulas, contudo, menos. Até ajudei o rapazito. Enfim, não me custou nada e fui imbuído num certo espírito natalício.

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