Hoje, recebemos mais um teste. Fui, de novo, a melhor nota da turma. A princípio, o facto de ser a melhor nota a esta ou àquela cadeira não suscitava qualquer reação especial. No entanto, à medida que se torna cada vez mais comum eu ter as melhores notas, surgem também os primeiros comentários desagradáveis.
Não tenho tendência a socializar com todas as pessoas, como geralmente sucede. Sou reservado e só me relaciono com um grupo restrito de pessoas com as quais partilho interesses mútuos. É assim na faculdade. Para terem uma ideia, eu sento-me numa fila do lado mais vazio da sala, ao lado do R. e de mais duas colegas. O resto da turma interage normalmente, excetuando eu. Até o R. e essas colegas o fazem. Da minha parte é raríssimo. Ora, não tarda a que alguns me considerem elitista, alegando, nomeadamente, que nutro um desprezo pelos colegas. Isto são deduções minhas, que capto através de olhares e pequenas atitudes. Até pode ser uma neura. Digamos que deduzo que assim seja, uma vez que reagi mal, desde o início, a determinadas atitudes. Não gosto de pancadinhas nas costas, e um colega chegou a fazer isso sem me conhecer de lado algum; não gosto de conversinhas com as coleguinhas, e algumas metiam conversa comigo mesmo sabendo que não estava interessado; não gosto de intromissões na minha privacidade, e volta e meia perguntavam-me coisas como o tempo que despendo a estudar, onde vivo, que manuais compro, etc.
Hoje, depois da entrega do teste, uma colega lá veio com aquela conversa semi-invejosa que me provoca náuseas.
"Bem, mais uma n'é?" (Referia-se à positiva e ao facto de ter sido a melhor nota)
Não gostei do seu tom de voz e da forma como se dirigiu a mim. Não a conheço de lado algum, a que propósito se dirigiu a mim nesses termos? Detesto estas interpelações. Ignorei-a na sua cara. O R. sentiu que não estava a gostar daquilo e disse-me se queria ir ao bar da faculdade. Notei que olhou para ela com um ar de desagrado.
Já no bar, falámos sobre este tipo de situações constrangedoras e tive de lhe explicar que estou habituado a isto desde o Básico, no colégio. É sempre assim. As pessoas gostam de mim, pessoas, entenda-se, colegas, até se aperceberem que não conseguem competir comigo. É uma triste realidade, mas é um facto inalterável mesmo que o tentasse refutar. Eu nada faço para intimidar as pessoas com as notas. Dou e darei sempre o meu melhor. Tenho as mesmas aulas que eles, os mesmos apontamentos, os mesmos livros, logo, as oportunidades são iguais. Distingo-me pelo meu mérito e nada os impede de fazerem o mesmo. Puxa, estudem e façam melhor. Se me ultrapassarem, parabéns!, a sério, digo-o com sinceridade.
O R. escutou-me com atenção e sei que percebeu o que me angustia.
Não é fácil. Apesar de todas as recompensas, o reconhecimento do mérito e do valor, quem sobressai em alguma coisa é sempre visto de uma outra forma. Claro que pouco ou nada me importo com o que pensam de mim, mas terei de conviver com essas pessoas durante dias, meses e anos. Seria bom se pudesse afastar-me, porém, não o posso fazer.
Parecendo que não, o R. é uma tábua de salvação, sem prejuízo de ter amigas na faculdade e alguns conhecidos, filhos de conhecidos e amigos da mãe. O R., todavia, é aquela pessoa que está mais próxima, que me entende, que me vai buscar a garrafa d'água, que me carrega os livros se lhe pedir, que me compra um gelado... Não sei o que faria se o perdesse de repente. Ele, por vezes, diz que vai desistir e sinto logo um arrepio na pele.
Será que é o que estou a pensar?
em relação ao povinho, ignora. Português é assim: invejoso e quando se é medíocre, tenta-se puxar quem nos rodeia para o mesmo nível.
ResponderEliminarQuanto ao R. acho que não é tanto o que estás a "pensar" mas sim a "sentir". N'é?
É...
ResponderEliminaryou are in love ehehehe xD
ResponderEliminarisso é bom, aproveita :) agora declarem-se lol
abc
Declare-se ele, se sentir o mesmo por mim! Se estiver à espera de mim, bem pode esperar! LOL
ResponderEliminarPodes sentir uma de duas coisas: ou de facto de nutres por ele um sentimento de profunda amizade. Vês nele o teu "amparo" e portanto imaginares perdê-lo ser-te-ia muito difícil ou então o teu sentimento por ele ultrapassa a barreira da amizade e vê-lo partir e ver que provavelmente vais perder algo de importante e que, quiçá, não terás tido a oportunidade de aproveitar.
ResponderEliminarCabe-te ponderar a verdadeira razão ou estarei completamente enganado?
Até já :)
Estou a ver que gostas de ser conquistado, Mark!
ResponderEliminarSapo: Não, não estás enganado. É um pouco das duas. Gosto dele, no fundo. Se queres saber a verdade, já nem me vejo lá sem ele... ^^
ResponderEliminarFilipe: Gosto. (:
Nunca mais me esqueço de que quando andava na universidade tive um trabalho com uma excelente nota, melhor mesmo do que as três ou quatro pessoas que costumavam ter os melhores valores. Sinto que fui alvo de um olhar de desprezo. Enfim, é mesquinho! Mas se não tens nada a temer, ultrapassa isso! Se não ligares nenhuma às reacções alheias, vão acabar por desistir.
ResponderEliminarQuanto ao R., tenta dar apoio... retribui! Abraço!
Concordo com o Filipe, gostas de ser conquistado e eu acho isso cute =)
ResponderEliminarAdoro conquistar lol
Abr e boa sorte =)
Sendo ele heterossexual, eu não vejo que esta história vá ter um final agradável.
ResponderEliminarEssa sensação que tu tens de que ele sente tb atracção por ti é de facto real. Há certos traços femininos em ti que obviamente lhe despertam essa atracção.
No entanto isso não muda a identidade dele, que nessa idade já está definida. Daí o embaraço dele e a incapacidade de tomar qualquer outro passo que não esses de carinho e amizade.
Mesmo que acabasse por ceder aos impulsos e tivessem mesmo sexo, mais tarde ele iria trocar-te por uma rapariga, porque não se iria sentir confortável no papel de gay (até porque ele não o é).
A identidade gay ou straight é estável, e por isso não vale a pena essas ilusões de tentar convertê-lo.
Rapaz, não te iludas demasiado porque depois o sofrimento pode ser insuportável. Encara-o como um amigo e nada mais.
Blog Liker: É terrível! Odeio essa sensação. São mesmo atitudes mesquinhas de quem não tem nada mais a fazer do que invejar, embora subtilmente.
ResponderEliminarEu retribuo. Tenho-o ajudado. (:
Abraço. ^^
Miguel: Mas eu já te disse que, segundo as tuas descrições psicológicas de ti próprio, és o homem ideal, pelo menos na minha concepção pessoal. (:
Abraço. ^^
joseph: Não faço ideia de quem sejas, mas pelo que escreves dá a entender que acompanhas o meu blogue. Não és um leitor ocasional.
Bom, indo ao assunto, não te tiro a razão. Também o considero demasiado "straight" na forma de ser e estar para que possa ser gay. E talvez lhe desperte esse desejo uma vez que assumo um papel mais passivo na nossa "relação". Ele é, sem dúvida, o agente dominante. Apenas discordo quando dizes, e transcrevo: "Mesmo que acabasse por ceder aos impulsos e tivessem mesmo sexo (...)". Quem disse que eu quero ter sexo por sexo com ele? Mais, quem disse que mesmo que ele me dissesse que queria ter sexo que eu aceitaria? Nunca o faria. Nunca me entregaria se não soubesse que me amava verdadeiramente e queria algo sério e estável. Aliás, vale para ele e para qualquer relacionamento que possa vir a ter no futuro.
Por fim, sei o que é esse "sofrimento insuportável". Gostei de um rapaz que acabou por me "trocar" por uma rapariga. Não quero repetir o mesmo. No entanto, desde criança que gosto de rapazes heteros ou gays que ajam de uma forma totalmente "straight"...
Obrigado pelo conselho.
De qualquer forma não gostei deste teu texto... Acho-o precisamente mesquinho e até contraditório. Mas enfim, espero melhores dias e resigno-me à minha insignificância a este nível.
ResponderEliminarStay Well
Nelson, o que é que poderei dizer? Respeito a tua posição e a tua opinião, no entanto, não reconheço qualquer fundamento para as tuas críticas. Não vejo em que é que o meu texto seja "mesquinho e até contraditório".
ResponderEliminarFica bem.
Nelson deves ter-te esquecido de tomar os comprimidos... lol
ResponderEliminarMark, se sou o homem ideal não sei mas i will be waiting =p
Abr
Miguel... ;)
ResponderEliminarQuanto ao R. não vou repetir-me (pelo menos neste post...eh, eh, eh!)! (:
ResponderEliminarQuanto ao resto, compreendo o que escreves. Não quero ser presunçoso, mas também eu, quando estudava, tinha umas notas acima da média e passava por algumas situações semelhantes. Sabes como combatia isto? Tentei puxar a maior parte das pessoas para o meu nível, ajudando-os, tirando-lhe dúvidas, ensinando-lhe a resolver exercícios, como estudar, etc! Mais tarde ou mais cedo, também eles ficavam contentes com as minhas notas e eram motivo de celebração! Fiz alguns amigos para a vida! Sim, deu-me trabalho, mas ainda hoje me orgulho do que alguns deles atingiram à conta disto! E ainda hoje alguns me abraçam com um obrigado! :)
Abraço!
Ikki: É um bom exemplo de solidariedade e "camaradagem" entre colegas. (: Mas, olha, isso era aqui há uns anos. Hoje em dia, são todos demasiado orgulhosos para aceitarem ajuda seja de quem for...
ResponderEliminarAbraço. ^^