Nada é eterno. Temos sempre, durante a nossa vida, de dizer adeus a alguém. A um amigo, a um familiar, a um conhecido... Todos partimos, sendo que a definição do local da possível chegada remeter-me-ia para questões filosóficas e religiosas, situação que quero evitar neste post, de forma a manter uma pureza singela das palavras. A morte, ou partida, é tudo o que temos de certo na nossa existência. Aliás, faz parte dela. Evitamos ao máximo este assunto. Não é próprio para se falar numa noite com amigos ou familiares. A morte, essa, está distante, quanto mais longe melhor. Ninguém a aborda; todos a temem. Concordo, em certa parte, com esta tendência natural do ser humano. A manutenção da vida e a sua defesa afastam peremptoriamente toda e qualquer ideia de morte. A vida importa, a morte não. Mas a morte existe e é um facto com o qual temos de lidar. Inevitavelmente, lidamos com a nossa morte e com a morte dos que nos rodeiam. Por isso, defendo a tese de que não existe uma morte, mas sim várias mortes. Cada uma amadurece-nos e ajuda-nos a lidar com a próxima. É um processo normal e, em muitas dessas vezes, não temos a percepção de como tudo sucede.
Sou apologista de que a morte deve ser encarada normalmente. Devemos falar nela, abordá-la naturalmente. Não digo que o façamos em situações complexas e despropositadas, não. Porém, devemos falar de quem partiu com carinho, relembrar quem já não se encontra na nossa companhia e, essencialmente, preservar todos os bons momentos que sobrevivem à morte corpórea. As nossas recordações, patentes em fotografias, cartas, escritos, vídeos, etc, vencem a morte e resistem-lhe para todo o sempre. Existe sempre algo que nos traz de volta a pessoa amada. Só morre quem nós queremos que morra. As pessoas continuam vivas em nós, por vezes mais vivas do que quando efectivamente o estavam. Começa em nós, o processo de preservar essas memórias e esses testemunhos daqueles que nos precederam na partida.
Não deixemos que a morte nos traga o medo de viver. Antes, tenhamos o trabalho de a perceber e de olhar para ela de forma descontraída. Afinal, somos efémeros como o tempo.
Ao Nuno (9-8-1970 / 20-8-1999) e à bivó Palmira (2-4-1908 / 22-8-1997), todo o meu amor e carinho pelos bons momentos que vivemos. Lots of Love, Mark
Os nossos familiares e os nossos amigos que partem obrigam-nos a pensar na morte, mas que esse pensamento seja sempre causador não de tristeza, mas sim de alegria de viver...
ResponderEliminarComo todos somos diferentes, tenho umas opiniões diferentes das tuas neste tema, mas não as irei discutir, pois não passa de filosofias e modos de ver a vida... E a morte.
ResponderEliminarSó a minha curiosidade: define "morte corpórea".
Concordo inteiramente, Pinguim. :)
ResponderEliminarVasco: Morte corpórea é a morte corporal, da matéria. Este meu discurso pressupõe, necessariamente, a crença em algo para além deste sistema terrestre. Não quero com isto dizer que acredito na imortalidade da alma; apenas fui educado com estes valores em que, nomeadamente, o pai acredita. No entanto, tenho uma inclinação natural para acreditar em alguma coisa. :)
Sábias palavras.
ResponderEliminarBeijos.
Ok Mark, era mesmo para confirmar isso.
ResponderEliminarEu acho reconfortante acreditar em algo pós-morte. :)
:))
ResponderEliminarEu estou como o Vasco...no dia em que morrer, se "lá chegar" e não houver "mais nada" faço um escândalo!!!
ResponderEliminarOnde é que se tolera, uma pessoa viver esta vida e depois não haver mais nada? Hum????
Custa-me aceitar a morte...o fim...e parar de viver, sonhar, ansiar, até sofrer...
Como diz uma amiga minha..."nós morremos, e depois de nós vão morrendo todos aqueles que se lembram de nós...quando esses se forem...mais ninguém saberá que passaste pelo mundo!"...
Este esquecimento atormenta-me!
Concordo plenamente contigo, enquanto não percebemos que a morte faz parte do nosso ccilo vital e não falarmos dela abertamente sem medos será sempre um tabú.
ResponderEliminarPor mais que nos custe a partida de alguém temos que a encarar de uma forma naural e recordar todos os bons momentos.
Hydrargirum: É incrível como eu concordo com cada palavra tua. A morte de cada um que nos conheceu torna-nos cada vez mais vagos e distantes, até que puff... desaparecemos! :S É horrível.
ResponderEliminarO meu reflexo: Exacto, a melhor maneira de lidar com a morte é retirar todo o tabú que existe em relação a ela. É natural que tenhamos medo, mas temos de aprender a aceitá-la. :) E, claro, guardar no coração que já partiu.
Juci: Beijinho.