Contrariamente ao que tinha programado, não tenho aproveitado as férias escolares para dormir mais descansadamente. Hoje acordei bastante cedo e aproveitei para fazer a lista dos artigos que me fazem falta. Geralmente a Ana sabe o que eu uso, mas nunca é demais dizer-lhe, não vá precisar de alguma coisa e depois não há. Também vi se faltava alguma coisa para a mãe. Ela sai cedo de casa para a empresa e quando volta as coisas já têm de estar organizadas. Não sei o que seria de nós sem a Ana.
Quando a Ana voltou do hiper, trouxe consigo um folheto informativo de um medicamento que dizia o seguinte: "Pára todas as gripes e constipações!".
Nada de especial, parece... O problema é que o novo Acordo Ortográfico (ou será velho, visto ser de 1990?) contempla o verbo parar quando aplicado na 3ª pessoa do singular do Presente do Indicativo. Passo a explicar, com a aplicação do Acordo, o acento agudo deixa de ser grafado. A palavra "pára" e a preposição "para" deixam de ter um sinal que as diferencie. Passarão a escrever-se da mesma forma, tornando-se palavras homógrafas. Dizem, os defensores do Acordo sem quaisquer tipos de objecções, que nestes casos será o sentido da frase que distinguirá o tempo verbal "pára" da preposição "para". Neste caso concreto que referi: "Pára todas as gripes e constipações!", tanto o tempo verbal como a preposição fazem todo o sentido. Vejamos: "Para todas as gripes e constipações" / "Pára todas as gripes e constipações". Aliás, a última frase era a que constava no folheto.
Neste caso específico, o facto do acento agudo desaparecer faz toda a diferença. Como é que nós, enquanto leitores e só referindo esta frase que dei como exemplo, conseguimos compreender o sentido que a publicidade nos queria transmitir? Como é que saberemos se, de facto, se trata do tempo verbal "pára" ou da preposição "para"? Incongruências...
Apesar de ser um grande defensor do Acordo Ortográfico, que defendi no post de 11 de Janeiro de 2009, coloco algumas reservas à aplicação efectiva do mesmo devido a casos semelhantes a este que mencionei hoje. O Acordo tem imensas falhas e pontos susceptíveis de criarem problemas de compreensão entre os falantes da língua. O objectivo de qualquer língua viva é o entendimento o mais claro possível entre as pessoas que a utilizam como meio de comunicação. Nesse sentido, deve ser simplificada para facilitar a compreensão mútua, mas deve garantir que as normas de funcionamento e inteligibilidade estejam asseguradas. No exemplo que referi não o estão.
Espero que exista uma dose de bom senso por parte dos nossos insignes linguistas e que estas incongruências sejam devidamente resolvidas para o bem-estar de todos e, principalmente, da nossa Língua Portuguesa, património comum de mais de 200 milhões de pessoas.
Eu em relação a isto só digo que a língua é uma coisa que evoluí naturalmente. Que é feita pelos falantes. E não por acordos feitos num gabinete qualquer...
ResponderEliminarSim, a língua evolui naturalmente, mas não a podemos deixar evoluir de uma forma diferente nos diversos países de língua portuguesa. Caímos no perigo de um dia termos não uma língua, mas sim 8 línguas diferentes. :)
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