A timidez é uma das características pessoais mais conhecidas e talvez mais comuns. Muitas pessoas consideram-se tímidas. É bonito dizer-se que se é tímido. Dá um certo estatuto de pudor, em certa parte compreensível. E depois, existem as pessoas que são realmente tímidas. Aquelas pessoas que ficam envergonhadas facilmente e em quase todo o tipo de situações. Há apresentadores, actores que se consideram tímidos, muito embora desempenhem papéis muito pouco associados à timidez.
Da minha parte, não sou tímido. Nunca o fui. Também não utilizo este facto como bandeira associada à minha pessoa, simplesmente não o sou. E esta falta de timidez é verificada nas mais diversas situações do dia-a-dia. Gosto de perguntar o que penso, de forma a dissipar as minhas dúvidas. Um sociólogo, amigo da mãe, disse-me que é uma maneira que eu, inconscientemente, utilizo para explorar a minha curiosidade. Por exemplo, eu tenho um colega moçambicano. Existe, como sabem, o mito de que os moçambicanos têm uma certa vantagem sobre os outros povos em termos de proporção peniana. E eu? Perguntei ao rapaz se era verdade, em plena aula. Noutra situação, questionei um senhor Testemunha de Jeová se, caso o casamento homossexual fosse aprovado, era capaz de casar com outro homem, rico, de forma a salvar um filho doente que precisava de dinheiro para encontrar a cura. Cura que não envolvesse sangue, claro. Lembro-me que esta pergunta foi feita numa sala cheia de gente e eu, na época, tinha 14 anos. Fui repreendido por "falta de vergonha. Parece impossível, um menino tão educado.". Aquele ano foi prolífero em situações bizarras, pensando bem. No Verão, tive calor e quis mostrar o umbigo. O que fazer? Cortar a t-shirt mais gira, oferecida pela irmã da mãe, vulgarmente conhecida por tia. O engraçado é que ninguém se chocou. Também não estava nem aí. Entre muitas situações que o tempo não refreou, antes pelo contrário. Sou assim desde bem pequenino e duvido que mude, mas também não quero. Apesar de odiar tabaco, também me recordo de ter dado uma valente puxadela num cigarro da tia Bé, quando tinha 7 anos e já asmático. Lembro-me da tia e dos outros familiares todos aflitos porque "o menino 'tava sem arzinho". Mais recentemente, quando a mãe decorou a sala nova, no dia em que os homens trouxeram os móveis, perguntei a um deles se não queria despir a t-shirt porque estava a suar em bica. E ainda lhe disse que era um desperdício estar com ela vestida. A reacção do homem foi rir. Riu demais, até... E não é que despiu? Outra vez, fui com a Ana a uma peixaria (um horror!) e, como levava O Contrato Social de Rousseau na mão, comecei a falar do livro a uma peixeira.
Não tenho emenda, de todo.
Mas é muito divertido.
Credo rapaz, só momentos bizarros...
ResponderEliminarA da peixeira e da testemunha foram as melhores, eu acho... A do homenzinho das mudanças também, mas tanto suor?? yak
xD
Stay Well
Amigo Mark
ResponderEliminarque não és tímido nota-se bem quando se lê o teu blog.
E ainda bem, pois a timidez não leva a lado nenhum, e quem o não é e gosta de expressar o que sente, por vezes é bem recompensado.
Das histórias que aqui relatas a que mais gostei foi a da t-shirt, porque me fez lembrar algo muito meu, precisamente derivado de, como tu, não ser tímido...
Depois há pessoas que ainda dizem: "olha que sorte..."
Abração.
Muito bom. Deve ser uma comédia acompanhar-te XD
ResponderEliminarNem tanto, actualmente. Mudei muito nos últimos dois anos, sobretudo com a entrada na faculdade. :)
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