8 de março de 2016

O dia da mulher.


    Em Agosto último, tive a oportunidade de escrever um artigo sobre a mulher, numa perspectiva histórica e num enquadramento jurídico. Poderão, querendo, consultá-lo aqui. Remeterei para lá, nesse sentido, todo e qualquer aprofundamento que se pretenda obter nesta matéria, nos respectivos domínios.

     O dia de hoje é assinalado pela Comunicação Social, percorrendo as redes sociais. As pessoas terão consciência do que está em causa? Evocando a mulher, não se pretende apenas prestar uma homenagem à sua singularidade enquanto mãe e ser inegavelmente sensível e ponderado (em comparação com o homem). Este dia pretende, e daí o seu carácter internacional, alertar para as desigualdades e para as discriminações que persistem em países cujos ordenamentos jurídicos não contemplam a igualdade material e formal entre o homem e a mulher. E são muitos.

      Ser mulher, actualmente, em determinados Estados, implica passar-se por processos vexatórios, por mutilações, por atentados à honra e à dignidade. Implica, também, estar-se sujeita à alçada do pai, primeiramente, e do marido, pela vida fora, não tendo qualquer autonomia, como consequência da impossibilidade de estudar e de trabalhar; herdar menos do que os homens; não gozar de quaisquer direitos políticos e de cidadania; ter a sua vida permanentemente ameaçada, valendo, inclusive, esta menos do que a do homem.

       No Ocidente democrático, ao abrigo da legislação, começando pelas leis fundamentais e terminando nas leis extravagantes, a mulher é formalmente igual ao homem. Está protegida de quaisquer ameaças à sua integridade física e moral. Ainda assim, no contexto laboral, sabemos que as mulheres auferem menos do que os homens pelo mesmo trabalho e que a precariedade aumenta quando estamos perante uma mulher. Que são assediadas no seu local de trabalho. Que no quotidiano são censuradas por adoptarem comportamentos tidos como tipicamente masculinos. A igualdade está ainda longe de ser plenamente atingida.

        O Dia Internacional da Mulher continuará a fazer sentido. Por todos estes motivos o assinalamos. Muito há a fazer por forma a que possamos dizer, sem equívocos, que a discriminação em função do género foi liminarmente eliminada.

14 comentários:

  1. Gosto muito da tua forma de escrita :)

    Grande abraço amigo

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  2. faz sentido em termos internacionais. Especificamente no nosso pais, havendo ainda muitas desigualdades, se calhar já não se justifica, não sei...

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    1. Curiosamente também o vejo mais num contexto internacional, e numa primeira abordagem ao meu artigo isso é perceptível.

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  3. Eu acho que ainda continua a fazer sentido e acho que muita gente ainda não percebeu o que se comemora, dado que nas redes sociais so e ve bombons e jantares ;)

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  4. mal li o teu título e pensei na abordagem que acabaste por fazer. certíssima, continua a fazer sentido, e não só lá fora. quantas mulheres já foram assassinadas por companheiros nos últimos anos? uma barbárie, não se compreende. e ainda existe diferença salarial, ainda existe a política de despedir grávidas, numa vaga para um emprego e com 2 candidatos com perfis semelhantes, a maioria ainda escolhe o homem; como ainda existem lugares tipo "menina não entra (mas cão sim)" e por aí fora.
    este dia faz todo o sentido, todos os dias.
    bjs.

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    1. Sem dúvida. Na prática laboral, pese embora toda a protecção, as mulheres continuam a ser discriminadas.

      A violência doméstica, e em particular a violência sobre as mulheres, é um flagelo. Nenhuma campanha se revelou eficaz, suficiente.

      São milénios de discriminação. Ainda assim, muito se tem feito. As mentalidades vão acompanhando, uns passos atrás.

      um beijinho.

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  5. Gostei do texto. Foi uma leitura do nosso tempo e da sociedade que se vai transformando numa igualdade de direitos e deveres, de respeito e de oportunidades.
    Sabemos que em muitos países não se regem pelos nossos princípios, mas também aí as mulheres vão tomando consciência da sua força sendo diariamente vencidas e humilhadas pelos políticos e religiosos fanáticos.

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    1. O mundo carece de várias primaveras para as mulheres. Aguardemos. Elas chegarão, eu confio. :)

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  6. O papel da mulher na sociedade difere de país para país, talvez possamos falar em alguns casos, em termos continentais, se bem que a desigualdade é tanta a vários níveis que haverá sempre alguma coisa a "apontar". É o que se tem de momento.

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    1. Como disseste, haverá sempre algo que deixámos por fazer, aqui referindo-me somente ao caso português. Pelo mundo, enfim. Ainda ontem soube que uma mulher, oriunda da Índia, morreu por ter sido violentada.

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