30 de abril de 2025

Apagão.


   Não me recordo de algo assim. Recordo-me de, em miúdo, faltar a luz algumas vezes. Nada como isto. Um apagão internacional. Eu fui afectado, claro, ao residir em Espanha. Parece que afectou Portugal, Espanha e algures pelo sul de França. Os motivos, não no-los querem dizer, ou ainda não os conhecem. Por aqui, por Espanha, a Audiência Nacional (que é um tribunal sui generis que não tem paralelo em Portugal) já está a investigar as causas, ou seja, se não terá sido um ciberataque. 

    No meu caso, estive sem electricidade desde as 12h30, como todos, até às 6h do dia seguinte. Dezoito horas, a rezar para que a comida não se estragasse. Tenho uma arca frigorífica no rés-do-chão da casa onde guardo a carne e o peixe. Além de perder dinheiro, seria comida que se estragava, e com a fome que grassa pelo mundo… Felizmente aguentou. Em todo o caso, eu não estou nada tranquilo. Pandemias, apagões… O mundo está-se a tornar num lugar estranho e perigoso. Eu acho que situações insólitas como estas e outras começarão a suceder-se. E é isso que me mete medo. O que ainda virá por aí…

7 comentários:

  1. Recordo me nos anos 70 e 80 faltar a electricidade e irmos brincar as escondidas para a rua, e os mais velhos colocavam velas a janela e nas escadas dos prédios... 40 anos depois vão para hipermercados darem porrada em outros clientes, para terem acesso a tudo
    Que povo mais burro e foi isto que o 25 de Abril lhes deu ou eles/as aprenderam
    Abraço amigo

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    1. Houve um lado bom: recuperaram-se os velhinhos rádios a pilhas, e muitos miúdos voltaram a brincar na rua. Mas mesmo assim não compensa. Não podemos estar sem electricidade. O mundo pára.

      Um abraço.

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  2. Foi um dia muito estranho. E como tu, preocupa-me o que está para vir.

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  3. Sabes que o meu preocupou mais, sabendo que os meus estavam tudo bem, era mesmo a comida? Que tinha ido ao supermercado no sábado e tinha o congelador cheio, e só pensava "e se aquela comida toda se estraga"? Odeio estragar comida. Parece-me "pecado", com tanta gente a morrer à fome todos os dias, neste mundo.

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    1. Como eu. Estava preocupado que se estragasse a comida. Também me parece um “pecado”. Tenho o congelador cheio.

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  4. Mark, teu relato soa como o prólogo de um daqueles livros distópicos onde tudo começa com um apagão e termina com alguém acendendo uma vela num bunker. E olha, não te culpo pela inquietação — 18 horas sem luz já é suficiente pra fazer a gente repensar a civilização... ou pelo menos a dependência emocional com o congelador.

    O mais assustador, de fato, não é nem o apagão em si — é esse silêncio oficial desconfortável, como quem viu algo muito feio mas ainda tá tentando maquilhar antes de contar. Ciberataque? Falha em cadeia? Experimento de física que fugiu do laboratório? Vai saber. Enquanto isso, vamos todos confiando que as arcas frigoríficas resistam, os telefones mantenham bateria e que os governos pelo menos aprendam a usar lanternas sem parecerem surpresos com o escuro.

    E sim, o mundo anda cada vez mais parecido com uma série onde o roteirista foi demitido e substituído por um grupo de ansiosos com acesso ao Twitter. Resta-nos alguma preparação, uma dose de bom senso... e talvez começar a estocar velas com mais carinho.

    Abração meu nobre, já estou te seguindo.
    Daniel
    https://gagopoetico.blogspot.com/2025/05/o-trabalhador-invisivel.html

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