26 de outubro de 2023

Marina Machete.


   Portugal continua a ser um país muito pequenino, demasiado pequenino, na mentalidade do seu povo. No concurso Miss Portugal, pela primeira vez ganhou uma mulher transexual, e começaram imediatamente as críticas, algumas inclusive de pessoas com responsabilidade na área da saúde mental e com visibilidade pública.



    Eu, quando olho para Marina Machete, vejo uma mulher. As categorias de homem ou mulher são mais do que uma questão de cromossomas sexuais. Têm que ver com a identificação social de cada qual com determinado género, masculino e feminino. Em suma, ser homem ou mulher é mais do que o sexo biológico; prende-se a um sentimento de pertença a determinada realidade, e no caso de Marina Machete e de tantos/as outros/as transexuais, são pessoas que se identificam, se vêem, como homens ou mulheres, independentemente do sexo biológico. No seu caso, pensa como mulher, age como mulher, é uma mulher à primeira vista, quando ignoramos que já teve um órgão sexual masculino. Não podemos resumir as pessoas a um órgão sexual, ignorando tudo o resto: a sua identificação, a forma como se assumem socialmente e como os outros as vêem. Além disso, trata-se ainda de empatia e boa vontade. Se no desporto há vozes que se levantam lembrando que, biologicamente, as mulheres transexuais são fisicamente mais fortes do que as mulheres cisgénero e que por isso é injusto que compitam juntas, poderá Marina Machete também ser culpada por ter sido considerada a mulher mais bonita entre as que se apresentaram no certame; por ser mais bonita do que muitas mulheres cisgénero? Pelo menos foi essa a avaliação do júri.

4 comentários:

  1. Pois!! Ainda bem que todos temos opiniões diferentes
    Bom fim de semana
    Abraço amigo

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  2. Confesso que não entendo o problema. Se esta pessoa está bem consigo mesma, se não prejudicou ninguém e competiu de forma igual a todas as outras pessoas, qual o problema.
    É verdade que na competição que estão relacionadas com provas físicas que envolvem destrezas específicas envolvidas, pode existir vantagens e desvantagens que devem ser levadas em conta por quem de direito, e aqui devem estabelecer-se os limites, mas parece que, nesta situação, não se verifica uma desigualdade baseada nas capacidades físicas envolvidas.
    Assim, não entendo porque é que esta pessoa não pode concorrer e, eventualmente, ganhar a competição, como parece ter sido o caso. Ainda bem, e espero que isto faça esta pessoa mais feliz.
    As pessoas devem estar bem com elas mesmas, e isto é importante para o bem estar delas, pois, se estiverem bem, todos os que a rodeiam também usufruirão dessa energia positiva. É disso que necessitamos na sociedade que nos rodeia.
    Um bem haja e que esteja rodeado de energia positiva
    Manel

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    1. Ora nem mais, Manel. O problema é que em Portugal a transexualidade e até o facto de alguns gays serem mais femininos e algumas lésbicas mais masculinas continua a ser um bicho-de-sete-cabeças. Eu às vezes quero acreditar que as mentalidades evoluíram o suficiente, mas depois apercebo-me de que não.

      Cumprimentos,
      Mark

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