21 de setembro de 2023

Seremos sempre uma eterna promessa.


   É com tristeza que acompanho as notícias que me vão chegando de Portugal. Rendas altíssimas, salários baixíssimos, inflação galopante, alimentação caríssima. É impossível viver-se sozinho. Às vezes penso nos jovens que, como eu, já não têm pais. Como farão? Como se aguentarão sozinhos num país que não dá oportunidades? A única solução é emigrar. 

  Portugal é uma eterna desilusão. Sim, é um país pacífico, sim é seguro, sim é bonito, mas de que vale isso tudo se condena os seus à pobreza? Em Portugal já nem se é remediado; é-se pobre. As pessoas andam a contar os tostões nos supermercados, nas lojas, a fazer das tripas coração para chegar ao final do mês. Pessoas com estudos, pessoas que dedicaram grande parte da sua vida a obter um diploma que depois não lhes vale de nada. Absolutamente nada.

   Seremos sempre uma eterna promessa de bem-estar. Um promessa que não se cumpre nem se irá cumprir.

6 comentários:

  1. O que dizer?! E, todos dias chegam mais... Uma renda de mil euros a dividir por 10 é nada, para um é muito
    Mas as outras amigas que os defendiam diziam: A Europa paga
    Procura a notícia dos portugueses que entregam as casas e vão viver em tendas para um descampado em Carcavelos e não só
    Todos os dias chegam magotes de gente, é ver quando os portugueses sozinhos irão viver em tendas
    Maioria Absoluta em 2015 Socialista, está ai o Socialismo
    Abraço amigo

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    1. Realmente este país anda de mal a pior. As notícias são cada vez mais surpreendentes.

      Um abraco,
      Mark

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  2. Isso poderá ser verdade para uma camada menor da população.
    Por exemplo, uma parte significativa dos meus alunos vinham para as aulas de carro próprio, numa idade em que eu só andava de transporte público, o que, aliás, fiz até quase aos 40 anos. Não porque gostasse, mas porque não tinha outros meios. E eu tenho uma formação superior.
    Porque não tinha um ordenado suficiente, partilhei a minha casa de 2 assoalhadas com outras pessoas até perto dos 45 anos. Não quero com isto dizer que esta situação seja ideal, mas a situação não é nova, nem é de agora. Que é mau, sim, é, mas não é novidade.
    Poderão haver pessoas a passar mal, como as há em todo o sítio, mas se eu quiser ir jantar fora a um sítio melhor, sou obrigado a fazer uma reserva, caso contrário não tenho lugar, e o interior desses locais está cheio de gente jovem, os velhos, como eu, creio que ficam em casa a ver televisão, com certeza.
    Na minha rua o meu automóvel é o único utilitário, os outros são praticamente todos últimos modelos, de alta cilindrada e de marcas conceituadas. E não moro num bairro in, apesar de ser no centro de Lisboa, não é uma zona chic.
    As notícias que correm pela imprensa dão conta de um país que não reconheço.
    No Alentejo, no meio de um sítio onde o "Judas perdeu as botas", o meu carro continua a ser o mais "ranhoso". Aqui, eu sou um dos poucos que não tem uma piscina no quintal.
    Alguém tem de me mostrar este Portugal, que me parece ser mais de imigrantes do terceiro mundo, sem habilitações académicas, do que de nacionais.
    Os portugueses que emigraram para França nos anos 60 e 70, viveram décadas em "bidonville". Os emigrantes com um passado académico insuficiente não podem esperar muito.
    Que Portugal não é um "el Dorado", é verdade que não é, mas não é novo, nem é de agora.
    No entanto, vejo as pessoas a viver muito melhor hoje do que o faziam quando era jovem.
    É verdade que muitos jovens vivem com os pais, se os não têm (como foi o meu caso, na altura) terão de fazer outras opções, mas isso não é diferente do que sempre sucedeu. Chama-se habitar um país que não pertence ao primeiro mundo, mas não é novidade.
    Temos de fazer melhor, e tem-se feito. Eu nunca vi tanta gente a viajar como hoje. Quando jovem, conseguir viajar uma vez por ano, seria um acontecimento.
    Ainda bem que as coisas mudaram, mas, hoje vive-se muito melhor do que quando era jovem, onde a minha vida, e a de tantos outros como eu, era muito mais difícil, sem dúvida alguma.
    Oxalá as coisas continuem a alterar para melhor, claro, e ainda bem, se assim for.
    Cumprimentos para vós
    Manel

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    1. Olá, Manel

      Também há que ver onde o Manel leccionava. Não será igual dar aulas na Estrela, no Restelo ou em Santo António dos Cavaleiros.

      O pais melhorou comparativamente às últimas décadas, mas, no meu entender, não podemos estar a fazer esse raciocínio exclusivamente. É a dita mentalidade portuguesa a que Salazar nos habituou e que não desaparece com uma revolução (e nem com cinco décadas, parece). Estamos melhor, mas como poderíamos estar com políticos e políticas responsáveis? Que metas queremos atingir? Estar um “poucochinho” melhor ou ser definitivamente um país do bloco europeu? Contentamo-nos com pouco.

      As viagens. Temos companhias low cost. Há vôos para as principais cidades europeias a partir de 20€ (há 20 anos viajava-se na TAP), há opções como o chamado “couchsurfing” e hostéis de mil camas… Há muitas opções, e é por isso que os jovens viajam. Os que viajam. Muitos acredito que não o façam, porque mal têm dinheiro para comer e pagar o quarto/casa. O mundo globalizou-se, facilitaram-se os meios, e é por isso que vemos cada vez mais jovens a viajar.

      Antes conseguia-se viver em Lisboa, e hoje o mais barato será um apartamento na Lourinhã, a ir e vir para Lisboa todos os dias.

      Quanto aos carros, imagino que seja uma aparência, uma forma de ver as coisas. Vemos muitos carros, mas seguramente que a maioria dos jovens vai de transportes. Até porque é o meio mais acessível para se viajar em Lisboa.

      Cumprimentos,
      Mark

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  3. Percebo isso tudo, mas isso tem a ver com o progresso que nos chega também. Nem tudo é mau, nem tudo é bom. Temos a tendência para esquecer, e, os jovens como o Mark, porque o é, afinal, dificilmente tem padrões de comparação, o que se percebe.
    A memória das pessoas é muito curta.
    Eu, que já vivi muito, ainda tenho alguma memória dos tempos por onde passei, e posso fazer uma análise mais abrangente.
    Manel

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    1. Olá, Manel.

      Antes de mais, desculpe a demora em responder. Andei para aqui entretido estes dias.

      Claro, não tenho termo de comparação. Ganhamos mais, por exemplo, mas antes a alimentação era mais barata. Com cinco contos, comprava-se comida para a semana inteira; hoje, com 25 euros, o que é que se compra? 200 escudos davam para um cachorro-quente, bem guarnecido, no bar do colégio onde estudei. 1 euro não dá quase para uma garrafa de água. Há que ver tudo em perspectiva. Acho que melhorámos na saúde, na assistência social, na sensibilização social para vários problemas, mas em qualidade de vida… tenho sérias dúvidas.

      Cumprimentos!
      Mark

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