30 de outubro de 2021

Galicia profunda.


   A semana pasada houbo unha polémica en Galicia despois dunha xuíza ter negado a custódia dun cativo á sua nai coa xustificación de que o neno iría crecer na Galicia profunda, e foi este o argumento que utilizou na súa decisión, que foi amplamente comentada pela prensa e nas redes sociais. Claro que isto tivo unha repercursión mói grande en Galicia, que é unha rexión histórica rural, sobre todo, provocando indignación na xente. O que muitos dixeron, e con algunha razón, é que un neno non necesita da cidade para ser feliz. Eu entendino doutra forma. Realmente, non necesitamos dunha cidade para ser felices, pero tampouco podemos ignorar a realidade: as oportunidades están nas cidades. O rural queda cada vez máis deserto, sen xente ou servizos. É unha realidade á que non debemos ignorar, e probablemente foi ese o entendemento da maxistrada. A expresión que usou non foi feliz, e iso ela ignorouno.

   Eu vivo na Galicia profunda, a 70km da cidade máis próxima. Unha vila preciosa, por certo, pero estou consciente de que aquí non hai nada, aínda menos traballo; vivimos aquí porque M. obtivo a súa interinidade no centro de saúde, ou sexa, un posto fixo. Aínda que sexa médico, antes traballaba aquí e alí, nunha e noutra vila. A vida de médico non é tan fácil como a xente pensa, e menos en inicio de carreira. Para o que estudan, os profisionais de saúde merecían máis consideración do estado e da sociedade.

    O feito de recoñecer que no rural galego non hai nada non quita a responsabilidade ao estado central e ao goberno autonómico, que deben facer máis para promover os servizos necesarios ás xentes que viven no interior. Evidentemente, un maxistrado debe ter en consideración a vontade presumida do menor, no caso, e o que sexa mellor para o seu futuro. A súa ponderación, independente, pode colidir coa sensibilidade popular, pero eu quero crer que non o fixo de modo arbitrario. A verdade pode ser cruel.

Texto escrito en galego.

28 de outubro de 2021

Crise Política.


      A crise que a não-aprovação do Orçamento do Estado para o ano vindouro gerou entre as instituições e os órgãos de soberania aproximou-me de novo da política portuguesa, a ponto de ontem ter sintonizado a minha aplicação da NOS no MacBook, que depois liguei à televisão, acompanhando a emissão da votação na generalidade que se deu no hemiciclo. Como sabemos, o OE foi rejeitado pela maioria dos deputados, com votos contra de praticamente todos os grupos parlamentares. Era uma decisão esperada e anunciada.

    A novidade desta crise, que tivemos muitas nestas décadas de democracia, é que jamais um OE deixou de ser aprovado (quando o comentei com o M., fez-me chegar de que aqui em Espanha tal nunca ocorrera; os partidos negoceiam até se chegar a um entendimento que permita a viabilização). É um inédito. Por outro lado, o Presidente da República afirmou publicamente que dissolveria a Assembleia da República, no uso de uma das suas competências, se o OE fosse chumbado. Adivinhava-se o cenário de eleições antecipadas, quando tão-pouco sabemos se saímos da crise provocada pela pandemia.

    Houve, através dos tempos, inúmeras dissoluções da Assembleia da República. Também agora poderá haver algumas novidades resultantes da conjuntura social e política. É que as sondagens, que valem o que valem, não parecem indicar uma predisposição do eleitorado a escolher uma solução diferente àquela a que o Presidente agora se opõe; trocando por miúdos, se o povo, nas eleições, vota num governo do PS, Marcelo Rebelo de Sousa sai desautorizado pelos anos de mandato que lhe restam, e são praticamente cinco. Imagine-se o que será um cenário de cinco anos de um governo fraco, com uma extrema-direita pujante e um presidente desautorizado. 

   Seguramente que Marcelo Rebelo de Sousa o previu, como bom estratega que é, que se antecipa às jogadas e está sempre um passo à frente dos adversários, se bem que confesso que não sei o que motivou a sua decisão. Não acredito que dê o dito por não dito, passo a expressão. A boa nova é que, nas legislativas, parece que posso votar por via postal, estando recenseado no estrangeiro.

26 de outubro de 2021

Descolonizar a cabeça.


    A minha posição nesta matéria tem mudado ao cambiante da sensibilidade. Ultimamente, tenho-me afastado das visões românticas do colonialismo. Se julgamos que o nosso valor está nas conquistas dos séculos passados, muito pouco temos para dar. Sem floreados, em que é que consistiram os descobrimentos portugueses, espanhóis, franceses, holandeses, ingleses etc? Conquistas através da força, desrespeitando-se os povos autóctones, as suas culturas, tradições, usos, costumes e línguas. Impusemo-nos valendo-nos da nossa superioridade bélica. Chegámos a territórios que nos pareceram climaticamente convidativos, ricos em minérios, biodiversificados, com potencial agrícola para as grandes plantações e com populações que desconheciam o nosso deus, prontas para ser evangelizadas (isto sobretudo no caso dos ibéricos). Parece-nos razoável? A mim, não.

   A Europa é um continente disposto numa miríade de realidades políticas pequenas, se excluirmos a Rússia, cuja principal parcela de território se encontra na Ásia. É tudo uma questão de tamanho. É-o assim com os homens e os pénis (Freud explica-o), com as mulheres e as maminhas e com os Estados e os seus impérios. Quanto maiores, mais galvanizados se sentem. Entendo a motivação, mas cada vez mais a considero escusável, irrealista e inclusive deplorável. Sentir orgulho sobre uma história de horrores é próprio de gente sem um pingo de noção, e numa era em que as relações se fazem de igual para igual entre os estados, ou seja, sem esse respeito reverencial dos colonizados pelos colonizadores, eu imagino o constrangimento de uns e os risos cínicos de outros quando se sentam à mesa, para tratar de negócios, empresários mexicanos e espanhóis, por exemplo. É absurdo. Não vale a pena supor que o mundo, lacto sensu, vê a Europa como o berço da civilização porque não o vê; que vê no colonialismo todas essas glórias de uns velhos do restelo presos ao passado porque não o vê. Bem antes pelo contrário. Convinha que começássemos a tomar consciência da realidade e a perceber que somos herdeiros de um passado mais embaraçoso do que digno de alarde.

20 de outubro de 2021

ETA.


   Han pasado diez años desde que ETA suspendió definitivamente sus operaciones armadas. Euskadi Ta Askatasuna, en euskera, defendía la independencia total del País Vasco español y francés y la creación de un Estado socialista revolucionario.

  Aunque discrepo profundamente de sus métodos, la lucha por la libertad de un pueblo no siempre adquiere un carácter pacífico, que es lo que todos queremos (y la historia tiene varios ejemplos de eso).

   La diplomacia es el camino. ETA ha cometido delitos terribles, ha matado a inocentes y ha provocado el pánico entre los españoles durante décadas, desde el comienzo de su actividad, en 1959, todavía en la dictadura franquista, hasta 2011, cuando anunció que terminarían los atentados. Murieron más de 800 personas en sus más de cincuenta años de existencia.

19 de outubro de 2021

Aristides de Sousa Mendes.


   Aristides de Sousa Mendes esteve décadas na penumbra até ser reabilitado já na democracia. Salazar devotou-o à miséria absoluta, jamais lhe perdoando o acto de desobediência, ao mesmo tempo que o ex-cônsul recebia todos os louvores e honras póstumas em Israel.

    O diplomata foi um dos poucos heróis que Portugal teve no século XX. Com prejuízo pessoal, o que ainda se torna mais raro, sem qualquer aproveitamento, colocou-se em risco, pagou com o ostracismo e a pobreza e salvou vidas. Milhares. Milhares que beneficiaram dos seus vistos e conseguiram escapar aos campos de concentração e extermínio nazis. Não há homenagens suficientes que se possam prestar a alguém assim. É de um humanismo, altruísmo e espírito de solidariedade ímpares.

    Hoje, finalmente, o Panteão Nacional recebe-o junto a vários dos seus grandes (alguns estão a mais, mas isso é tema de outra conversa). Os despojos continuarão na sua terra natal, por vontade expressa da família, mas o cenotáfio e as inscrições estarão lá, para sempre, de forma a que nenhuma geração se esqueça da grandeza de Aristides de Sousa Mendes.

2 de outubro de 2021

Veinte Mil Leguas de Viaje Submarino.


    Terminé hoy las Veinte Mil Leguas de Viaje Submarino, el clásico de la literatura de ese gran autor de ciencia ficción que fue Julio Verne. Honestamente, y aunque la obra sea sorprendente, puede resultar agotadora, porque Verne se preocupa demasiado en enumerar y describir exhaustivamente todas las especies marinas con las que el Profesor Aronnax se depara mientras sigue su viaje en el Nautilus, la bestia que provocó tanto espanto en los buques de su época y respectivas tripulaciones. 

     La historia tiene lugar en todos los océanos del planeta. Sus personajes, el Prof. Aronnax, su pupilo Conseil, el imprevisible arponero Ned Land y el misterioso Capitán Nemo viven sus aventuras a bordo del submarino, mostrándonos un impresionante mundo subacuático lleno de monstruos de dimensiones colosales, continentes perdidos y cavernas misteriosas.

   Verne anticipó una revolución en los mares. Su aparato es común en nuestros días. Sentimos el asombro que la electricidad y sus potencialidades le despiertan. En este momento de evolución tecnológica, muchos de los logros de Nautilus no nos impresionan. Lo mismo no pasa con el Capitán Nemo. Nada sabemos de su origen y sus motivaciones. De modo similar a lo que le pasó al Profesor Aronnax, nosotros también nos dejamos atraer por la seguridad del capitán en todas sus decisiones, su temperamento inflexible, su carácter y terquedad.

     Fue mi primera lectura de Verne, y estoy seguro que no será la ultima. Sé que Verne reservó todo lo que queremos saber del Capitán Nemo en una obra llamada La Isla Misteriosa, que tengo que comprar. Fue, de igual forma, mi segunda lectura en castellano después de La Casa de los Espíritus.