2 de agosto de 2021

Férias (I) - As Canárias.


   Decidi-me a dedicar algumas publicações espaçadas às nossas férias. O M. queria uma viagem não tão distante, mas, por insistência da minha parte, lá aceitou; comprámos as passagens, reservámos os hotéis (dividimos as férias em dois locais, para variar) e esperámos um mês. As férias de um médico são marcadas com antecedência, e de certa forma também me quis assegurar de que tudo corria bem. Para tal, faz-se mister que tratemos dos assuntos atempadamente.

  Fomos ao arquipélago das Canárias, um conjunto de sete ilhas principais e mais alguns ilhéus que pertencem à Espanha. Ficam geograficamente situadas no norte de África, ao largo da costa do Saara Ocidental, um território a sul de Marrocos que até 1975 esteve sob a soberania espanhola. Com tantas ilhas à nossa disposição, por assim dizer, Tenerife talvez fosse a escolha mais evidente, entretanto, a preferência recaiu sobre a Gran Canaria, justamente onde se localiza a capital, Las Palmas de Gran Canaria. Não ficámos na capital, senão no sul da ilha, numa zona turística conhecida como Playa del Inglés.

   Por curiosidade, quando reservámos o hotel, um dos factores que tomei em consideração foi escolher um que não aceitasse crianças, por uma questão de maior tranquilidade. As crianças podem ser um tormento nos espaços de uso comum (e eu sei do que falo). Não sabíamos nós que nos encaminhávamos para uma das principais estâncias gay da Europa, a praia do inglês. Relativamente ao hotel, imaginei que os hóspedes fossem sobretudo gays e lésbicas, que os casais heterossexuais têm filhos, regra geral.


Costa marítima de Agaete


   Como calculam, o clima do arquipélago é subtropical, seco, o que se reflecte na paisagem, árida. As águas são cálidas e agradáveis. As temperaturas oscilam todo o ano entre os 20ºC e os 25ºC, nesse sentido, as Canárias são um excelente destino para quem gosta de fazer praia e não pode tirar férias no Verão. 

    Durante a nossa estadia, tivemos o cuidado de jamais repetir uma praia. Todos os dias fizemos piscina no hotel e reservámos as restantes horas para conhecer um local distinto, uma praia diferente. A ilha está longe de ser uniforme no que respeita às suas características. Se o litoral é seco, com dunas escaldantes, o interior é mais húmido, com bosques e serras que se elevam em altitude. Por uma questão de gestão do tempo, afastámos a ideia de conhecer o interior, cujas paisagens nos remeteram muitíssimo à Galiza. O nosso principal objectivo foi por um lado fazer praia e piscina, que adoro, e pelo outro, considerando esse objectivo, variar o mais possível. Sendo uma ilha, a Gran Canaria tem uma extensão territorial apreciável, 1.560 km2, o que a torna na terceira maior do arquipélago, suficientemente grande para ter autoestradas com três faixas de rodagem e inúmeras carreiras de autocarro. Em termos de comparação, a área metropolitana de Lisboa, conhecida por Grande Lisboa, tem uma área de 1.381 km2, um pouco menos que a Gran Canaria. Conseguem, então, ter uma ideia aproximada da extensão, que é significativa. Geralmente, nós, continentais, ou peninsulares, como lhes chamam os espanhóis aos seus nacionais que vivem em território continental, temos um conceito errado de ilha. Há ilhas maiores do que Portugal: Cuba, a Islândia, a Grã-Bretanha, Madagáscar, e outras muitíssimo maiores, como a Gronelândia, por isso, nada mais errado do que aquele dito jocoso de que numa ilha corremos o risco de cair da cama e acabar no mar.

    Na próxima publicação, começarei então a relatar mais pormenorizadamente a nossa passagem pela Gran Canaria.


Todas as fotos foram captadas por mim. Uso sob permissão.

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