15 de setembro de 2018

Diamantino (Queer Lisboa 22).


   Como presumo que vos havia dito, fui à sessão de abertura do festival de cinema queer de Lisboa (e Porto). Comecei a frequentar o Queer há uns dois anos. Gosto da temática LGBT em filmes, e o festival consegue proporcionar-nos uma semana vocacionada às orientações sexuais minoritárias + perturbações de género. Enfim. Não podia era ter começado pior. O filme de estreia, esta co-produção luso-brasileira, Diamantino, foi um horror. Só não o considerei tortuoso porque me sacou, a mim e à plateia, risadas ininterruptas.

  É um filme de fantasia e de ficção científica, meio psicadélico, com abordagens políticas e sexuais manifestas. Desde logo, inspirada na vida de Cristiano Ronaldo, como salta logo à vista. O jogador, a família e o seu meio servem de pano de fundo. Diamantino é o jogador bronco, ingénuo e de bom coração, todavia de pouca cultura, que sustenta uma família inescrupulosa e sedenta pelo seu dinheiro. Duas irmãs em particular, que o pai morre no início. Há um misto de homo e transexualidade, de tentativa de nos fazer crer que é possível vestirmos outra pele, tudo extremamente fantasiado.



  Também é, no fundo, um retrato do país que sonha com dias melhores e com o quinto império. Uma crítica ao nosso provincialismo, ao nosso mau gosto, à nossa pequenez. A "capela cistina", adaptada, decorada com um enorme crocodilo em balão. A abordagem política surge nas sucessivas referências à União Europeia, à crise dos refugiados e ao aumento da representatividade de partidos da extrema-direita nos países europeus, inclusive num Portugal monárquico que vive de glórias no futebol.


  As interpretações estão razoáveis para o que esperamos do cinema português, que este cinema português não aparenta sê-lo. Aliás, e muito embora tenha saído com as expectativas bem defraudadas - esperava um coming out de um jogador de futebol ou algo que o valha - fiquei impressionado com a originalidade, incomum no cinema nacional ou pelo menos no cinema nacional a que venho assistindo.

   Amanhã, terei nova sessão, e no domingo. Será uma edição do Queer mui particular. Esperem pelas minhas críticas aos filmes!

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