30 de julho de 2018

Da esquerda e da incoerência.


    Há muito que me afastei da esquerda política. Não há tanto quanto gostaria e deveria. Hoje, compreendo o processo que se dá em variadíssimas personalidades do nosso panorama político, e que criticava: crescer e perceber o absurdo que é perfilhar-se dos entendimentos da esquerda. De certo modo, esta escandaleira com o vereador do BE em Lisboa, Robles, veio precipitar um desabafo que presumo ainda não ter dito - perdoar-me-ão, mas são mais de mil textos no blogue - e que adiei persistentemente.

   Como nacionalista histórico, vi-me confrontado com a visão totalmente incompatível com a minha, de demonização dos europeus e do legado histórico que deixámos pelo mundo. Se se derem ao trabalho de ler o que a esquerda política pensa a respeito, verão que não minto. Começou por aí. Às tantas, já não me identificava com os preceitos económicos, pela sua inexequibilidade e incoerência, e já nada me prendia à esquerda. Foi um processo gradual, que terá levado dois anos. Sim, se quiserem pô-lo assim: eu, militante de esquerda arrependido, me confesso. Nunca fui militante por nenhum partido, vá lá. Poupei-me a esses vergonhosos papéis.

   Até considero natural ser-se de esquerda na adolescência, pela tendência a olhar-se para a igualdade como bem supremo. No meu caso, acresciam certas bandeiras tradicionais de esquerda, como o casamento entre pessoas do mesmo sexo e a adopção, que hoje ponho em causa, sobretudo a última. A razão era a da idade. Não dava para mais. O ensino não ajuda, completamente adulterado. Sim, a História é escrita pelos vencedores. Por último, o amadurecimento pessoal, que se consubstancia num mais refinado juízo crítico: a esquerda destruiu Portugal, desbaratou o império, endividou o país, encaminhou-nos para uma sociedade sem quaisquer valores morais ou éticos, onde tudo é consentido e permitido, e onde qualquer crítica legítima e democrática é atacada. Se há verdadeira intolerância, há-a na esquerda e nos seus partidos e militantes. Este processo, gradual, como disse, levou-me a perder amigos e a tornar-me mais próximo de outros, isto é, admitindo que percamos amigos. Se os podemos perder, é porque nunca o foram.

   À direita, ainda ando à procura do meu lugar. Continuo, e deve ser o último resquício que há em mim de esquerda, a defender um Estado mínimo, mas mínimo, em determinados sectores, para que o arbítrio não nos conduza a uma impiedosa desumanidade. O Estado é, por natureza, dado a vícios e a corrupções. Defendo uma sociedade liberal em termos económicos, com as leis do mercado na regulação da actividade económica. As melhores sociedades têm uma economia verdadeiramente livre de amarras estatais. O Estado é péssimo enquanto gestor dos dinheiros públicos. Portugal, no índice de liberdade económica, está sempre mal posicionado. Menos Estado, mais iniciativa privada.

   Nos costumes, estou totalmente conservador, e aí é onde o declive se verifica mais. Sabe-se que sou contra a eutanásia, a interrupção voluntária da gravidez (já escrevi rios de tinta acerca), mas também me oponho, a priori, à adopção por casais compostos por membros do mesmo sexo e, quanto ao casamento, coloco as minhas reservas. Defendo, claro está, que os casais gozem de protecção legal, causando-me alguma estupefacção, devo dizer, que uma comunidade - com a qual não me identifico minimamente - pugne pelo direito à diferença durante décadas e, depois, queira imitar o modelo heteronormativo em todos os seus moldes, incluindo no direito ao casamento, sublinho, ao casamento. Na adopção, quanto a mim, num mundo ideal, uma criança deve crescer com o seu pai e a sua mãe. Há outros modelos de família, sabemos que sim, e é preferível entregar-se uma criança a dois homens ou a duas mulheres do que sujeitá-la durante anos aos trâmites burocráticos do Estado; no limite, será melhor entregá-la a casais homossexuais do que ao Estado, que, além de falhar na tarefa que a Constituição que lhe incumbe, propicia a crimes que todos conhecemos. Não há um direito à adopção; há, pelo contrário, um direito a ser-se adoptado. Um modelo masculino e um modelo feminino são imprescindíveis para o são desenvolvimento da personalidade de uma criança. Sabemos que nem sempre tal é possível.
   A defesa da família tradicional não é imune à minha experiência pessoal: defendo a família porque conheço as consequências da falta dela: a família deve ser um valor absoluto, e não haverá gente equilibrada que não tenha uma família equilibrada.


   Quando temos conhecimento de casos como o de Robles, a podridão da esquerda caviar invade-nos o nariz. O caviar estragou-se, e o povo ficou a conhecer quem é a esquerda que o diz defender. Antes ser de direita e coerente do que desta esquerda e profundamente infeliz nas condutas, que até estarão dentro dos limites legais, mas que revelam toda a hipocrisia e cinismo. Não há defesa possível para o indefensável. Há que assumir o erro e lidar com as contrapartidas pessoais e políticas.

18 comentários:

  1. Adorei o teu texto :)

    Creio que nos falta um partido que seja democrático, onde todos tenhamos os mínimos para viver confortavelmente e onde sejam punidos quem rouba milhões ao estado. Deveria ser obrigatória a devolução do montante do roubo e com juros...

    Abraço amigo

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    1. Concordo integralmente. Precisamos de um verdadeiro partido de direita em Portugal.

      um abraço.

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    2. Não falta um partido democratico.
      Falta mobilização das pessoas.

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  2. Olha, já sabia que você era de direita, mas vou continuar a ler seu blog, mesmo discordando de você:
    1-"As melhores sociedades têm uma economia verdadeiramente livre de amarras estatais" Nos países nórdicos o estado tem um grande peso e eu, leitor brasileiro, acho as sociedades nórdicas melhores que Portugal!
    2-"Como nacionalista histórico, vi-me confrontado com a visão totalmente incompatível com a minha, de demonização dos europeus e do legado histórico que deixámos pelo mundo" Sim, admita (mesmo sendo nacionalista- oq ue deve ser difícil) deixaram muita coisa ruim e algumas boas: Portugal e Espanha que você diz que não roubaram o ouro e metias preciosos encontrados em suas colônias no novo mundo, mas tampouco investiram em suas colônias, que aliás foram colônias de exploração, diferente de uma certa colônias de povoamento chamado de EUA ( essa como não foi de exploração para ter dado certo). Não tenho nada contra portugueses, amo falar português, mas não admitir erros do passado já é muito pra mim! (Os ingleses eles admitem seus erros do passado, como prender e castrar quimicamente homossexuais, então admitam que seus erros históricos).
    Não vou discutir mais porque se não você fala algo e eu rebato e podemos partir pra "briga" nesses tempos de direita x esquerda , Brasil x Portugal (copa). Só vou dizer que Suécia é uma boa sociedade e ela é governada pela esquerda há muito tempo e se vamos falar de nacionalismo, acorde para realidade, na nova ordem mundial a colônia de exploração portuguesa chamada Brasil ultrapassou economicamente sua metrópole e isso não tem mais volta!

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    1. A partir do momento em que você perfilha dessa visão ESQUERDISTA de “colónias de povoamento” vs. “colónias de exploração”, eu só lhe posso aconselhar a ler mais. Essas nomenclaturas surgiram com a esquerda política. O termo “colonização” nem existiu até ao século XIX. Não há qualquer diferença entre a expansão portuguesa e a inglesa. Ambas consistiram em assentamentos e ambas exploravam os recursos. Você teve, como eu tive, um ensino tendencioso e politizado da História. Procure esclarecer-se.

      Sem dúvida, os países do norte da Europa são melhores, mas também deveria saber que o Estado, por lá, não é corrupto. São sociais-democracias do norte. Têm índices baixíssimos de corrupção e de evasão fiscal. Mas, até nelas, chegará o dia em que haverá um colapso, sobretudo com as levas de refugiados que recebem.

      Não me importo que o Brasil ultrapasse Portugal. Isto não é uma competição. Pode ultrapassar economicamente porque é maior, mais populoso, com mais recursos naturais; no que respeita a todos os índices de qualidade de vida, pluralismo, segurança, meio ambiente, saúde, etc., é um país pobre, atrasado, em desenvolvimento. Portugal, pelo contrário, é considerado por todas as organizações internacionais como um país desenvolvido, do dito “primeiro mundo”.

      Jamais neguei erros. Erros todos os cometem.

      Discorde sempre que queira.

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    2. "visão ESQUERDISTA de “colónias de povoamento” vs. “colónias de exploração" Não, não é uma visão esquerdista. É um assunto debatido e estudado na academia. Eu sou "esquerdista" mas para eu adotar ou refutar algo eu leio obras da esquerda e da direita e compilação de dados/estudos econométricos:
      1-http://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=26055
      2-http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/TDs/td_2119.pdf
      Pessoas de "direita" aqui no Brasil e, vejo também, em Portugal, apontam tudo que não curtem e não concordam como coisa de esquerdista, mesmo a tese tendo dados suficientes para sua plausibilidade! Além do mais como diz no texto do primeiro link :"Este trabalho examina a evolução da tese que sustenta que o tipo de colonização determina, ou condiciona, o futuro das sociedades. Smith (1776) já apresentava esta proposição e uma tipologia das colônias. Contudo, foram os autores alemães Heeren (1817) e Roscher (1856), no século XIX, os responsáveis pelo desenvolvimento da tese. Estes historiadores influenciaram o economista ortodoxo francês Leroy-Beaulieu (1902), que tratou do assunto em obra publicada em 1902." Se Adam Smith, autor/economista querido pela direita na economia já fazia uma tipologia das colônias, fica difícil a tese ser coisa de esquerdista!

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    3. Como eu disse, uma teoria surgida no século XIX e propagada pela esquerda. Essa distinção não existe em Portugal, para ter uma ideia. São teorias. Não são verdades absolutas, como não há verdades absolutas.

      Já que é tão interessado, deveria saber que os portugueses adquiriam escravos dos próprios africanos, que vendiam os seus semelhantes. Isso a sua esquerda querida não diz, pois não? Claro que não. Utilizam a História em proveito próprio, escolhendo o que melhor vos convém, adulterando, se necessário for.

      Essa é uma visão económica do tipo de assentamento. Não pretende ter um impacto político na diabolização do europeu. Adam Smith era um puro liberal. Pouco lhe interessava a legitimidade ou não da “colonização”.

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    4. https://monarquiaconstitucional.jusbrasil.com.br/artigos/361401000/os-mitos-e-falacias-que-acompanham-os-brasileiros-acerca-de-seu-passado

      Aprenda com alguns compatriotas seus, que o Brasil era Portugal, e que todas as potências europeias, de uma ou de outra forma, exploravam os seus domínios, porque lhes eram pertença. Podemos discutir o mérito dessa presunção, mas são factos.

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    5. Primeiro, o link que você passou já de cara podemos ver que é a favor da volta da monarquia como forma de governo, então para mim já começa desacreditada. Segundo, não discordo que os portugueses adquiririam escravos dos próprios africanos (e nem por isso acredito também na versão da direita que os escravos vieram por vontade própria, vieram pois os "opressores" (para ficar mais esquerdista ainda do que já sou taxado) africanos da classe elevada se juntaram com opressores portugueses pois os dois opressores (o africano e os portugueses) viam no tráfico uma form de lucro!

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    6. Desacreditados, para mim, são os links que você passou. Porque é que um link de um monárquico não tem valor? Só tem valor o que lhe interessa? Ahhhhh, chegámos ao ponto que eu referi: vocês põem e tiram conforme vos agrada mais. Isso é profundamente indigno.

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    7. O link que te passei e de uma instituição que trabalha com dados e tem pessoal concursado e gabaritado para tal! Além do mais o autor do texto tem um blog, que eu lei, voltado para área de economia e ele não é de esquerda e parece até muito de direita para meu gosto! Não tem valor somente o que me interessa, tem valor aquilo que tem mais dados e fatos empíricos para sustentar uma tese ou teoria.

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    8. “Pessoal gabaritado e do concursado para tal”, quando sabemos bem que no Brasil até na educação se faz política. Uma farsa.

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  3. Creio que não necessita de criar nenhum partido ou aderir a qualquer um outro que exista.
    Estou convencido que tem uma inteligência e uma criatividade que lhe permitem pensar sem estar referido à direita ou à esquerda.
    Todas as opções têm princípios bons, e, claro, outros completamente errados ou deturpados de qualquer pureza original, pois sendo estes movimento criados e geridos por humanos, estão igualmente eivados de tudo o que de bom e mau a nossa natureza possui.
    Basta que julgue por si mesmo e aproveite o que existe de bom em todas estas opções, que, felizmente, são variadas e abarcam uma grande porção do espetro.
    Aproveite o que de bom existe em todas as opções, e guie-se pelos seus princípios, que, sendo uma pessoa com boa formação, será a base para as suas opções e raciocínios - o resultado terá forçosamente de não ser mau.
    Deixe os "carneiros" (não tenho qualquer intenção de utilizar este termo em sentido depreciativo, mas antes como uma caraterística que define e é comum a uma quantidade de pessoas) seguir as pisadas de alguém que pense por eles. Não necessita de pensar como os outros.
    Tanto as opções à direita como à esquerda possuem noções nocivas e deturpadas de uma pureza que talvez existisse inicialmente - e acredito piamente que assim fosse - mas o homem, quando em associação (política, religiosa, social), não consegue manter todos os princípios que o orientam inicialmente. O poder corrompe, sobretudo em sociedades fragilizadas - parece ser uma das caraterísticas que nos aflige.

    Se houver algum futuro em que valha a pena acreditar, creio que passará por julgar e pensar por nós próprios e, quanto a mim, farei sempre força para que a política deixe de ser exercida por "forças", "lobbies", e gente que "se serve" mas não "serve" (em todos os sentidos)! Sei que sou um D. Quixote a lutar contra moinhos de vento, bem sei! Mas quero acreditar que talvez seja possível.
    Os media possuem um papel e um poder importante de regulação, a partir da divulgação, mas, e infelizmente, nem sempre o exercem de forma correta ou isenta. Mas é melhor que nada.
    A pouco e pouco os mecanismos de contenção e regulamento vão, timidamente, utilizando as armas que possuem ao seu dispor, mas não creio que sejam suficientes face ao número crescente de corruptos.
    O sistema terá obrigatoriamente de ser diferente do existente.
    Os sistemas de auto-controle deveriam ser desnecessários, mas isso seria num mundo ideal; da forma como estamos, terão de ser implementados por forma a ser possível funcionarem de forma automática.

    Quem está na política, e faz dela profissão, em conjunto com os mecanismos reguladores judiciais/legislativos, tem necessariamente de possuir o discernimento e conhecimentos necessários para arranjar novas vias.
    As que existem, e a forma como somos governados, sabemos que não funcionam, nem à esquerda e muito menos à direita, que é igualmente má.

    Claro que me vai apodar de idealista, pouco pragmático, naif ... mas sei que, tal como estamos, dificilmente conseguiremos continuar de uma forma credível.

    Claro que se vivêssemos numa sociedade/país rico, educado e culto, todos estes mecanismos de auto-regulação seriam inúteis, pois já existiriam na própria formação do ser humano, mas tal não é o caso, e não acredito mesmo que este seja o nosso futuro próximo ou mesmo a médio prazo.

    Uma boa semana, que se adivinha quente, e agradeço-lhe trazer aqui estes seus desabafos; são importantes, e fazem-me pensar e acreditar que a juventude está viva e de boa saúde e que nos podem trazer grande riqueza!
    A minha geração foi um desapontamento! Fizeram o que puderam e não foi muito. Estragaram mais do que criaram, e tiveram hipóteses fantásticas, que com dificuldade se irão repetir no futuro

    Manel

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    1. Olá, Manel.

      As minhas tomadas de posição não têm sido bem interpretadas. A verdade é que, se tenho o direito a pensar como penso, os demais também têm o direito de se afastar. Compreendo isso. Noto, todavia, uma incapacidade em ver mais além. Hoje mesmo, noutra plataforma, deparei-me com um amigo, por acaso homossexual, que diaboliza Jair Bolsonaro apenas porque o homem, segundo parece, não alinha na agenda gay. As pessoas tendem a olhar apenas para o que lhes convém. Fazem juízos minimalistas, superficiais, influenciados pelo que são ou deixam de ser. Vêem o individual e não o colectivo.

      Isto vem ao encontro daquilo que referiu: não temos de ser de um ou de outro partido. Aliás, não temos sequer de perfilhar uma ou outra ideologia. Podemos procurar encontrar o melhor de cada uma. Tendo a simpatizar com a direita brasileira porque é a única que não propaga mitos sem nenhum cuidado com o rigor histórico. Ler que "invadimos o Brasil" é uma mescla de desconhecimento, má fé e xenofobia. Com a direita portuguesa, admito que tenho mais dificuldades. Não temos uma verdadeira direita. Ou temos uma proto ou uma demasiado extremista.

      Os média favorecem este ou aquele candidato. É sempre assim, e repare-se: eu até acho natural que o jornalismo seja parcial. Noutros países, há órgãos de comunicação que apoiam ostensivamente um ou outro candidato. Cabe-nos, depois, procurar uma informação equilibrada, o mais equidistante, se o quisermos, ou mesmo aquela que corresponda às nossas orientações. Pegando novamente no exemplo de Bolsonaro, já há uma imprensa portuguesa que se insurge contra as recentes declarações do pré-candidato brasileiro à presidência, fazendo coro com a brasileira. Isto quando o homem disse uma verdade (será o tema de um post futuro).

      A esquerda e a direita deturparam-se tanto ao ponto de partidos sociais-democratas, em Portugal, serem tidos de "direita"... Veja-se. A social-democracia vem do socialismo, que é esquerda política. Os próprios socialistas sabem, e frequentemente o fazem, governar à direita.

      Uma boa semana, Manel, com dias quentes e noites que continuam frias e desagradáveis.

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    2. "Tendo a simpatizar com a direita brasileira porque é a única que não propaga mitos sem nenhum cuidado com o rigor histórico" Essa é de rir!

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    3. Vi a entrevista de Bolsonaro no "Roda Viva", e confesso que não concordo com uma quantidade de coisas que afirmou. O facto de ter afirmado que considera que Trump tem feito coisas ótimas nos EUA, foi a "gota de água".
      Igualmente,as afirmações que fez sobre a tortura e o comportamento de militares e para-militares no Brasil não me deixaram minimamente sossegado. O que referiu sobre o facto de não saber o que fazer à economia do país se por acaso o seu "amigalhaço" das finanças desaparecer, também não é fácil de engolir. Percebi que não entende minimamente como lidar com os Ministérios da Educação ou o da Ciência e Tecnologia, se os associar ou separar, pois respondeu de uma forma superficial e sem qualquer entendimento mais profundo sobre o assunto. Referiu uma pessoa que trabalha para a NASA, como possível candidato ao lugar, ou então a apoiar os serviços ... estava pouco à vontade.
      Quanto à opinião sobre a escravatura e a responsabilidade dos portugueses sobre ela, é controverso, mas realista.
      Não sei se deveria ter respondido como respondeu (fê-lo de forma corajosa, concordo, mas não sei se angariou apoiantes para a sua causa), o que permitiu que lhe caíssem em cima sem dó nem piedade. Mas eu até estou de acordo com a sua opinião, à luz do que era prática na época em todos os países europeus com possessões além-mar.
      Quanto à opinião dos brasileiros, sobre a situação do seu país, é algo que é típico.
      Se um país é um sucesso e está desenvolvido, culto e rico, tudo é fruto do trabalho dos seus cidadãos, se, ao invés, tem discrepâncias económico-sociais terríveis na sua população, se os seus índices de desenvolvimento são sofríveis, com os respetivos resultados para o nível de vida das suas gentes, como é o caso do Brasil presente, a culpa é sempre de terceiros, preferencialmente para o país que o ocupou até 1822 - há quase 200 anos que não conseguem ultrapassar os seus problemas!!!!!!! ... estranho!
      Peço desculpa por mais este arrazoado
      Manel

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    4. Eu ainda não vi a entrevista toda, mas quero.

      Manel, eu também não diabolizo o Trump. Há medidas de que o acusam que vêm do tempo do Obama e até de trás. E repare, eu tendo a não simpatizar com o indivíduo.

      Sou-lhe sincero: apoio mais o Bolsonaro pela visão esclarecida que tem em relação aos portugueses do que pelo resto. Acusam-no de racismo e de homofobia. Apenas se indigna contra a discriminação positiva para os negros porque, aos seus olhos, são todos iguais. De igual modo, nada tem contra gays, mas rejeita o lobby gay nas escolas. Parece-me bastante razoável. Será tudo tema de um próximo post.

      “Caíram-lhe” em cima sem dó nem piedade porque a maioria dos jornalistas brasileiros são de esquerda. Ainda ontem vi um vídeo de um brasileiro que o dizia. Os média são, na sua esmagadora maioria, de esquerda, desde revistas às emissoras.

      Ora essa, Manel. Comente sempre que queira. Além de muito gostar, ainda lho agradeço.

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