22 de julho de 2018

A good Saturday.

   Combinámos previamente à saída da estação da Praça de Espanha, em frente ao Palácio de Palhavã. A propósito, têm reparado em como este Verão está a ser atípico? O programa seria o de passear um pouco pelos jardins da Gulbenkian antes de jantar. Os jardins da fundação são um clássico lisboeta. Para namorar, caminhar ou simplesmente desanuviar, quem não passou por lá que atire a primeira pedra. São óptimos para ler, também. Fazia-o amiúde, há uns anos. Têm mais tartarugas nos lagos do que da última vez que por lá havia estado, salvo erro em Dezembro (e não me lembro se terei calcorreado os jardins ou se fui directamente ao museu).


   De seguida, a Hamburgueria do Bairro, que adoro, ali pelos lados do Príncipe Real. Não sei se da carne, se do molho que acompanha as batatas (aposto nisto…) ou se da confecção, são os meus hambúrgueres favoritos, e a um preço extraordinário. Querem uma foto, não querem? Só para vos deixar com água na boca

   
   Um agradecimento especial a quem me acompanhou pela tarde. Estas horas da madrugada levam-me a algumas reflexões. Para começar, e creio já o ter dito - é bem provável, que ando nestas lides há dez anos: eu não sou pessoa, nunca fui, de grandes socializações. Sou maniento, complicado, solitário. Quando gosto das pessoas, gosto; quando não gosto ou passei a não gostar, vem-se a sabê-lo. É inevitável. A ficha cai-me logo, porque não me esforço minimamente para ser simpático ou para agradar. Para terem uma ideia, não o faço nem com aqueles de que preciso.

   Estou acostumado a ficar sozinho, a andar sozinho. Em miúdo, era sempre o que dizia o que pensava, não me importando se arranjava ou não inimizades. Sei que as tenho e, sinceramente, em bom vernáculo, é para o lado que durmo melhor. Tenho milhentos defeitos, imensos, mas há dois de que me orgulho não ter: cinismo e falsidade, daí não conseguir conviver muito tempo com pessoas que, porventura, nem serão piores do que eu, ou melhores. São diferentes. E já tentei ser cínico e falso. Dá imenso jeito, em inúmeras situações. Como diz a minha mãe, " é preciso uma pitadinha de hipocrisia para manter a dignidade das relações humanas ". Não memorizei a lição.

   Sei que gero anticorpos. Oh meus amigos, tem sido assim desde sempre. É mais fácil odiar-me a amar-me, e querem a verdade? É-me indiferente. Há sempre alguém que engraça comigo, que não desiste de mim e que, no limite, até gosta do meu feitio. Como costumo dizer, para se gostar de mim é preciso realmente querê-lo muito. Ainda há quem o queira, e só esses me merecem atenção. Os outros, são pessoas com quem me cruzei algures pelos dias e que vão ficando para trás. Ninguém é obrigado a gostar de ninguém. A minha personalidade acarreta-me prejuízos? Sei que sim. Ao menos, um dia mais tarde vejo que nunca ficou nada por dizer.

   Vamos sempre deixando pessoas pelo caminho. Ficam as que importam e as que se importam connosco. É uma lei que não caduca, acreditem. Vocês, os mais velhos, até o saberão melhor do que eu.

    Terminámos a apreciar o espectáculo que é Lisboa quando a noite a envolve.


6 comentários:

  1. Adoro estas incursões leves e solitárias pelas redondezas. Temos muito em comum ... rs ... "para se gostar de mim é preciso realmente querê-lo muito. Ainda há quem o queira, e só esses me merecem atenção".

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  2. Um dia muito bom :)

    É bom encontrarmos nos a nós próprios :)

    Por vezes podemos ser mal interpretados ou haver mal entendidos...

    Se existir amizade a sério como tu referes, as coisas voltarão a surgir, digo eu...

    Abraço amigo

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  3. Doze dias de férias que me souberam muito bem, mas ... terminaram, e amanhã ...

    Ir ao jardim da Gulbenkian ... quantas memórias ... onde soía estudar - quantas tarde trabalhei na biblioteca da instituição e, fechada aquela, continuava no anfiteatro. Tranquilo, no meio da cidade, relativamente perto de casa (na altura), e dava-me um vislumbre do campo de que necessito e sem o qual não sei viver - campo "manicurado" e domesticado, bem sei.

    Quanto à refeição ... brrrrr ... não!!! Peço desculpa pela falta de tacto, mas detesto.
    Não como batatas fritas há muitos anos (minto, esqueci-me de que fui convidado há algum tempo e comi, não tive coragem para recusar, mas eram em rodelas, caseiras, daquelas que são fritas duas vezes, pelo que ficam empoladas e leves como o ar, com uma crosta estaladiça ...), bebidas com gás e doces enjoam-me, só água (mas, pensando bem, uma imperial bem geladinha no verão e numa esplanada, até que vai!!!) e a outra coisa que parece um hamburguer, hummm ... evito, e se tiver queijo, então não toco (confesso que, de vez em quando, em desespero de causa, e quando em viagem, acabo por comer um hamburguer, mas evito cuidadosamente).
    Sei que sou muito magrinho ("pau de virar tripas" como a minha avó me chamava), deveria comer mais e sobretudo alimentos mais calóricos, mas ... creio que sou um caso falhado!!!

    Achei curioso o facto de se confessar algo solitário, pois não é habitual nos dias que correm, e lendo-o, não me parecia que o fosse.
    Reconheço ser uma opção para algumas alturas da vida, mas é difícil sê-lo sempre. Eu que o diga, que sou "bicho-do-mato", como me chamam, reconheço que com razão, mas acabo, inevitavelmente, por necessitar de companhia.
    Quantas vezes dou por mim a ver pessoas e a pensar que possivelmente nunca mais na vida tornarei a vê-las.
    Com estranhos, num local estranho, é natural que assim seja, mas quando sucede com pessoas próximas, quiçá mesmo amigos, fica-se com uma sensação estranha de finitude e o quanto as relações são precárias e frágeis.
    Quanto a simpatizar ou não, sou adepto da teoria do fatalismo - sei que é questionável, mas temos de acreditar em alguma coisa!
    Quando tiver de gostar de alguém gostarei, e vice-versa. Não forço, não evito, não viajo até à lua (nem mesmo até à próxima estação de Metro), nem faço o pino (que consigo fazer), para fazer amizade. Também não sou desagradável nem agressivo, limito-me a deixar tranquilamente as coisas tomarem o seu curso.
    Ser hipócrita por interesse ... bem ... confesso que já fui (sei que é muito feio - cabeça baixa e cara vermelha de arrependimento), mas também não serviu de nada, bem feito para mim!
    Uma boa semana
    Manel

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    1. Olá, Manel.

      Espero que as férias tenham sido retemperantes.

      Pois, a Gulbenkian é um pequeno oásis no centro da cidade.

      A refeição... Não ando a comer hambúrgueres todos os dias. Estas batatas não têm nada a ver com aquelas que fritamos em casa, mas, comparando-as, e ao hambúrguer, aos congéneres de McDonald's e afins, até que é um prato saboroso. Come-se bem de quando em vez. São hambúrgueres e batatas mais caseiros, por assim dizer.
      Não gosta de queijo? Eu adoro. E medo de engordar também não tenho, porque já sou gordinho. :)

      Eu sou difícil de lidar. Tenho uma personalidade vincada. Não sei bem se serei “bicho-do-mato”. Eu gosto de conviver, mas sou exigente com as pessoas. Gosto que sejam sinceras comigo e que não me procurem enganar. Esses pequenos cinismos do dia a dia fazem-me imensa confusão. Às vezes, tornam-se necessários para que a sã convivência se processe, mas não consigo. Como referi, a “ficha” cai. Sou muito transparente aí.

      Cumprimentos, Manel, e uma boa semana.

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