25 de maio de 2018

Submergence.


   O Submergence, como estória de amor, é um fracasso. Forçada, ou esforçada, se preferirem. As interpretações também não são brilhantes; meramente razoáveis, a roçar o satisfaz menos. Aceitáveis. O filme não é um desespero de cento e vinte minutos (anda lá perto...), mas está longe, tão longe como os dois membros do casalzinho, de convencer e de nos fazer render.

   O lado relevante do filme, quanto a mim, prende-se à realidade somali. A Somália é um dos países mais pobres do mundo. Está dominada por jihadistas, que impõem a lei islâmica sem o menor respeito pelos direitos humanos. É nesse contexto de profundo fanatismo que uma das personagens do filme é feita refém, mantida nas mais degradantes condições durante semanas a fio, tendo deixado uma cientista / biomatemática apaixonada... em alto-mar, uma especialista em profundezas oceânicas, que procura descobrir as origens da vida na Terra e relacioná-las com a potencial existência de vida em Marte, o que seria bombástico e daria, no mínimo, uma capa na revista Nature.

   Esperava-se mais de Wim Wenders. A narrativa alterna entre o Atlântico Norte e a atmosfera árida e perigosa da Somália, com cenas de melancolia e saudade, retrospectivas de um passado recente, onde ambos, Danielle e James, se arrastam. É um melodrama, que se perde ali entre ambições maiores, incoerências e confrontos de fé. Os diálogos são, de igual modo, superficiais. As coisas não resultaram bem. A fotografia tem interesse, e o filme deve ser interpretado, por nós, desde essa perspectiva panorâmica. O resto é que falha, tal como o fim, que vem já na sequência de um tanto de mau: é confuso e estranhíssimo. Até este Submergence merecia algo mais digno.

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