A Guerra Civil Libanesa arrastou-se por anos. O país, ínfimo, com pouco mais de dez mil quilómetros quadrados, congrega várias minorias religiosas, com predominância por cristãos e muçulmanos. É o país com a maior diversidade religiosa do Médio Oriente. Como se calcula, os confrontos vêm-se sucedendo. O último, de grandes proporções, teve lugar em 2006. A instabilidade político-social persegue o Líbano, à semelhança do que acontece, com maior ou menor visibilidade, nos seus países vizinhos.
É neste contexto que começa Beirut, em 1972, quando um diplomata norte-americano, durante uma festa de recepção a um congressista, vê a sua casa invadida por um grupo de rebeldes islâmicos. Durante o tiroteio, a sua mulher é atingida por uma bala perdida, perecendo-lhe nos braços. Mason Skiles, o diplomata, sai do Líbano e tenta reconstruir a vida, montando uma firma com alguns sócios, até que é convidado, dez anos depois, em 1982, a regressar ao Líbano, a Beirute, para mediar uma difícil troca de reféns. A princípio desconfiado por ter sido escolhido, vem a entender o porquê de apenas ele poder ser o mediador naquela situação. A sua vida cruza-se com a de um dos sequestradores.
Um típico filme de acção e suspense, como depreenderão. Eu gostei, sobretudo por ser ambientado na década de 80 e por discorrer sobre factos históricos. No final, o herói americano ganha sempre, e sobressaindo enquanto justiceiro que repõe a ordem e faz justiça. Em todo o caso, os actores têm um desempenho positivo e o filme, em si, é francamente bom. Atordoa um pouco, devo dizer, ver as diferenças entre a Beirute de 1972 e a de 1982, completamente dizimada, no meio do colapso social total. Edifícios e infraestruturas destruídos, com milícias cristãs e muçulmanas tendo o controlo sobre a cidade, cada uma na sua zona de influência. Isto quando o Líbano, antes da guerra civil que se prolongou até 1990, ser uma pequena Suíça na região. Uma vez mais, a agenda americana a semear o caos, a estar por detrás de conflitos intermináveis que acarretam a perda de milhares e milhares de vida humanas civis e a paralisação total da economia de um determinado território.
A cena final, com a star-spangled banner ondulando, vitoriosa, no que parece ser uma base dos EUA, é a confirmação inequívoca de que aquele filme é, e pretende ser, uma visão americana sobre a guerra civil do Líbano. Prescindia-se bem dela, da cena, bastante desapropriada, numa estória em que não há vencidos e nem vencedores. Aliás, há uma vencedora, sim: a guerra. Décadas depois, é substantivo que o Médio Oriente continua a conhecer tão bem.
A história se repete ... os homens não aprendem nada ... a vida segue ...
ResponderEliminarÉ um conflito interminável. A religião no gérmen de tudo.
EliminarFiquei curioso com o filme
ResponderEliminarAbraço amigo
Vai vê-lo. :)
Eliminarum abraço.
Este filme não o vi, mas, há anos atrás (mais de dez), vi um filme que me encantou, e que, igualmente, se passava em Beirute: Caramel.
ResponderEliminarGostei imenso do filme, que revisitei alguns anos mais tarde, numa sessão passada na televisão.
Fiquei, na altura, cheio de vontade de viajar até Beirute ... mas só fiquei com o desejo, pois nunca se concretizou.
Este filme, de que aqui deixa a referência, despertou-me a curiosidade, irei tentar "pescá-lo".
Um bom final de semana
Manel
E eu irei tentar "pescar" esse que o Manel referiu. :)
EliminarUm bom final de semana.