Como a vida altera todas as certezas. Dei numa de cinéfilo. Em quatro publicações consecutivas, três dizem respeito às minhas estreias cinematográficas. No Dia de São Valentim, e antes que julguem que fui acompanhado (que fui, em verdade, na minha companhia), decidi assistir ao Moonlight, o derradeiro filme que suscitou o meu interesse numa fase posterior (quero ver o Jackie, que já circula pelas salas).
Se Silence nos reporta a uma realidade que não é contemporânea, se La La Land é um musical que nos leva a um mundo de fantasia, Moonlight mostra-nos a vida tal qual ela é, crua, dura, sofrida. Acompanhamos três fases de Chiron, Little, Black, desde a infância, passando pela adolescência e terminando enquanto jovem adulto. Sem querer desvendar o conteúdo do filme, as vivências de Chiron confundem-se com as de milhões de jovens: a disfuncionalidade, a ambiguidade, as primeiras descobertas, os assomos de violência juvenil... Não há, em si, uma inovação. O filme é bom, é, mas não é um inédito. Há temas que são caros a Hollywood. O universo da desagregação dos lares e dos valores é um deles.
Moonlight é uma história trágica, sem adornos e delongas. É a procura do eu, de uma identidade, de uma trajectória, entre o caos, o interior e o provocado. O que a torna particularmente interessante prende-se às personagens envolvidas, ao submundo que as rodeia e às suas idiossincrasias, e a uma sexualidade que nos chega através de terceiros, num primeiro momento, mas que não senti que fosse o drama na vida de Chiron, não o maior dos que o acometeram até se tornar homem. Gostei do traço de candura que o envolve desde pequeno, o que se verifica designadamente no final, que, em suma, conjuga a percepção de que não se superou, quando confrontado com as suas escolhas, e a ânsia por um conforto qualquer, um abrigo.
Não pude assistir a todos os nomeados ao Oscar de Melhor Filme; sei, entretanto, que La La Land é o grande favorito. A Academia tem certa tendência por argumentos que propaguem uma mensagem positiva, seja ela qual for. Moonlight não tem diálogos de ouro ou cenários idílicos; é um filme de negros, dos recônditos sinistros daquela América que não convém conhecer, e deixa-nos no incerto.
Para repetir.
Gostei do filme, muito.
ResponderEliminarE gosto tanto de ler o que tu escreves.
Um forte abraço
P.
Também gostei muito do filme.
EliminarObrigado, P. Sabes, não quis ler o artigo que me passaste. Quando opto por ver um filme, procuro saber o menos possível. Neste, no 'Moonlight', fui surpreendido. Jamais poderia imaginar aquele desenvolvimento na praia...
um abraço grande.
Gostei muito deste filme e sua resenha ficou portentosa. Parabéns ...
ResponderEliminarBeijão
Obrigado, Paulo.
Eliminarum grande abraço!
Gostei muito do filme. Achei-o raro, precioso, delicado
ResponderEliminarEu também, e os actores saíram-se bem, sobretudo Mahershala Ali.
EliminarNão gostei da parte de ires sozinho, poderias ter convidado :P
ResponderEliminarehehehehhehehehehehe
Fiquei curioso
Grande abraço amigo
Eu quis passar o dia sozinho. :)
EliminarVai ver, que estou seguro de que gostarás.
um grande abraço.
gostei muito, tanto como o Manchester by the sea, com a devidas diferenças.
ResponderEliminarbjs.
Ah, também viste? :) Tenho de ver se arranjo maneira de ver esse.
Eliminarum beijinho.
Ainda não vi, mas se já vontade tinha de o ver, depois de te ler, mais vontade fiquei! ^^
ResponderEliminarE que bom descobrires os prazeres de ver filmes! ;)
Ainda bem. :)
EliminarPois é, e daqui a uns dias vou de novo. :)
Este ainda não vi e tenho curiosidade no mesmo. A critica do Mark fez crescer a vontade de o visualizar ainda no cinema.
ResponderEliminarVeja, Magg, vai gostar. :)
Eliminarum beijinho.
Oi!
ResponderEliminarO La La qualquer-coisa não me entusiasma mas, este, sim! =)
Beijinhos e porta-te mal!! ;)
Oh, e até sei o motivo que te leva a gostar deste. :)
Eliminarum abraço!
Espero conseguir o ver este semana:)
ResponderEliminarDepois diz o que achaste, nem que seja por aqui mesmo, num comentário. :)
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