Passei pela faculdade. Um dos anfiteatros, vazio, serviu de refúgio. Por instantes, recordei-me dos anos anteriores, nestes meses de provas escritas e de orais. Visitas à biblioteca eram inevitáveis, conquanto preferisse estudar em casa.
De sempre senti uma atracção por espaços sem gente, escuros. Corredores vazios entre portas mal fechadas. Salas frias, desabitadas, cheirando ainda à madeira do soalho. Ouvir os meus passos, de costas voltadas para um mundo que evito quando posso. Tendo a Björk por companhia, detive-me por lá. Aproveitei e meti algumas aplicações em dia. Não sou chegado a tecnologia. Engraçado que, em criança, estava na vanguarda do que ia saindo. Escolhia os cantos mais sossegados para tirar as minhas consolas e ficar a jogar. Nada emprestava. Via a mãe em cada brinquedo que me ofertava. Estimá-los era como mantê-la junto a mim. Passá-los a outrem seria ceder o seu amor a mãos alheias, expô-lo ao perigo, à deterioração.
Numa das investidas ao mundo comum, cruzei-me com o rapaz com quem troquei olhares ao longo do semestre. Estava com a tradicional pasta castanha na mão, a barba aparada pelo traçado do queixo, como faço, e a falar ao telemóvel com um sorriso leve no rosto. A postura própria de quem não tem um intelecto que o atormenta com insistência.
Tirei um leite com chocolate na máquina de bebidas.
Quis que me chamasse, muito embora não saiba o meu nome, como não sei o seu.
De novo, eram vidros o que me rodeava. Que comprimiam o meu vazio. E nem a luz que os atravessava conseguiu encontrar-me.
Quis que me chamasse, muito embora não saiba o meu nome, como não sei o seu.
De novo, eram vidros o que me rodeava. Que comprimiam o meu vazio. E nem a luz que os atravessava conseguiu encontrar-me.
Costumo brincar que há dias que gosto de "ver" o mundo... e assim, fico em algum canto, olhando o vai e vem ou muitas vezes em algum lugar tranquilo a [tentar] os pensamentos...
ResponderEliminarNão sei, fiquei pensando que as vezes precisamos dar uma mãozinha às coisas, quem sabe se deres um passo para o lado, essa luz não te encontra?! Também pode ser uma questão "de tempo", no tempo certo ela vai virando e quem sabe chega até você. Divagações! ;-)
Grande abraço!
Aguardo o tempo que trará as respostas às dúvidas e, se não for pedir muito, as soluções para os problemas.
Eliminarum abraço grande, Latinha.
Então e não lhe piscavas o olho ? =P
ResponderEliminarNão. Um dia até reagi mal, com uma expressão de desagrado / brusca. Mas queria que me chamasse.
EliminarQuase um poema a parte final do texto.
ResponderEliminarSe o é, nem percebi.
EliminarPoema não será, mas algo literário, sem dúvida. Profundo e bonito, como tu. ^^
EliminarAbraço :3
João, muito obrigado. :)
Eliminarum abraço.
Podias o ter convidado para um chocolate quente, com o que frio que está lol
ResponderEliminarBrrrrrrr
eeheheheheh
Tantos cenários hipotéticos.
EliminarNão deixes que o tempo passe, como fiz.
ResponderEliminarO texto está lindíssimo.
Grande abraço,
Paulo
Nunca é tarde, Paulo.
Eliminar(Eu a aconselhar, até parece...)
um abraço grande!
Ai! o Mark está a ser tocado pela irresistibilidade da atração humana. :D
ResponderEliminar(fica mal dizer pelo amor, nessa fase)
Diria mais tocado pela desoladora sensação de solidão.
EliminarOlha, aí está uma boa forma de deixares de ser solitário. E não, não estou a falar de sexo. Como diz o nosso querido Francisco, "um café não mata nem compromete" ;)
EliminarTonto. :)
EliminarMark! Tudo bom contigo?
ResponderEliminarNo inverno da alma o frio é de doer... A Bjork é uma boa companhia : )
Abração.
Olá, Ti@go. Cá vou indo. Espero que esteja tudo bem contigo.
EliminarExcelente companhia. :)
abraço grande.
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ResponderEliminarGosto de espaços vazios, sombrios, silenciosos. São um desafio à mente, ao intelecto. Nessas alturas sinto que nunca estou sozinho, com aquela estranha sensação que estou a ser observado. A física explica que não existe vazio, ele é ocupado por partes celulares. Eu estou nelas e elas em mim. Mas não é isso que me amedronta, nesses silêncios, parece que os nossos arquivos ficam mais sensíveis, complexos radares perscrutando o universo que me rodeia. Ás vezes acontecem coisas boas, outras nem tanto. Nesta altura de frio, sabe sempre bem ter por perto uma máquina de chocolate quente servido por um anjo...
Somos dois a apreciar os espaços sombrios. Pois é, às vezes também sinto que estou a ser observado. Quem sabe o esteja...
EliminarNão acredito em anjos na Terra. Só anjos caídos. :)
Recordar é viver....
ResponderEliminarSempre que passo em frente da faculdade em que estudei, sempre lembro de algum acontecimento vivido.
Tudo passou muito rápido.
Abraços!
É verdade. Também senti que os quatro anos da licenciatura passaram depressa. Bom, eu estava fartinho.
Eliminarabraço!
Tens que arranjar um pretexto e falar com ele :)
ResponderEliminarabc
Saúdo-o. :) Ele também o pode fazer.
Eliminarum abraço.
Um saco isso, ter tudo nas mãos, ter a chance e "faltar coragem" ... já passei por isso tantas vezes ... pois, crie coragem e faça o que deve ser feito, rs..
ResponderEliminarhttp://suckitmydick.blogspot.com.br/
No meu caso não se trata de "falta de coragem". Por nenhum momento quis chamá-lo ou interpelá-lo. Apenas quis que fosse ele a chamar-me. Não tenciono abordá-lo.
EliminarBem, que blogue pesado, hahah. Fui espreitar.
Com exceção da Bjork, somos muito parecidos... Rs. Também penso, às vezes, em ser abordado, mas nunca passa pela minha cabeça em abordar outra pessoa.
ResponderEliminarAbraço!
A Björk é um bálsamo. Tem uma voz especial e gosto daquele ar freak. É estranha.
EliminarNão é? Ser abordado é muito melhor do que abordar. Nunca abordo... seja no que for. :)
um grande abraço!
Markzinho às vezes temos de correr riscos e dar um passinho à frente. Quem sabe o rapaz também não esteja a espera que o chames.
ResponderEliminarMete conversa, o pior que pode acontecer é nada acontecer.
Abraço ;)
Sim, é verdade. Talvez ele espere o mesmo, sabe-se lá.
Eliminarum grande abraço, amigo Rúben.