Passei o Natal tranquilamente, entre diálogos e alguns sorrisos, sinceros. Sendo três, nem por isso descurámos a ornamentação da mesa. A mãe teve o cuidado de comprar os doces habituais, que prontamente dispersámos pela sala de jantar.
O meu irmão chegou perto da hora da consoada, já o aguardávamos com impaciência. Gosto de o ver. Admiro a sua agilidade de raciocínio, o sentido prático. Vinha com três grandes caixas na mão e dois sacos na outra. Fiquei tão alegre ao vê-lo entrar por aquela porta, despir o casaco, jogá-lo inconscientemente, abraçar-me e à mãe cheio de carinho. Pediu-me para que tirasse os dois embrulhos dos sacos e os colocasse na árvore.
Como se aqui não tivesse morado, tece observações sobre isto e aquilo, tal um hóspede íntimo. Torna-se caricato e engraçado. A mãe fica sempre entusiasmada quando o vê. O regresso do seu menino. Um amor que transborda olhares, gestos. Relacionado com o seu pai. Há qualquer coisa mal resolvida com aquele relacionamento relâmpago que deu um fruto, o melhor do pomar da mãe, digo-o eu.
Depois do jantar, polvo cozido com legumes, abrimos uma garrafa de licor e até fiz um brinde. Ao momento, não ao futuro. Os sonhos, esses, expiraram algures. Não retive na memória. Entretanto, comi dois.
À meia-noite, poucos minutos a mais contava o relógio, abrimos os presentes. Oito embrulhos. Dois da mãe e dois do meu irmão, e cada um deles recebeu dois presentes, um de cada. A mãe ofereceu-me um telemóvel novo, com aplicações que nunca tinha visto. Recebi um perfume, também. Do meu irmão recebi um livro com citações do Nietzsche, que a juntar ao que comprei perfaz dois livros para mim, e uma gravata. Prescindia de tudo aquilo apenas pela companhia, pelas horas tão reconfortantes. Senti-me protegido, de um modo que não sentia há muito. Eles estavam ali, éramos uma família.
Ficou por cá. Deitei-me sobre a colcha da sua cama de solteiro, e falámos, falámos.
A madrugada dormiu tarde.
Ainda bem que foi uma boa noite de natal :)
ResponderEliminarEu não passei a minha com todos os que queria ter passado, mas foi igualmente em família.
Não sabia que tinhas um irmão. Achei giro :)
Há muito que não me sentia tão bem. Pena que acabou no dia seguinte... ):
EliminarNão tenho irmãos. Tenho meios-irmãos. :) De pai e mãe, sou único.
Família é sem dúvida algo maravilhoso.
ResponderEliminarSim.
Eliminar«...o melhor do pomar da mãe, digo-o eu.»
ResponderEliminar...
O curioso é que. nas tuas palavras, julgo perceber uma aceitação bem resolvida, se bem que não desprovida de uma certa dose de melancolia.
Não sei - não passei pela experiência - se é pacífico para uma mãe estabelecer preferências em relação aos filhos. Talvez seja inevitável. As mães, por muito que as possamos exaltar, não deixam de ser humanas. Creio, contudo - como uma vez me disseste - que, num relacionamento estável, nada se lhes compara no que se refere ao que podemos considerar a sublimação do amor.
No final, a ideia que transmites é mesmo a de protecção: a família; o deitares-te sobre a colcha da cama de solteiro do teu irmão; o adormecer ao lado da madrugada...! :)
Sem dúvida alguma. É o menino dela, e o meu, pese embora seja oito anos mais velho do que eu. :)
EliminarSerei injusto quando refiro que ele é o seu filho predilecto; injusto na medida em que a mãe nunca fez qualquer tipo de distinção entre os seus filhos. Contudo, sinto que há ali um brilhozinho especial... quem sabe se devido ao facto de não estar com ele todos os dias, ainda que conversem por telefone e estejam juntos todas as semanas.
Eu careço muito de protecção, de me sentir amado e protegido. É uma carência qualquer. :)
Essa protecção e o conforto que se sente junto dos nossos vale todos os bens materiais que podemos receber na noite de natal. :)
ResponderEliminarBeijinhos :)
Certamente, imprópria.
Eliminarum beijinho grande!! :)
Que Bela Noite de Natal
ResponderEliminar:)
Abraço amigo
Concordo contigo. E tive um momento feliz, yay! :)
Eliminarum abraço.
O "reencontro" com o teu irmão foi muito bonito.
ResponderEliminarEu adoro-o.
EliminarNatal passado no calor da familia :):):):)
ResponderEliminarSim. :)
EliminarFamilia é tudo!
ResponderEliminarSucessos em 2015.
Abraços!
Muito obrigado, Ro. Em dobro para ti. :)
Eliminarum abraço!!
Olá meu amigo,
ResponderEliminarGostava de ter passado aqui antes do Natal, mas acabei absorvido pelos preparativos de uma viagem e depois fiquei "ilhado", shame on me! Mas pelo menos vejo que meu pensamento para que meus amigos tivessem uma noite muito especial foi atendido no teu caso!
Também passo o Natal em família, um dos motivos do "enrolamento" todo, foi justamente porque minha irmã caçula não poderia vir esse ano (pois teve o bebê a pouco tempo), então fomos todos para lá... A certa altura, já no dia 25, nos demos conta que estavamos todos ao redor de uma mesa simples, na cozinha, como faziamos quando pequenos... foi um momento bom!
Amigo, fico feliz em saber que teve uma noite especial... gostaria que esse clima e espírito reinassem no teu ano de 2015!
Um grande abraço! Léo.
Olá, Léo!
EliminarBom te "ler". Fico feliz por saber que passaste uma consoada e um dia de Natal tranquilos e plenos de harmonia familiar. É, sem dúvida, o mais importante.
Muito obrigado pelos teus votos, que retribuo em dobro a ti.
um abraço graaaande. :)
Awwww, que bela noite de Natal que tu tiveste!
ResponderEliminarFiquei mesmo feliz e enternecido por ti, Mark! :)
Abraço terno :3
Passou-se bem. :)
Eliminarum abração!
E que bom seria que também os outros dias fossem como esta noite de natal. Ou pelo menos um dia da semana. Sentir a família ou uma família. Como entendo... E então agora que família não há? Sim, porque apesar de todas as vicissitudes, decidi quebrar laços com grande parte dos falsos e impostores da família do meu pai. Não há paciência para quem nunca o visitou durante a doença, mesmo antes da demência, quando não fazia impressão vê-lo e a mim, em criança, nunca transmitiu qualquer afeto. Sorry, já estou a fazer do cometário "correio sentimental" mas creio que ambos entendemos essa noção de família.
ResponderEliminarAbraço.
Claro, Paulo. Eu penso exactamente assim. Não temos de nos relacionar com todos os familiares por imposição dos laços de parentesco. Há familiares que gostamos, há familiares que não gostamos, como em tudo na vida e como com todas as pessoas com as quais nos relacionamos. Eu mesmo tenho pessoas na família que passava muito bem sem elas, sobretudo no lado paterno.
Eliminarum abraço.