15 de dezembro de 2012

A Love to Hide


   Um dos períodos que mais suscita a minha curiosidade - e revolta - é, sem dúvida, o período da Alemanha nazi. Incompreensivelmente, no século XX, a humanidade deu o maior passo em falso de sempre, retrocedendo às épocas mais primitivas e selváticas.
   Como se sabe, além das tradicionais vítimas do nacional-socialismo alemão, onde se incluem judeus, testemunhas de Jeová, ciganos, eslavos, dissidentes políticos, deficientes físicos e mentais, também milhares de homossexuais foram presos e posteriormente enviados para reeducação nos campos de concentração, sendo que muitos lá pereciam, bem como nos campos de extermínio, estes directamente vocacionados para a eliminação de seres humanos. As sevícias a que estavam sujeitos eram variadas, desde tratamentos hormonais até às famosas lobotomias (que, curiosamente, estariam na base da atribuição do Prémio Nobel da Medicina a Egas Moniz - médico português - mais um período negro da história da Medicina).

   O filme que vi, ontem, aborda precisamente essa realidade dura e crua. Um casal homossexual separado pela impiedade nazi, assim como aspectos do contexto familiar que dão que pensar...
   Comoveu-me, sobretudo porque tem cenas particularmente violentas e chocantes.
  De referir que apenas há poucos anos foi feita justiça em relação à comunidade homossexual. Após a rendição alemã, as leis homofóbicas continuaram em vigor e os homossexuais que haviam sobrevivido aos campos da morte foram transferidos para prisões, de forma a que cumprissem as suas penas. Durante décadas, o mundo recusou-se a reconhecer os homossexuais como vítimas irrefutáveis do nazismo, querela de si ultrapassada, felizmente.
   Tudo se passou em França. A lei que incriminava a homossexualidade, na França, seria abolida somente em 1981.




Deixo-vos o filme completo.

13 comentários:

  1. Um período negro, sem dúvida.
    Abraço

    ResponderEliminar
  2. Mark, agradeço-te imenso por teres colocado este filme aqui.
    Vi-o até ao fim e emocionei-me. Emocionei-me com uma realidade não tão longínqua como pensamos. A história está cheia destes momentos negros do ser humano. O que me assusta é que na minha ideia a história é uma repetição de eventos. Basta pensar na liberdade da Grécia/Roma Antiga, seguida pelo fechar das mentes, feito pelo Cristianismo. A Inquisição e mais tarde o Nazismo foram manchas na nossa evolução.
    Não sei o que traz o futuro, não sei o que será a homossexualidade daqui a um século. Mas espero que evoluamos, como um ser racional e civilizado que somos.

    ResponderEliminar
  3. sad: As feridas ainda doem. :|

    abraço :3


    Lobo: Concordo com cada palavra do que escreveste... Oh, são coisas que penso e digo frequentemente. Olho para o surgimento do Cristianismo e vejo o moralismo a impor-se por séculos e séculos... Os clássicos eram tão liberais! :|
    A Inquisição e o Nazismo são períodos do mais negro que o ser humano pôde criar.
    Descobri ontem o filme e, acredita, tenho estado o dia todo com as imagens que vi na mente. Marcou-me.

    abraço :3

    ResponderEliminar
  4. Mark
    como deves saber sou um apaixonado do cinema de temática gay, tendo uma colecção vasta e variada sobre o tema.
    Logo há vários filmes sobre este assunto da homossexualidade no tempo da 2ªGG e este filme, cujo nome para mim é "Un Amour à Taire" é um dos muitos que por aqui tenho mas que ainda não vi. Sei que é bom, e irei vê-lo em breve; como o tenho gravado num CD room, posso vê-lo na Tv.
    Mas recomendo-te dois outros sobre este tema: "Bent" e "Paragraph 175"; absolutamente imperdíveis.

    ResponderEliminar
  5. João: Sim, eu sei. És um aficionado por cinema LGBT - e bem.
    Vê sim. Aposto que vais gostar. Eu fiquei imediatamente preso à história. É tão triste...
    Obrigado pelas recomendações! Tomei nota!

    abraço :3

    ResponderEliminar
  6. Olá é a primeira vez que passo pelo teu blog e desde já agradeço-te este post.
    Eu também sou um fascinado por este período da história. Infelizmente a história do filme é muito triste, mas foi uma realidade, e em alguns países continua ainda a ser, como na Mauritânia, Arábia Saudita, Sudão, Irão, Iémen e mais recentemente Uganda onde existe pena de morte para homosexuais. Todavia, esta realidade não se prende apenas a questões religiosas. Parte também de questões políticas, exemplo disto, e muito infeliz por sinal, é uma proposta de lei que foi aprovada à duas semanas pelo Congresso Brasileiro, cujo projeto visa permitir que profissionais da Psicologia “curem” homossexuais de sua orientação sexual. Neste momento o Brasil deve ser dos países onde mais homofobia existe com consentimento da sociedade. Todas as semanas morrem homosexuais agredidos nas ruas.

    Penso que nunca é demais lembrar estas temáticas, até por uma questão de educação social.

    Um abraço

    ResponderEliminar
  7. vou ver o filme que não conhecia :)

    quanto à segunda guerra mundial, mais uma vez o ser humano no seu melhor(pior)...

    abraço :3

    ResponderEliminar
  8. #o meu eu aprisionado: Desde já, obrigado pela tua visita. :)

    De facto, a religião e a política estão sempre por detrás destes actos abomináveis. No caso do Nazismo, a ideologia política; no caso da Inquisição, a religião.
    A situação dos homossexuais nos países islâmicos é muito precária e acho que é chegada a altura de se fazer alguma coisa. Nesses países não há qualquer separação entre o Estado e a religião islâmica.
    Não fazia a menor ideia dessa proposta de lei no Brasil! :O A verificar-se - o que muito me admira - será um retrocesso terrível, embora se saiba o poder das bancadas religiosas no Congresso brasileiro...

    Obrigado pela tua opinião!

    abraço :3


    Francisco: No seu pior... no seu pior... :(

    abraço :3

    ResponderEliminar
  9. Lindo. Gostei muito.

    ResponderEliminar
  10. Fiquei muito curioso e vou vê-lo com calma agora que vou entrar de férias.
    Depois comento.
    Abraço Mark. =)

    ResponderEliminar
  11. Arrakis: É um filme óptimo e aborda o Nazismo de um ponto de vista até há pouco tempo não abordado: a "reeducação" compulsiva de homossexuais nos campos de concentração. Tem também uma componente familiar que não se pode negligenciar.
    Tenho a certeza de que vais gostar. :)

    abraço :3

    ResponderEliminar
  12. Também sinto algum fascínio negro pela 2ªGM, e de como foi possível uma sociedade supostamente avançada e que já tinha passado por uma guerra mundial voltar a entrar num conflito desta natureza e com este nível de antissemitismo. Quando voltares a Berlim, não percas o museu Topographie des Terrors, na antiga sede da Gestapo.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Foi realmente aterradora. A Alemanha por detrás de duas das maiores tragédias de sempre, a I e a II Guerras Mundiais. A II foi uma inevitabilidade da I. Jamais a Alemanha poderia suportar a humilhação que se seguiu ao armistício... A SDN (Sociedade das Nações) falhou totalmente nos seus propósitos. :|

      Ok, coelhinho, obrigado pela dica. :)

      Eliminar