Eles gostam de furos no horário; eu não. Gostam porque vão até ao bar da faculdade discorrer sobre vários temas, desde os mais sérios aos mais fúteis, e eu só iria para beber algum sumo. Seria um bom desafio, não conhecesse eu todos os sumos da gama B!. Para mais, não há sabor "frutos dos bosques" na faculdade.
Hoje, os planos saíram-lhes frustrados. Tivemos, finalmente, a aula prática de D. da União Europeia. Entusiasticamente, comecei o semestre admitindo, para os meus botões: "É desta que a professora-regente me convence de que a União Europeia é uma "coisa" boa!", mas, afinal, só me conseguiu - até agora - deixar com uma imagem pior do que aquela que já tinha. Sem qualquer demérito da sua parte que, verdade seja dita, é uma excelente professora.
Quando o professor-assistente entrou na sala, senti os murmúrios exaltados de algumas colegas. Oh, big deal, é giro! Seriam capazes de viajar pelo mais ínfimo e longínquo país eurocomunitário só para poder desfrutar da sua companhia. Desde logo me incomodou a incapacidade de verem algo mais para além da primeira impressão.
Indiferentemente, tirei o meu dossier e prontamente escrevi o nome do professor e o seu email.
Será um homem na casa dos trinta. Estatura média, simpático e culto. Ao contrário das minhas colegas, superficiais, vi nele bem mais do que aquele charme indiscutível. Vi um desafio. Terá a capacidade, pela qualidade das suas aulas, de me tirar alguma da má imagem que tenho da U.E?
Evidentemente, para o final da aula, eu já esboçava alguns sorrisos. A sua simpatia cativou-me. E, honestamente, comparo-o aos B! de que tanto gosto. Se é verdade que todos os sabores são bons, nem todos o serão como o de frutos dos bosques...