23 de janeiro de 2012

Inexoráveis momentos em um momento.


 Vejo-me na penumbra de um olhar. Questiono se aquela íris, esverdeada, vem de encontro ao meu sinal.
 Subtil, como quando uma gaivota atravessa um céu de maresia. Evito-me a todo o instante, evito as forças que, irresistivelmente, me prendem a ti. Quando as noites e os dias se confundem, o sentimento é o mesmo.
 Não quis tombar ante o desespero. Pensei em ser forte, pensei que após longas voltas nos ponteiros do relógio, tudo ficaria bem.
 Tacitamente, vi-me só. Como é dura a existência num meio sombrio. Se todas aquelas pessoas soubessem o que senti, teriam vindo ter ao meu encontro. Olhar em redor de pouco adiantaria. Não, não quis o pesar, não quis o olhar dolente que só me traria mais constrangimento. Pensamos - pensei - que me bastava a todo o momento.
 Pensei, afinal, em contar o tempo. Contando-o, segundos, minutos, horas, a leveza da passagem tornar-se-ia real. Esqueci-me, todavia, de que o tempo não se conta. O esquecimento fora evitável porque, quando me apercebi, a hora tinha chegado.


6 comentários:

  1. Mark,
    pelo menos tenta.
    Não resistas!!! É que, sem dúvida "a existência num meio sombrio" é deveras dura. Muito dura, mesmo.
    Força.
    Abraço

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  2. O "meio sombrio" a que me refiro são os nossos medos, medos que todos temos.

    ^^

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  3. Adorei a maneira da tua escrita.

    Flores.

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  4. Quer este quer o post anterior estão muitíssimo bem escritos. Gosto quando pomos alma e sentimento na sinceridade do dizer. Vou explorar melhor o teu blog e ainda bem que te encontrei.

    Abração

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  5. O tempo, sempre o tempo...
    Claro que o tempo se conta e por vezes custa imenso a contar.
    Por isso, e tu ainda estás a tempo, apressa-te que o tempo voa e por vezes não volta mais.

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  6. já te disse que escreves maravilhosamente, mas o poeta que há em ti precisaria talvez da coragem de enfrentar o mundo e o tempo. Eles têm que avançar ao nosso compasso, ao ritmo do nosso próprio verso. Somos novos demais para nos deixarmos ser tácitos:-)

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